"Esse é
meu jeito ninja de ser". A citação do anime Naruto está na descrição do
WhatsApp de Aislan Rosa, 36 anos, e não poderia ser mais oportuna. O policial
penal não se machucou após sofrer um acidente de carro impressionante. A última
sexta-feira (9/7) deveria ter sido mais um dia comum na rotina dele: estava
cumprindo o plantão em uma escala em que trabalha 24 horas e folga outras 72
horas.
Por volta
das 8h, tomou café, comeu parte dos ovos que leva para reforçar o lanche, se
despediu dos colegas e pegou o carro. Guardou na mochila os dois ovos que
sobraram, enrolados em uma sacola plástica, e pegou a estrada.
Geralmente,
para fazer o trajeto entre o município de Buritis (MG), onde trabalha, até
Arapoanga, em Planaltina, onde mora, Aislan conta com a companhia de um colega.
Esse foi o primeiro sinal de que algo seria diferente: ele iria voltar sozinho.
Acidente
O policial
estava há quase duas horas na estrada. Naquela altura, passava por uma
pamonharia na BR-020, quase chegando a Formosa (GO). Mais adiante, havia uma
curva: Aislan trafegava a cerca de 100 km/h pela faixa da esquerda, quando o
veículo que estava logo atrás acendeu a luz alta.
"Essa
curva aberta é mais enjoadinha", diz Aislan. "Quando ele deu luz
alta, eu dei seta e joguei (o carro) para a direita. Nisso, quando fui reduzir,
encostei no freio (do carro) para dar uma aliviada na velocidade e perdi o
controle do carro", descreve.
Aislan rodou
por quatro vezes na rodovia: "O volante ficou leve, tentei voltar e
reduzir a marcha, mas não deu certo, não. O carro rodou", lembra. Por fim,
o automóvel ainda capotou cinco vezes. "Ele virou 180º, eu parei de cabeça
para baixo, na lateral do carro". Ele só parou no acostamento, dentro de
uma área de mata, onde o veículo tombou.
"Quando
acontece a gente não pensa muito, passa um curta-metragem da nossa vida. Pensei
nas minhas filhas." As meninas têm 4 e 2 anos. "Só pensei em não
desmaiar."
Socorro
Diante da
gravidade do acidente, dois rapazes que passavam pelo local correram para
acudir. Pouco depois, um motorista de caminhão se juntou ao grupo e eles
chamaram o Corpo de Bombeiros do município.
"Era
você dirigindo?", se espantaram. "Nem eu acredito", respondeu
Aislan. "Graças a Deus, eu estava de cinto, não machuquei nada. Tive dois
arranhões nos dedos, bem fininhos. Um caco de vidro estilhaçou e pegou no meu
olho".
Lembra dos
ovos na mochila dele? Mesmo com o impacto, ficaram intactos. "Os ovos
ficaram na ponta da mochila, quase saindo, o zíper estava aberto, mas não
quebraram. Achei estranho, mas tranquilo. Foi engraçado", diverte-se
Aislan.
Atendimento
Depois de
socorrido, ele foi a uma clínica particular para fazer exames de raio-x na
coluna e no pescoço. O homem ainda teve um corte na cabeça de menos de 1
centímetro. "Fui para casa só com uma dorzinha no peito. Como usava cinto
de segurança, os solavancos que levei por conta das viradas deixaram o peito um
pouco dolorido. É inacreditável".
Danos
Quanto ao
carro, Aislan não teve a mesma sorte. "Como não tenho seguro, para arrumar
talvez não compense, porque é quase o valor do próprio veículo. Na avaliação de
amigos, vai ficar entre R$ 8 mil e R$ 10 mil. O carro uns R$ 14 mil, então foi
meio que perda total", calcula.
O alívio
compensa o prejuízo. "O cinto fez toda a diferença", acredita.
"Não sou muito apegado a bens materiais, o negócio é minha família estar
bem e eu também. Não tenho do que reclamar, só agradecer", finaliza.
Fonte: Correio Braziliense
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