Goiás e
Brasília abrigam mais de 500 cavernas, com pelo menos 100 no território do
Distrito Federal. As grutas abrigam ambientes paradisíacos, com lagos
subterrâneos e vistas pouco conhecidas pela maioria das pessoas. O problema é
que muitos desses tesouros naturais são como labirintos, e as chances de acabar
perdido não devem ser desconsideradas.
Neste mês, o
mundo acompanhou o drama de 12 crianças e um adulto que ficaram presos por 17
dias em uma caverna da Tailândia.
A operação
de resgate mobilizou especialistas de 10 países e teve a morte de um
mergulhador profissional. Para evitar que passeios se tornem tragédias,
especialistas indicam uma série de normas de segurança.
No DF, há 35
cavernas cadastradas na Sociedade Brasileira de Espeleologia, mas a expectativa
é que o número seja muito maior, com pelo menos 100 apenas na Fercal, região
mais rica em calcário na capital federal.
Em média, as
cavernas brasilienses não são tão grandes e profundas como a Tham Luang, no
norte da Tailândia. Análise do Grupo Espeleológico da Geologia da Universidade
de Brasília (UnB) mostra que as extremidades tem, em média, 500 metros, e não
costumam ser labirínticas.
O Grupamento
de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros do DF é o responsável por resgatar
quem acaba perdido em cavernas.
Segundo o
capitão Victor Mendonça, é notado que os que mais acabam perdidos são jovens
que fazem trilhas sem guias.
“Nesses
casos, trabalhamos com três tipos de socorro: mergulho de resgate, salvamento
de altura e buscas que envolvem longas caminhadas. Antes de colocar em prática,
fazemos a identificação do local e vamos preparados para as possibilidades de
traumas sofridos pelos perdidos”, explica.
O perigo a
que os aventureiros são expostos em cavernas não é apenas de acabar perdido.
Em junho do
ano passado, oito bombeiros foram infectados com histoplasmose após
participarem de treinamento para o Curso de Tripulante Operacional (Cetop),
realizado em uma caverna próxima a Brazlândia.
A infecção é
causada pela inalação de um fungo presente em fezes de morcegos, mamíferos
presentes em muitas cavernas.
Em casos
graves, a doença pode comprometer a capacidade do coração de bombear sangue e
danificar os pulmões, podendo levar a morte. Todos os militares foram tratados
e se recuperaram.
Riqueza em
calcário
A região
entre Unaí, em Minas Gerais, e o sul do Tocantins, faz parte de um dos maiores
sistemas de cavernas do país.
Com isso,
Goiás abriga áreas como o Parque Estadual Terra Ronca (Peter), nos municípios
de São Domingos e Guarani de Goiás, com mais de 200 cavernas catalogadas. A
região fica a 315km de Brasília e tem entrada restrita a visitantes com guias,
que cobram diária que varia de R$ 150 a R$ 200 por grupo de até 10 pessoas.
A segunda
região que mais recebe visitantes é a Vila Propício, em Goiás, a 194km da
capital federal. São mais de 50 cavernas e grutas que ajudam a mover a economia
local, fortemente influenciada pelo turismo.
O secretário
de Turismo, Jaime Augusto da Cruz, conta que, antes de seguir trilha pelas
grutas, é importante entrar em contato com o órgão para receber uma lista com
detalhes de segurança das cavernas abertas à visitação e quais suprimentos são
necessários para a aventura.
“Temos 12
cavernas favoráveis à visita. Indicamos sempre a presença de guias, com um
profissional para cada 10 pessoas”, explica. Segundo o secretário, entre os
itens importantes de sobrevivência para as trilhas estão canivete, corda, tela,
fósforo, isqueiro e sinalizador.
Em Formosa,
a 83km de Brasília, fica o Buraco das Araras e, segundo a Prefeitura do
município, a maioria dos turistas são provenientes de Brasília. A caverna tem
327m de diâmetro e 128m de profundidade.
O local é
aberto para visitação, mas é indicada a contratação de empresas privadas que
vendem pacotes para garantir o passeio com segurança.
A entrada
deve ser por rapel, de 70 metros, e é necessário adquirir jogo de equipamentos
de proteção individual, com cadeirinha, cabo de vida, mosquiteiro, freio e
capacete.
A média do
pacote é de R$ 100 por pessoa."Se você não tiver costume de andar por
esses ambientes, estará sujeito a lesões vindas de esforços físicos, fadiga,
hipotermia, torções e quedas”
Rafael
Grudka, do Grupo Espeleológico da Geologia da UnB
Formação de
cavernas
No Brasil, o
processo dominante na formação de cavernas é feito pelo contato da água da
chuva com as rochas calcárias.
A interação
entre a atmosfera e o solo, somado à chuva ácida, faz com que a água percorra
pelas fraturas das rochas, causando dissolução, que alarga os condutos das
rochas — é o fenômeno que cria as cavernas.
É um
processo lento, que dura anos e não para de ocorrer. Por isso, guias e
espeleólogos indicam que nunca seja retirado ou deixado nada dentro das
cavernas.
Visite
Fercal (DF)
Proprietários
de fazendas onde ficam as cavernas cobram, em média, R$ 10 pela entrada
Distância de
Brasília: 34km
Buraco das
Araras, Formosa (GO)
Aberto ao
público o ano todo
Distância de
Brasília: 110kmVila Propício (GO), 12 cavernas
Aberto ao
público a depender do clima
Distância de
Brasília: 195km
São Domingos
e Guarani de Goiás — Parque Estadual de Terra Ronca (GO)
Aberto ao
público o ano todo
Distância de
Brasília: 315km
Fonte:
Correioweb
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