Dona Mariana ao lado de Francielle Rego no lançamento do livro Divinópolis de Goiás Terra da Gente |
Dona Mariana
Torres Quintanilha, mais conhecida como Dona Maroca, chega aos 100 anos, e é
uma das pioneiras da cidade de Divinópolis de Goiás e representa bem a Zona
rural deste município.
Nasceu no
dia 28 de abril de 1920, na cidade de Monte Alegre de Goiás, filha de Antônio
de Torres Quintanilha e Cassiana Cordeiro Vasco. Aos cinco anos de idade mudou-se com seus
pais e dez irmãos para terras desabitadas às margens do rio Manso na época
munícipio de São Domingos, GO. Alojaram- se em ruinas deixadas pela escravidão,
onde ali o seu pai Antônio de Torres Quintanilha se estabeleceu com sua
família, construiu sua morada em frente a um pé de mangabeira, povoou e deu
origem ao povoado Mangabeiras (devido à grande quantidade dessa planta de igual
nome) hoje munícipio de Divinópolis de Goiás. Dona Mariana em algumas de nossas
conversas cita com carinho o nome de alguns de seus irmãos: “Maria, Angelina,
Melquida, Paula, Joaquim, Cristina, Joana, Bené, Messias, Quimero, Plácido,
Raimundo, Domingo e Lió”.
Aos 14 anos
de idade, por obediência aos pais, casou-se com Bernardino José de França. E ,
por obediência a Deus, foi construindo um amor puro e verdadeiro junto seu
esposo com quem teve nove filhos : Ana Rosa Moura, Ernestina José dos Santos, Cassiana França
Moura, Carmelino José de França, Gessy
França de Abreu, Nestor José de França, Liberino José de França, Anísio José de França e Maria das Graças
França Neres. Atualmente com vinte e dois anos de viuvez, tem três filhas e
quarenta e quatro netos vivos, e aproximadamente oitenta bisnetos e vinte
tataranetos.
Dona Mariana
estava organizando a celebração de seus 100 anos de vida junto com seus
familiares para o dia 02 de maio de 2020. Onde ela mesma estava confeccionando
as lembranças de seu aniversário. Na programação prevista estava marcado uma
missa e um almoço com seus familiares.
Devido ao
momento de pandemia do novo Coronavírus que se encontra mundialmente essa
programação teve que ser alterada. E no dia 28 de abril de 2020 (terça-feira) data
do aniversário de 100 anos de Dona Mariana às 17:00 horas será transmitida ao
vivo pela igreja São João Batista de Divinópolis de Goiás via Facebook, YouTube
a missa em ação de graça a vida de Dona Mariana.
No livro
Divinópolis de Goiás Terra da Gente lançado em 2019, eu retratei com muita
emoção a história dessa linda e guerreira mulher. Transformei seus relatos de
vida em um poema. E hoje nessa data tão especial gostaria de compartilhar esse
poema como homenagem a essa que tão bem representa o nosso povo do
nordeste goiano. Essa mulher que viveu momentos de luta nessa região tão
esquecida do estado de Goiás. Ela é nossa Cora Coralina que em suas palavras
meigas e doce nos conta com lucidez como era viver nessa região.
Uma
Guerreira Chamada Mariana
Eu era do
pé do engenho
Fiava
muito na roda
Tecia
muito pano
Fazia
muita rede
Tecia
muito no tear
Fazia
muita calça
Fazia
camisa para marido
Todo
mundo vestia algodão
Na
cozinha cozinhava
Na
panelinha de barro
Pegava
tiqui no mato
Para
fazer sabão dicuada
Na roça
agente tinha
Milho,
batata, inhame
Era as
coisas que agente conhecia
Outra
coisa não tinha
Do mato
comia
Angelica,
cabelo de nego
Xixá,
jatobá
Fazia
bolo de jatobá
Tinha
pouca gente
Naquele
tempo
Se
caminhava muito
Pousava
na estrada
E pouca
gente se via
Não tinha
carro
Não tinha
nada
Era as
pernas
Morei na
Mangabeira
Morei no
Encosta
Morei no
Alegrete
O Sal
vinha de longe
Sal era
Mossoró
O
dinheiro para pagar o sal
Era o
cobre
O cobre
quem fazia era meu tio Pedro
A farinha
era feita
Do relado
da mandioca
No ralo
de angico
Torcia no
pano
Para
Bahia agente mandava o coro
Lá
comprava o sal, o café
Tudo que
aqui não tinha
O açúcar
era feito de cana
Botava
nos cochos
Colocava
barro por cima
Aí secava
Quando
secava
Tinha um
açúcar bem alvinho
Era o
doce para fazer o bolo
Bolo de
puba, bolo de arroz e brevidade
Eu sou
Mariana Torres Quintanilha
Sou
Maroca
Sou
mulher
Sou
guerreira
E nasci
no pé do engenho.
