Pelo menos
pelos próximos dez dias, as regiões Norte e Nordeste de Goiás vão continuar
sendo atingidas por um grande volume de chuvas. As fortes precipitações têm
prejudicado as condições de trafegabilidade e deixado moradores ilhados nessas
áreas. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Estudos,
Monitoramento e Previsões Ambientais (Cempa Cerrado) estimam que até 4 de
janeiro de 2022 uma massa de ar com muita umidade que vem da Amazônia vai
continuar atravessando essas regiões.
Segundo o
Inmet, os maiores acumulados de chuvas para os próximos dias vão se concentrar
na parte central do Brasil, incluindo os estados de Goiás, Minas Gerais,
Tocantins e Mato Grosso, além do Distrito Federal. Em áreas pontuais de Goiás e
do Distrito Federal, os acumulados poderão ultrapassar, até o início de
janeiro, 200 milímetros (mm).
Doutor em
Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o
meteorologista do Cempa, Angel Dominguez Chovert confirma a previsão. “Nas
regiões Norte e Nordeste de Goiás os acumulados deverão ficar acima de 100 mm,
devendo duplicar em locais específicos, principalmente na área de fronteira
entre Goiás/Tocantins e Mato Grosso, no Noroeste do estado.” Segundo Angel
Dominguez, a região Leste, entre Goiás e Minas Gerais, também deverá receber um
grande volume de chuvas pelo menos até o dia 4 de janeiro.
O
meteorologista do Cempa explica que há um sistema em níveis mais altos da
atmosfera, denominado Alta Pressão da Bolívia, que favorece o movimento
ascendente do ar. Ao mesmo tempo, um fluxo de ar em níveis mais baixos com
muita umidade, penetra no continente pela região Norte através do Pará e do
Amapá, além do Maranhão, e não consegue atravessar a região montanhosa dos
Andes desviando então o percurso para a região Centro-Oeste e Sudeste do
Brasil.
Com o forte
aquecimento do solo, típico da atual estação de Verão, o ar úmido perto da
superfície e o sistema na altura favorecendo o movimento ascendente do ar,
estão presentes todos os ingredientes para o estabelecimento de um canal de
umidade sobre a região e em particular sobre o estado de Goiás. As chuvas e
tempestades previstas para os próximos dias estarão associadas, em sua maioria,
com esse sistema em particular.
Em
Cavalcante, no Nordeste de Goiás, município ao norte da Chapada dos Veadeiros
onde a prefeitura local decretou esta semana estado de calamidade pública,
comunidades quilombolas têm sentido muito as consequências das chuvas. Várias
famílias perderam casas e lavouras e ficaram isoladas. Nesta quarta-feira (29)
um helicóptero do Corpo de Bombeiros resgatou uma grávida da comunidade do Vão
do Moleque, outras já tinham saído para dar à luz em Cavalcante.
Ajuda
Secretarias
de Alto Paraíso e Cavalcante, em parcerias com entidades do terceiro setor, estão
recebendo doações para os atingidos pelas chuvas em Cavalcante e regiões
próximas. As doações, em especial produtos de higiene, podem ser entregues no
Centro de Atendimento ao Turista (CAT) e ou no Taiuá Ambiental, em São Jorge.
Doações financeiras devem ser direcionadas à Associação Quilombo Kalunga, por
meio do PIX 04 075 938 0001 21.
Em
Niquelândia, uma guarnição do Corpo de Bombeiros se deslocou até a ponte do Rio
São Bento para monitorar a área. Em 24 horas o manancial subiu cerca de 5
metros, entre os povoados do Muquém e do Buriti Alto, obrigando a fixação em
ponto seguro da balsa que faz a travessia e que, pela força da água, tinha
rodado pelo rio. Como muita gente ficou isolada, a corporação está ajudando no
transporte de mantimentos e no transbordo das pessoas.
