Em mais de
15 anos, Goiás mudou muito. Marconi Perillo (PSDB) mudou. O eleitor, também. O
maior veículo de comunicação que sempre carregou a imagem do governador por
todos os cantos de Goiás sempre foi o boca-a-boca. Gasto com publicidade
funcionavam como o toque avassalador.
Um exército
de auxiliares, apoiadores, admiradores e puxa-sacos faziam com que ele fosse
representado e exaltado inclusive em festas de casamento na roça, de norte a
sul, leste a oeste.
São muitas
as histórias de prestativos representantes brigando, nestas festas e em eventos
públicos no interior, para ser apontado como ‘o’ representante. Isso era sinal
de prestígio local e portas abertas na Capital.
Esses
representantes compunham mesas oficiais, eram anunciados com pompa e tinham o
privilégio de discursar por último, ainda que um prefeito, secretário, senador
ou senadora estivessem presentes.
Compunha
este exército um grupo de inestimáveis voluntários: os funcionários públicos.
Não há um município sem um, dez, centenas, até. Um exército a levar uma
mensagem testemunhal forte, que pressupunha defesa do líder e afirmação de
valores e virtudes de um ‘tempo novo’ – símbolo do marconismo – igualmente
inestimável, em termos de expectativa.
Também eram
fortes os reflexos de programas modernos, como o Bolsa Universitária e o Renda
Cidadã, dando mais dignidade a quem tinha quase que mendigar pão e leite.
Três
governos depois, cerca de 11 anos como governador, 16 anos de poder e aos 51 de
vida, Marconi Perillo não é mais o mesmo que venceu a eleição aos 35 anos. E as
pesquisas mostram que a recíproca, por parte do eleitor, é igual: mudou.
A queda de
braço com setores fortes do funcionalismo público, como professores e policiais
(civis e militares), mostra que esse exército pode não estar tão motivado a ir
à guerra de novo, a seu favor, como antes. É evidente, em outra ponta, a falta
de motivação de outros velhos companheiros de guerra: os seus próprios
auxiliares.
Antes, não
faltava quem estivesse disposto a discursar, dar entrevista ou se expor na
defesa do chefe. Hoje, as recusas de entrevistas, o silêncio de muitos
marconistas e a economia na disposição de ‘brigar’ pelo governador, mostram que
estão todos cansados de guerra.
Antes,
conversar com um marconista, tentar argumentar contra a infalibilidade do
tucano, era uma batalha inglória. Hoje, o que se ouve do interlocutor, a
qualquer provocação é... silêncio, cabeça baixa, olhar distante.
Não há
certeza da vitória na reeleição. Há dúvida sobre o futuro do marconismo entre
os próprios marconistas. Parece haver até em Marconi, que não passa firmeza
quando trata, com sua equipe mais próxima, de candidatura em outubro.
O efeito
disso é eleitoral, mas está se mostrando principalmente administrativo. O
governo Marconi Perillo cada dia mais se parece com o fim de um governo. Falta
fazer o teste do cafezinho. Está quente?
Talvez este
seja o principal desafio do governador de agora em diante: mais do que lutar
pela reeleição, garantir que não ficará sozinho – no governo e numa eventual
campanha.
Os
auxiliares do governador reclamam que ele ora está motivado, ora desmotivado.
Ora é candidato, ora definitivamente não é mais. Isso contamina quem já está
contaminado pela incerteza, a insegurança.
O abalo na
imagem do tucano, portanto, ocorre mais de dentro (do governo) para fora. Seu
maior adversário é ele mesmo. A oposição até tem sido condescendente. Pouco
ofende. E é previsível.
Ou Marconi
resolve isso, ou é no seu governo que será derrotado primeiro.
Texto de Altair
Tavares
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