Antes de
morrer com Covid-19, uma mulher vítima de roubo junto com o marido em uma
chácara no distrito de Girassol, em Cocalzinho de Goiás, reconheceu Lázaro
Barbosa de Sousa, de 32 anos, com o autor do crime, ocorrido em 22 de março,
dois meses e meio antes da chacina de uma família em Ceilândia que desencadeou
as buscas atuais pelo foragido. Neste crime em março, ele rendeu um casal das
20h às 3 da manhã, fazendo ameaças.
Esse é um
dos seis crimes violentos que teria sido cometidos por Lázaro nas semanas que
antecederam a chacina ocorrida em 9 de junho. Em pelo menos quatro a reportagem
apurou que a polícia havia conseguido relacioná-lo como autor de forma rápida,
inclusive este. Moradores e vítimas de roubos na região dizem que as ações
criminosas do suspeito já eram de conhecimento tanto da vizinhança como da
polícia.
Lázaro teria
ido a esta chácara em Girassol, segundo uma sobrinha das vítimas, para roubar
uma bomba d’água. Ele chegou a cortar os cabos, mas teria percebido a presença
dos dois – uma mulher de 58 anos de idade e um homem de 73 – e mudado os
planos. No começo da noite, o dono da propriedade foi prender os cachorros,
voltou para casa e ao sair novamente para pegar água para um remédio foi
rendido pelo criminoso com um facão que foi pego em um depósito na própria
chácara.
“Ele foi lá
sem uma arma, pegou um facão num depósito do lado e levou meu tio para dentro
da casa. Aí amarrou os dois, tinha cortado as cordas do varal, e ficou com eles
lá dentro. Passou o tempo todo com eles, ameaçando, querendo arma. A tortura
psicológica durou a noite toda”, comentou a sobrinha, que pediu para que nem
ela nem os tios fossem identificados na reportagem, por medo, uma vez que
Lázaro ainda não foi encontrado pelas forças policiais.
O criminoso
fugiu com cerca de R$ 7 mil em dinheiro, perfumes, celulares e outros
pertences. A bomba ficou no local. Ele saiu pelo matagal nos fundos da chácara,
evitando pegar a moto e o carro que estavam lá. “Sò pegou as chaves e jogou
fora”, disse a sobrinha. Quando o dia amanheceu, o tio dela conseguiu se
desamarrar, soltou a esposa e saíram pela janela em busca de socorro.
Algum tempo
depois, a mulher vítima do roubo contraiu Covid-19 e morreu. Mas dias depois do
crime a polícia teria lhe mostrado uma foto de Lázaro e ela o reconheceu.
“Antes de morrer, a polícia conseguiu uma foto dele e ela falou com toda a
certeza, porque ela estava boa ainda, ‘foi ele’. Moreno, bigode, cabelo liso,
ele entrou lá sem máscara, sem nada, ele não entrou com capuz, limpo, limpo”,
relatou a sobrinha.
Após este
crime, a reportagem identificou pelo menos outros cinco na região a qual a
polícia acredita que Lázaro conhece bastante, com centenas de chácaras entre
Girassol, Águas Lindas e Ceilândia. É uma área com muitos rios e cavernas
cortada apenas por três rodovias – a BR-070, a DF-180 e a GO-547. Tanto a
polícia como a população local diz que ele conhece bastante o local, pois além
de ter morado por ali desde jovem, tinha por hábito se esconder no mato sempre
após um crime e também fazia bicos nas fazendas e chácaras.
A sobrinha
do casal vítima do roubo de março comenta que após esse crime as ações de
Lázaro começaram a ficar mais violentas. Nos outros assaltos, o criminoso que a
polícia aponta como sendo o foragido estava armado e em alguns casos portava um
colete balístico. No roubo de março, ele levou R$ 7 mil. Em outro ocorrido em
maio, em Ceilândia, mais R$ 90 mil. No restante, foram mais celulares e
pertences de valor.
“O dinheiro
(que ele levou no assalto), eu acredito foi onde ele criou força para estar
comprando armas, porque depois disso passou um tempo ele começou a agir armado,
porque pegou o dinheiro ali, era uma quantia boa”, comentou a sobrinha.
A familiar
também culpa o roubo pela debilitação da tia que pode ter agravado o quadro
quando ela contraiu o coronavírus. “Ela já sofria com ansiedade e pré-diabetes.
Eu atribuo a morte dela e ele, porque senão tivesse esse assalto nada disso
teria acontecido. Já estava fraca, debilitada e acontece isso, tudo contribuiu.
A polícia
não fala sobre os casos envolvendo Lázaro Barbosa. A assessoria da Secretaria
de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) não responde às demandas.
Fonte: O Popular
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