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Crônica: O politico e a galinha


Não sou especialista em coisa nenhuma. Mas observando como leigo, noto uma pequena diferença entre a galinha quando anuncia o ovo e o político quando quer tornar pública uma ação, divulgar um feito ou uma obra.

Comecemos pelo político, cujo processo é mais complexo. Ele chama o secretariado assim que concebe o projeto e providencia logo uma reunião.

Aprovado o projeto, ele procura os meios de comunicação para divulgar o acontecimento, normalmente cercado por correligionários e auxiliares.

Promove um megaevento para lançar a pedra fundamental ou festejar a alocação de recursos, debaixo de estrondoso foguetório e muita falação.

A inauguração, depois de alguns adiamentos, é realizada com muitas autoridades presentes, e na maioria das vezes, a obra nem está pronta.

Aí, chovem explicações sobre o que está faltando ou deixou de ser feito, que a verba não foi liberada, todo tipo de desculpa, numa demonstração de total desrespeito com quem financiou e precisa da obra – o cidadão -.

E o mais grave acontece quando muda de governo. O sucessor, por questão de vaidade (qualidade inata aos políticos) ou por ser de outro partido, esquece aquela obra e ponto final. O que foi gasto, normalmente mais do que o previsto, escorre pelo ralo do descaso, numa prova de irresponsabilidade e de falta de zelo com a coisa pública.

Acho que agora, já deu para entender onde está a grande diferença entre o animal político e a galinha. É justamente no momento de anunciar.


Enquanto o político anuncia muito antes de iniciar a obra, a galinha, ao contrário, só faz a sua propaganda depois da obra pronta. Aí ela sai correndo pelo terreiro de asas abertas, fazendo aquele tradicional cocoricó para anunciar que acabou de realizar a sua tarefa, botar mais um ovo.

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