Aventura em caverna é hobby para corajosos e tem várias opções no Buraco do Inferno, Caverna Poção e no Parque Estadual de Terra Ronca
Mistura de
emoção, com aventura e gosto pelo perigo. Quem tem o hábito de mergulhar em
caverna sabe bem os riscos que os profissionais do resgate dos 12 garotos
tailandeses integrantes de um time de futebol e seu técnico passaram para
trazer de volta o grupo depois de 17 dias presos. A operação de salvamento
durou três dias e teve um desfecho feliz ontem com todos resgatados com vida.
Mergulhar de
maneira geral é arriscado e em caverna a prática é ainda mais perigosa por uma
série de fatores, como o risco de desabamento, perda da visibilidade e falta de
oxigênio.
Em Goiás, os
adeptos têm muitas opções, como o Buraco do Inferno, perto de Padre Bernardo,
no Entorno de Brasília, o Parque Estadual de Terra Ronca, em São Domingos, e a
Caverna Poção de Niquelândia.
Porém, para
mergulhar numa caverna com segurança são necessários diversos cuidados. É
preciso fazer um curso específico que dura cerca de um ano – em Goiânia não há
nenhuma escola do gênero -, utilizar equipamentos apropriados e nunca explorar
o ambiente sozinho. “É uma mistura de beleza com perigo. Mesmo que você tenha
200 mergulhos no mar não está apto para a prática”, diz o mergulhador e
instrutor Eduardo Teixeira de Macedo, de 45 anos.
Eduardo
Macedo, que mora em Brasília e fez o curso nos Estados Unidos, mergulha em
cavernas há mais de 20 anos e explorou mais de 50 lugares pelo mundo, vários
deles no Brasil.
Em Goiás, ao
lado de um grupo de mergulhadores, ele conseguiu chegar ao recorde 185 metros
de profundidade no Buraco do Inferno, que é considerado um dos mergulhos mais
desafiadores do País – duas pessoas morreram na travessia em 1992 - e onde
nunca ninguém chegou ao fundo.
O
profissional conta que entre os mergulhadores menos de 1% no mundo está apto a
praticar a modalidade em cavernas. Um dos motivos é que ele é dez vezes mais
perigoso que um mergulho convencional. Quem se aventura pelas passagens
subterrâneas vai mais pelo desafio pessoal e principalmente pelo desejo de
explorar um lugar que nunca nenhum homem foi antes, o que eles chamam de
“síndrome de Star Trek”.
Apesar da
experiência, Eduardo afirma que já viveu apuros durante mergulho em caverna.
“Em uma dessas explorações me perdi da pessoa que fazia dupla comigo. Ao passar
o cabo por um conduto novo começou a cair muito sedimento sobre a gente e isso
fez com que a visibilidade fosse a zero. Começamos a bater a cabeça nas paredes
e o meu colega entrou em desespero e retornou por onde tínhamos entrado”,
lembra.
“Quando
percebi que continuar seria impossível, vi que ele não estava mais no cabo
perto de mim. Fiquei pensando: será que ele saiu ou soltou a mão e está perdido
neste sedimento. Fiquei muito assustado em pensar que ele poderia estar numa
situação de risco e que neste caso algumas vezes a pessoa morre, por não achar
a saída a tempo do ar não acabar. Mas no final deu tudo certo”, completa. Para
ele, o caso na Tailândia foi bem-sucedido porque reuniu os maiores
profissionais do mundo. Todo aparato de resgate envolveu 90 profissionais: 40
tailandeses e 50 de outras nacionalidades. “Tudo foi muito bem conduzido”,
destaca.
Fonte: O
Popular
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