Servidor comissionado, lotado em gabinete de deputado, bate o ponto na Assembleia |
Enquanto a mulher o aguarda do lado de fora, servidor comissionado bate o ponto |
Por volta de
7h10, um Palio cinza para em fila dupla na Alameda dos Buritis, em frente à
Assembleia Legislativa de Goiás, Setor Oeste. A motorista liga o pisca-alerta.
Do banco do passageiro, uma mulher desce de crachá na mão, caminha até a
entrada, passa pelo hall, chega aos terminais de ponto eletrônico, registra e
sai pelo mesmo caminho. A permanência da mulher dentro do órgão dura 49
segundos.
Ela retorna
ao carro, que vai para o Setor Bueno. Em frente a uma lanchonete, na Avenida
T-14, o veículo para, a mulher desce e o carro, dirigido pela filha dela, vai
embora. Ela sai com pacote de pão e segue para um prédio residencial na T-13,
no mesmo bairro.
A cena se
repete por três dias e é um dos 21 casos flagrados pelo POPULAR na semana
passada. Instituído em outubro do ano passado como medida para combater
sucessivos casos de fantasmas, o ponto eletrônico na Assembleia não foi capaz
de banir a prática.
Em uma
cobertura feita em parceria com a TV Anhanguera e a CBN Goiânia, a reportagem
registrou episódios de servidores que deixaram o local (de carro ou moto)
depois de protocolar a chegada. Em cinco casos, a reportagem acompanhou os
funcionários que se deslocaram. Quatro deles foram abordados. A maioria alegou
que resolveria uma questão pessoal e retornaria à Casa.
De acordo
com o Portal da Transparência da Assembleia, cerca de 1,5 mil servidores são
obrigados a registrar o ponto. Eles representam 46% do total de funcionários da
ativa na Casa. É que aqueles que trabalham diretamente com os deputados e
ocupam funções gratificadas de gabinete (chamadas de GR Gabinete) não são
obrigados a bater ponto. A responsabilidade pela frequência é de cada um dos 41
deputados.
Assim, o
universo de quem bate ponto inclui efetivos e comissionados contratados pela
administração (servidores da Secretaria da Assembleia, chamados comissionado
secretaria).
Eles são
obrigados a registrar a chegada - com dois horários: 7h ou 13h - e a saída. As
portas da Assembleia só se abrem às 6h30 e o sistema de ponto é liberado 15
minutos depois. Mas às 6 horas já é possível encontrar servidores na porta,
aguardando para liderar as filas de quatro terminais. A maioria dos flagrantes ocorreu
antes das 7 horas. A direção da Casa diz que os casos são isolados.
Fonte: O
Popular
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