“Eu cheguei
no hospital achando que iria tratar uma gripe. Quando falaram que eu teria que
ficar isolado foi um susto muito grande. Deu um desespero”, conta o lutador de
kickboxing, Guilherme Pereira Júlio Braga, de 35 anos, que é um dos casos
suspeitos do novo coronavírus (Covid-19) em Goiás. Além de Guilherme, uma outra
mulher também está em isolamento domiciliar no Estado.
O lutador
explica que apesar de só ter um dia de isolamento ele já está bastante
angustiado. “Eu estou agoniado aqui em casa querendo fazer as coisas. É muito
ruim isso de não poder ir para onde quiser. Ficar preso assim não é vida não”,
explica Guilherme, que mora com a mãe, a esposa e uma filha de apenas sete
meses.
De acordo
com o lutador, o primeiro dia de isolamento foi monótono. “Estou seguindo todos
os protocolos que me passaram. Eu só posso usar o mesmo copo, prato e talher.
Aqui em casa comigo ficou só a minha mãe. Nós dois temos que usar máscara o dia
todo e estou ficando mais no quarto para evitar contato até com ela. Eu não
posso sair, mas ela vai para a rua de vez em quando”, explica.
Para
Guilherme, uma das partes mais complicadas do isolamento tem sido ficar longe
da filha. “Ela é muito apegada em mim. Toda vez que viajo para competir ela
fica doente de saudade. Porém, a recomendação médica foi de que ela ficaria
mais segura longe. Minha esposa foi com ela porque ela ainda mama e também
precisa de alguém para cuidar dela”, afirma o lutador.
Ele, que
acredita veementemente que o resultado do exame para detectar o novo
coronavírus dará negativo, diz que a primeira coisa que quer fazer assim que
puder sair de casa é abraçar a filha. “Quero muito pegar no colo, brincar e
ficar um tempo curtindo ela. Outra coisa que quero fazer logo é voltar a
treinar e trabalhar. Dependo de patrocínio para poder competir e também do meu
trabalho como professor em academias da cidade”, explica.
Guilherme
tem uma competição marcada para o dia 6 de março em Foz do Iguaçu. “Espero
estar bem e livre para poder ir nessa competição. Se não der, estarei me
preparando o máximo possível para um torneio que participarei em abril na
Turquia”, esclarece o lutador, que possui um perfil em um site de contribuição
voluntária para arrecadar dinheiro para viajar para as competições.
Preconceito
O lutador de
kickboxing conta que desde o momento em que ficou isolado no hospital diversos
comentários começaram a surgir na cidade. “Na mesma hora virou uma bagunça no
hospital. Um monte de gente correndo de um lado para o outro. Quando eu ainda
estava lá dentro as pessoas já começaram a falar que eu estava doente. Essa
parte tem sido difícil”, afirma.
Guilherme
diz que toda a cidade está em pânico. “Me contaram que as pessoas estão andando
de máscara na rua. Alguns colegas meus que são professores de academias
disseram que os donos cogitaram até dispensar os alunos. Além disso, as pessoas
ficam inventando muita história de que estou muito doente”, relata.
O lutador
conta que até mesmo a irmã dele foi alvo de preconceito. “O patrão dela a
dispensou do trabalho até saber do resultado do meu exame. Só que desde que
cheguei de viagem ainda não encontrei ela. Queria muito que as pessoas
entendessem que eu ainda não recebi nenhum diagnóstico e ficassem mais calmas”,
diz.
Guilherme
afirma que apesar de estar confiante de que o resultado do exame será negativo,
neste momento de ansiedade está procurando se apegar com Deus. “Sou religioso e
ficou pedindo e orando para Deus o tempo todo pelo resultado negativo. Quero me
ver livre disso logo. Se Deus quiser vai ser só um grande susto”, enfatiza.
Fonte: O
Popular
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