O pequi sem
espinhos está cada dia mais perto de chegar às mesas dos goianos. Pesquisa
realizada desde 2016 pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater) já mostra resultados satisfatórios com frutos. Para este ano existe a
previsão de colheitas de cerca de 15 mil frutos em Anápolis, mas os
pesquisadores ainda avaliam produção, resistência a pragas, espaçamento do
plantio e tipos de adubação antes de coloca-los nas prateleiras de vez.
A produção
de Anápolis é destaque nacional em pesquisa e tecnologia. O agrônomo
responsável pela pesquisa, Sidney Cunha Andere, relata que empresa tem uma área
com sete hectares e 649 plantas distribuídas. “Na nossa produção temos os
frutos tradicionais e os sem espinhos, que têm surpreendido com a qualidade da
polpa e a resistência. É um fruto com casca mais fina, mas muito saboroso.”
Na unidade
da Estação Experimental de Anápolis existem 55 clones desta planta que originou
os frutos sem espinho. Ainda há outros 178 pés-francos, que são árvores
provenientes de mudas obtidas a partir do enraizamento direto da estaca
produtora. Em Goiânia, além do plantio de árvores com frutos sem espinhos, é
formado o maior banco de germoplasma do mundo. Isso significa que é o lugar com
maior variabilidade de genes para pesquisa de melhoramento do pequi em todo
planeta. Ainda existe outras plantas em Araçu.
Andere fica
animado ao falar dos pés de pequi. Ele define o que tem sido observado em
Goiás, especialmente em Anápolis, onde trabalha, como algo fenomenal. “É uma
inovação muito interessante. Tem muita gente que gosta do fruto e tem medo de
experimentar. Tem até aqueles que são experientes e que vez ou outra se
acidentam com os espinhos. Nosso trabalho está satisfatório porque os frutos
realmente apresentam uma qualidade interessante, estão bonitos e saborosos.”
Sidney
Andere detalha que a pesquisa acompanha cada passo do desenvolvimento da
planta. Nesta semana, ele faz o catálogo das árvores que já floresceram.
“Sabemos tudo de cada planta, se ela recebeu adubo ou não, de qual clone ela
foi criada. Com isso, a gente consegue acompanhar a evolução de cada planta. O
estudo é bastante minucioso neste sentido.” Mesmo com o período seco, o
agrônomo aponta as folhas verdes nas árvores e reforça o quanto esta espécie é
“feliz” no Cerrado. “Depois da florada vêm as frutas. Em novembro já é época de
início de colheita.”
O
pesquisador acrescenta que os resultados apontam para uma boa colheita. “O
pequi melhorado geneticamente nos deu um fruto com uma cor alaranjada muito
bonita, mas também com a casca mais fina e resistente. Também observamos que a
semente está menor e o pequi mais carnudo, como a gente costuma dizer.”
O
pesquisador explica que os pequizeiros estão plantados em uma área de pastagem
que havia ficado inativa por um período. “Agora vamos adubar algumas plantas e
comparar os frutos. Acreditamos que os frutos serão ainda melhores e ainda
poderemos ter plantas resistentes para serem cultivadas em áreas com climas
diferentes, mais ameno por exemplo.”
Para chegar
à mesa, o fruto ainda deve esperar até o final dos resultados das pesquisas,
mas a expectativa é que no próximo ano as mudas já comecem a ser distribuídas
para pequenos produtores. “A ideia é ajudar na geração de renda, já que existe
um amor pelo pequi em Goiás e acreditamos que muita gente vai se interessar
pelo sabor desse fruto famoso, mas sem os espinhos.” Perguntado se ainda existe
quem questione o novo fruto, ele diz: “Quem tem apego ao pequi raiz, aquele com
espinho, não tem pelo que se preocupar porque ele continuará sendo produzido e
sendo tradicional.” O pesquisado diz, no entanto, que até agora não foi
possível obter novas plantas sem espinhos, cultivadas a partir do caroço sem
espinho. “Nossas mudas são criadas a partir da gema da planta matriz, não do
caroço”, explica. Os primeiros pequizeiros sem caroço que deram início à
pesquisa foram trazidos do Mato Grosso.
Produção
A Emater
informou que Goiás hoje ocupa a terceira colocação entre os Estados com maior
volume de produção de pequi do País. De acordo com a Radiografia do Agro,
publicação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Seapa), “a safra de 2019 foi de mais de 2 mil toneladas, com valor da produção
na extração vegetal estimada em R$ 3 milhões.” Ainda de acordo com a empresa,
Goiás conta com 433 estabelecimentos agropecuários produtores espalhados em 56
municípios e um mercado consumidor que adquiriu mais de 6 mil toneladas de
pequi naquele período.
Fonte: O Popular
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