Construções de arquitetura moderna e grandiosas estão previstas para o novo cenário dos parques estaduais Águas do Paraíso e Terra Ronca
Construções
de arquitetura moderna e grandiosas estão previstas para o novo cenário dos
parques estaduais Águas do Paraíso, em Alto Paraíso, e Terra Ronca, em São
Domingos, ambos municípios do Nordeste goiano, no Programa Gênesis.
O projeto,
apresentado pelo governo estadual na última sexta-feira (10), prevê
investimentos em 20 cidades da região, sendo 9 nesta primeira etapa, em eixos
que vão desde a infraestrutura ao turismo. É neste último que estão pontos
questionados da proposta, já que visa conceder à iniciativa privada os parques
estaduais com o projeto de implantação das obras, que seriam museus e espaços
de imersão para os turistas.
A
apresentação feita pelo Estado mostrou um centro de desenvolvimento sustentável
inspirado em redemoinhos e correntes circulares, uma construção com três
grandes pilares que seria o Museu das Águas e um Templo à Natureza em formato
de gota. Além disso, até mesmo a gravura de um bondinho que atravessaria as
Cataratas dos Couros. Todas as demonstrações são no Parque Água do Paraíso. As
obras dentro das unidades de conservação chamaram a atenção dos moradores nas
redes sociais. No geral, há o entendimento de que a preservação das unidades é
o melhor meio e que as cidades do Nordeste goiano possuem necessidades mais
urgentes.
Assim mesmo,
entre quem é contra e quem está a favor, está a falta de informações mais
efetivas sobre o Programa Gênesis. “Ainda não existe um projeto executivo,
foram só imagens de obras no Águas do Paraíso e que não vão ocupar nem 1% da
área do parque, de 5 mil hectares. O programa foi apenas lançado e vamos ter o
detalhamento com as discussões com os municípios até março do ano que vem”,
conta a secretária Andréa Vulcanis, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (Semad), pasta responsável pela concepção do
projeto, feito pelo Instituto Espinhaço.
O mesmo
instituto já é parceiro do Estado no programa Juntos pelo Araguaia. O governo
estadual reservou cerca de R$ 3,9 milhões para a realização dos projetos,
planos e programas, todos a partir de compensação ambiental de empresas que
atuam na região. Representante do Mandato Coletivo Permacultura na Câmara
Municipal de Alto Paraíso, Henny Freitas confirma que é muito cedo para ter uma
posição sobre o projeto, mas que há outras demandas mais urgentes no momento,
como a existência do lixão na cidade. Os vereadores estiveram na apresentação
do projeto.
“Assustou
bastante, um projeto grandioso. Qual a garantia de que ele vai ser implantado e
continuado? O maior problema é que primeiro apresentaram o projeto e agora vão
ouvir a população, mas deveriam ouvir primeiro, saber quais são as demandas
para depois fazer o projeto”, diz Henny. A secretária Andréa explica que o
programa visa superar a dicotomia que há na região, sendo a área com mais
Cerrado nativo do Estado e, ao mesmo tempo, o local com menor índice de
desenvolvimento. “Tem os monumentos naturais, mas perde moradores, implica em
uma pressão grande no Cerrado. A solução que propomos é o Programa Gênesis, que
acopla eixos de desenvolvimento, ações planejadas no território e não
sobreposição de políticas públicas”, afirma. Ela reforça ainda que a concessão
dos parques é apenas um dos eixos, servindo para fomentar o ecoturismo, mas há
a ideia de também desenvolver a economia e a infraestrutura urbana.
Licitação
deve ser em 2022
A previsão
do Estado é de que o processo licitatório para a concessão dos parques Águas do
Paraíso e Terra Ronca deve ocorrer no primeiro semestre de 2022. A intenção é
que o projeto seja junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), com disputa na bolsa de valores e previsão de outorga na casa
de bilhões de reais. Esse valor poderá ser usado até mesmo para custear os
demais eixos previstos no Programa Gênesis, como revitalização urbana,
construção de estradas e instalação de internet.
A partir da
próxima semana, o Estado deve iniciar as oficinas nos nove municípios
integrantes da primeira etapa do Programa Gênesis, onde se dará o debate sobre
a implantação do mesmo. O diretor da Associação de Amigos do Parque Nacional
Chapada dos Veadeiros e morador de Alto Paraíso, Júlio Itacaramby, afirma que
lhe espantou a falta de consulta da comunidade local. “A gente que atua na
região sabe o quanto é importante a participação local. O ideal é levantar
demandas para então propor o projeto. Faltou consulta prévia, utilizar os
conselhos municipais, os conselhos das unidades de conservação”, avalia. A
secretária da Semad, Andréa Vulcanis, reforça que ainda não há qualquer
definição sobre o programa. “Vamos discutir e se a população for contra algum aspecto
a gente pode mudar. As pessoas vão ver e saber se querem ou não. Pode nem ter
interessados na concessão.”
Fonte: O Popular
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