Nasci no dia
28 de abril de 1920 e no próximo dia 28 de abril de 2020 comemoro com muita
alegria os meus 100 anos de vida.
Autora -Francielle Rego Oliveira Braz
Obrigada Antônio Carlos pela singela e amável homenagem a essa guerreira que nos ensina a cada dia a viver com mais amor e cuidado ao próximo. Francielle Deus tem te abençoado com o dom de lidar com as palavras, com as histórias de tantas pessoas importantes de nossa cidade, ler seu poema é “ouvir as histórias de iaiá”. Ela diz assim: “ se você chegar aos 100 anos, você vai ter muita história pra contar “ ( e solta aquela risada gostosa rs). Parabéns minha vozinha pelo seu centenário, como a senhora mesmo diz: Ele (apontando p alto) sabe se vou usar minhas lembranças da festa um dia”. Estamos na torcida que sim e comemoraremos todos juntos, se Deus quiser!
ResponderExcluirGratidão por ter tido a oportunidade de aprender com sua vó e contar com seu apoio Valéria. Sua vó é uma inspiração de amor e sabedoria para com a vida.
ExcluirO amor, a paz, a luz. Maravilhado com a grandeza de tantos divinopolinos e divinopolinas.
ResponderExcluirSe não fosse o escritor...
ResponderExcluirA história morria: nos perderiamos nas incertezas de como viveram nossos antepassados; - o que enfrentaram para enfrentar e vencer os grandes desafios da vida... o legado.
Boa tarde
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ExcluirBrilhante reflexão colega escritor Nemilson.
ExcluirBoa tarde gostaríamos de saber se a senhora conhece Erginio Torres Quintanilha meu avô? Até onde pesquisamos não sabemos se a senhora é irmã ou tia do meu avô..
ResponderExcluirBoa tarde, vou pesquisar junto a família de Dona Mariana e envio o retorno.
ExcluirBoa tarde gostaríamos de saber se a senhora conhece Erginio Torres Quintanilha meu avô? Até onde pesquisamos não sabemos se a senhora é irmã ou tia do meu avô..
ResponderExcluirPergunto pq meu avô é de São Domingos ,inclusive ele tem uma filha chamada Mariana Torres Quintanilha,e já conversei com alguns parentes e disse q ele é parente de meu avô.hoje moramos em Silvânia go..
ResponderExcluirMeu Deus recebi está noticia c muita emoção,moro aqui em Aparecida de Goiania, achei que ñ existia mais nem um tio ou uma tia da parte dos meus pais, estou feliz e orgulhosa de saber que essa guerreira é irmã do meu pai, que ela cita o nome dele como BENÉ. E P minha surpresa ela prima primeira da minha mãe e cunhada, gente pensa que história linda. Se ñ fosse a pandemia eu ia levar minha mãe que vai completar 91 anos, só resta essa duas matriarca dos Torres Quintanilha. C essa idade.q todos nós gostaríamos de chegarmos lá.
ResponderExcluirParabéns minha tia e muitas felicidades. Da sua sobrinha Maria dos Santos Torres Quintanilha. Com muito orgulho carrego esse sobrenome🤗🤗🤗👏👏👏😚😍😚
Boa noite ,pesquisei mais um pouco ,e os pais do meu avô Erginio Torres Quintanilha , chamava Atanazio de Torres Quintanilha e era casado com Petronilha de Castro e silva,para sabermos melhor o grau de parentesco..
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