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A política que destrói amizades e famílias

O grito, de Edvard Munch

Por Thiago Linhares,

Sabe aquela rivalidade boba de futebol, aquele lance de fazer piadinha com o colega por causa do time favorito? É um ódio brando e relevável na maioria dos casos. O ódio entre as pessoas ganhou um novo nível durante a crise política que assola nosso país.

Costumo ter amizade com os mais diferentes tipos de pessoas. Não que eu busque segregar e classificar o ser humano, mas vamos considerar aqui uma “diversidade de pensamentos”. Gosto de discutir assuntos variados, principalmente para reforçar ou mudar minha opinião. Com o avanço da Operação Lava Jato, percebi (não quero dizer que começou em tal momento) uma bipolarização e ausência de opinião própria por parte das pessoas, que utilizam argumentos genéricos e repetitivos.

Argumentação foi trocada por adjetivação. “Golpista”, “fascista”, “petralha”, “corrupto”, “bolsominion” e “pixulequeiro” são exemplos do nível de discussão sugerido pelas pessoas nos últimos meses. Poucos são os textos fundamentados e sensatos. O interesse é ofender e cobrir suas ofensas com o “manto da democracia”. Se esta mesma democracia pudesse ser personificada, certamente teria grande vergonha de todos nós.

Certamente que algumas discussões do tipo surgiram em seu grupo familiar. Todos temos um parente extremista, que acredita fielmente em políticos ou partidos, defendendo-os ao custo da harmonia familiar. Imaginem quantas famílias se encontram fragmentadas por apoiar o jogo político de um ou de outro lado. Não estamos diante de uma guerra civil, mas diante de uma guerra de ignorância, pois vencerá aquele que fizer a maior bizarrice para chamar a atenção, ou elevar mais o tom de voz.

Quantos amigos você, caro leitor, perdeu desde o início da crise política e, também, econômica? Resolvi contar usando um aplicativo do Facebook, que mostra a contagem de amigos. Cerca de 310 pessoas me excluíram. “Devo ser um cara muito chato”, desabafei com uma amiga que tem uma posição política contrária. Minha amiga relatou que isso também aconteceu com ela, e acredito que está acontecendo diariamente.

Possivelmente, isso se deveu a uma brincadeira que comecei com meus amigos do Facebook, nas últimas semanas. Resolvi “defender” Eduardo Cunha com os mesmos argumentos utilizados pelos apoiadores do governo Dilma Rousseff — isto é, disse que ele foi eleito democraticamente e que não havia crime de responsabilidade. Os mais sensatos logo perceberam a ironia, porém, os mais esquentadinhos começaram o show de ofensas gratuitas, comentários de apenas duas ou três palavras, que demonstram falta de análise crítica do caso concreto.

Piadinhas no trabalho, na escola, na faculdade, uma “indústria” da ofensa foi criada. Quem a criou ninguém sabe, mas é fato que quem a alimenta são os próprios políticos, pessoas que deveriam resgatar os bons costumes e a moralidade da sociedade. Para ser sincero, não confio em nenhum político. Você conhece algum que prega a paz entre as pessoas de opiniões contrárias? Se eu encontrar, serei seu maior seguidor.

Tenho a ousadia de chamar de “energumenismo” o movimento constante de incitar o ódio por meio de adjetivação e argumentação barata. É ridículo ver como as pessoas reduziram sua capacidade intelectual, sendo meros repetidores do mesmo discurso, que produz um eco sem fim.

Se a crise política terá um fim, não sei. Apenas posso afirmar que nenhum político deixará de ter a boa vida que tem para resolver problemas pessoais de seus apoiadores. Aos que não têm capacidade de dialogar sobre política sem atacar pessoalmente o interlocutor — “conteúdo” geralmente acompanhado com uma desnecessária e espartana elevação do tom de voz — recomendo silêncio sobre o assunto, para que possam preservar a integridade da mente, da família e da comunidade. É hora de mostrar um mínimo de maturidade, urbanidade e densidade argumentativa, o que muitos políticos e não políticos demonstram não ter.

Fonte: Opção

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