Para esta
quinta-feira (30), Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do
Estado de Goiás (Cimehgo) prevê um acumulado de chuvas da ordem de 35 mm para a
região Norte do estado. Porangatu, por exemplo, deve receber 25 mm de chuva. Há
poucos dias, em razão das fortes precipitações, a Lagoa Grande, atração da
cidade, transbordou. Jacarés voltaram a ser vistos nas ruas próximas.
Reparo
depende de estiagem
Sobre as
condições de trafegabilidade nas rodovias estaduais das regiões mais afetadas
pelas chuvas nos últimos dias, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes
(Goinfra) informou que mantém equipes de plantão espalhadas por todo o estado
para atender possíveis problemas.
No caso da
GO-118, entre Alto Paraíso de Goiás e Teresina de Goiás, na região do Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros, onde uma erosão surgiu no leito da pista,
obrigando a interdição da rodovia, a Goinfra explicou que pretende melhorar a
trafegabilidade de uma via vicinal entre Cavalcante e Colinas do Sul para que
ela seja utilizada como rota alternativa. Não há previsão para a conclusão das
intervenções da GO-118, o que pode ocorrer em três semanas, mas as obras
dependem das condições climáticas.
Para acessar
a rota alternativa entre Cavalcante e Colinas do Sul, os motoristas devem sair
de Alto Paraíso pela GO-239 e seguir até Colinas do Sul. De lá, acessar a
GO-132 e sair à direita na via vicinal que dá acesso a Cavalcante e aos demais
municípios da região da Chapada dos Veadeiros, como Teresina de Goiás e Monte
Alegre de Goiás.
Na GO-241,
entre Formoso e Santa Tereza de Goiás, onde foi necessária a interdição da
ponte sobre o Rio Santa Tereza em razão do encabeçamento ter cedido, a
orientação da Goinfra é que os motoristas utilizem como desvio o trecho que vai
para Porangatu, seguindo para a cidade de Talismã, no Tocantins, pela BR-153,
depois para Jaú do Tocantins e volta por Novo Horizonte, pela TO-498, e, por
fim, por Mata Azul e Montividiu do Norte, em território goiano, pela GO-142.
Equipes aguardam a estiagem para trabalhar no reforço do aterro e encabeçamento
da ponte.
A GO-241,
entre Mutunópolis e Estrela do Norte, também precisou ser interditada após o
rompimento de uma galeria pluvial. A orientação é que os motoristas sigam pela
rota alternativa, saindo de Mutunópolis pela GO-151 até Porangatu e seguindo
pela BR-153 até Estrela do Norte. A queda de barreira que ocorreu na GO-132,
entre Niquelândia e Colinas do Sul, já foi solucionada e a pista liberada.
De acordo
com a Goinfra, os locais estão bem sinalizados e o Comando de Policiamento
Rodoviário (CPR) atua na orientação aos motoristas. O órgão alerta que, por
meio do aplicativo Goinfra App, disponível gratuitamente nas plataformas
digitais, usuários podem solicitar manutenção de trechos danificados de
rodovias goianas.
Dnit
Procurado, o
Dnit, em nota, por meio da assessoria de imprensa, que não possui jurisdição
sobre a BR-153 desde outubro de 2021. A autarquia acrescentou que questões
relacionadas à rodovia podem ser encaminhadas, via internet, para a Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Sobre o
ponto em Alvorada do Norte, a resposta do Dnit para a reportagem foi de que
serviços de recuperação foram realizados na via e, conforme a autarquia, a
mesma ficou em condições de trafegabilidade.
O Dnit
também ressaltou que as chuvas que atingem as regiões Norte e Nordeste de Goiás
estão sendo fortes e contribuíram para o surgimento da erosão próxima ao
acostamento no KM 157 da BR-020. A informação apresentada foi de que houve a
sinalização no local e uma solução para o problema é estudada pelas equipes de
serviço.
A autarquia
também afirmou monitorar com regularidade todas as rodovias pelas quais é
responsável. O Dnit também recomendou que os condutores que passam pelos locais
afetados pelas chuvas redobrem a atenção.
Fonte: O Popular
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