Um grupo com
cerca de 50 alunos ocupou às 17h deste sábado (12) o Instituto de Educação de
Goiás (IEG), no Setor Leste Vila Nova, em Goiânia. Eles protestam contra a
implantação de Organizações Sociais (OSs) na rede pública de ensino. Em quatro
dias, essa é a quarta unidade de ensino ocupada por estudantes na capital.
Uma das
representantes da comunicação do movimento, a estudante Bárbara Martini, disse
que o grupo é formado por alunos do IEG e também de outras unidades já
ocupadas. No momento da ocupação, um guarda fazia a segurança do local.
“Nós pulamos
o muro da escola e quando o guarda viu a quantidade de aluno, ele nos entregou
as chaves da escola. Agora vamos fazer uma assembleia para ver como será divida
a organização na ocupação”, disse a estudante.
Em nota, a
Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) informou que respeita as
manifestações feitas pelos alunos e que sempre esteve aberta ao diálogo. O
órgão explicou que, mesmo com a implantação das OSs, as escolas vão permanecer
100% públicas e gratuitas. Além disso, todos os professores terão seus direitos
assegurados.
Por fim, a
secretaria disse que “tem a convicção que este modelo será uma iniciativa
inovadora, tornará o sistema mais ágil, mais eficiente e fará avançar a
qualidade da educação”.
Ocupações
Na
sexta-feira (11), um grupo com aproximadamente 100 alunos ocupou o Colégio
Estadual Lyceu de Goiânia, no Centro. Eles acamparam no local e controlam a
entrada de pessoas na unidade. Os estudantes dizem que ficarão no prédio por
tempo indeterminado.
Na
quinta-feira (10), cerca de 20 alunos ocuparam o Colégio Estadual Robinho
Martins de Azevedo, no Setor Jardim Nova Esperança. Eles acamparam no local e
também dizem que a medida será por tempo indeterminado.
Um dia
antes, na quarta-feira (9), o Colégio Estadual Professor José Carlos de
Almeida, no Setor Central, também havia sido ocupado. O local foi fechado no
ano passado sob a alegação de que não havia demanda de estudantes para a
quantidade de vagas existentes.
Inspiração
O grupo que
ocupa o José Carlos de Almeida realizou uma limpeza no local na manhã de quinta-feira
(10). Uma das alunas Gabriela Costa, de 16 anos, disse que os atos realizados
em São Paulo contra a reorganização do sistema educacional serviram de
inspiração.
"Nos
inspiramos nos atos de São Paulo. E até no último protesto que eles fizeram, eles
declaram abertamente apoio ao movimento aqui em Goiânia", disse.
Após as
ocupações na região sudeste, o governo paulista anunciou que suspenderia o
projeto, que afetaria mais de 300 mil estudantes. Os estudantes comemoraram a
suspensão, mas afirmaram que vão continuar ocupando as escolas até que o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) revogue a lei que determina a reorganização
escolar.
Organizações sociais
As OSs são
entidades sem fins lucrativos, que recebem recursos do estado para administrar
um determinado órgão público. Em Goiás, esse modelo de gestão já é aplicado em
hospitais, mas é inédito na Educação.
De acordo
com a Seduce, as OSs, que já devem começar a atuar no início do ano que vem,
trarão vantagens para as escolas, já que poderá fazer reformas, sem a
necessidade de licitações, e poderá pagar melhores salários aos professores,
que serão contratados no regime de Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
Para os concursados, nada muda.
“Todas as
escolas da secretaria, OSs ou não, terão que seguir o mesmo currículo e terão
de seguir determinadas metas. Além disso, as OSs vão ter que seguir aquilo que
a secretaria determinar, mas a escola continuará exatamente como é, pública,
gratuita, e a gente espera que cada vez com mais qualidade”, explicou a
secretária de Educação, Raquel Teixeira.
O objetivo é
que as OSs passem a gerir, em caráter experimental, até 30% das unidades
escolares que integram as subsecretarias de Educação de Goiânia, Aparecida de
Goiânia, Anápolis, Trindade, e do Entorno do Distrito Federal. A relação das
escolas escolhidas ainda não foi divulgada.
O governo já
estuda implantar esse modelo desde o início da atual gestão. Um chamamento para
selecionar entidades e empresas interessadas chegou a ser feito em abril deste
ano, no entanto, na ocasião, não foram registradas manifestações e o projeto
não pôde ser aplicado.
Assim como
os estudantes, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) é
contrário à medida, pois alega que ela vai interferir nos planos de carreira
dos professores.
Para a
presidente do Sintego, Bia de Lima, a adoção do modelo de gestão em apenas
algumas escolas não vai surtir efeitos positivos. “Não apenas uma, ou duas, mas
todas as escolas estaduais precisam ter qualidade para trabalhar e desenvolver
um bom trabalho pedagógico para os alunos. Precisamos disso para todas, não
para só uma parcela”, disse.
Fonte: G1
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