Juiz Donizetti Martins de Araújo |
Antigamente,
mesmo que o juiz de direito quisesse trabalhar, o judiciário era um poder
ocioso. Era assim, por exemplo, na cidade de Posse, no nordeste goiano.
Quando o
doutor Donizetti Martins de Araújo iniciou sua carreira na magistratura em
1939.
Viajando a
cavalo, já a partir de Formosa, o juiz de direito teve que fazer longo percurso
passando por Sítio d’Abadia, depois adentrando o estado de Minas Gerais e reentrando
no território da Bahia, assim chegando ao antigo Distrito de Riachão (Hoje
Mambaí), até alcançar, finalmente a demandada comarca de Posse.
Estradas
ruins, perigosas, atravessavam-se vales e serras, como a temível serra de São
Domingos, onde havia uma única pista escorregadia, entre elevações e
despenhadeiros.
Em posse, o
doutor Donizetti encontrou o povo insatisfeito com o então prefeito Jonas
Vieira de Lima (Que veio de Januária-MG por indicação e estava sendo denunciado
ao governo do estado).
Doutor
Donizetti foi recebido na cidade pela esposa do prefeito, senhora Hilda Lima,
uma vez que o chefe do executivo tinha sido chamado a Goiânia.
A prefeita
substituta organizou uma grande homenagem ao meritíssimo recém-chegado.
Ofereceu-lhe um piquenique que teve lugar numa chácara aprazível nas
proximidades da cidade, ao qual compareceu em peso a sociedade possense.
Quando o prefeito
Jonas voltou de Goiânia, eis que o juiz o advertiu: que o povo andava muito
queixoso, que ele nada tinha feito em benefício da cidade e que o juiz estava
disposto a ajudá-lo a fazer algum benefício para o povo.
Jonas
explicou-lhe que na verdade não tinha podido fazer quase nada porque a
prefeitura não tinha arrecadação e não dispunha de recursos para administrar.
Aceitou, de
bom grado, a colaboração do juiz e passaram a trabalhar juntos. Já que não
existia fórum em Posse, o expediente do judiciário era na própria prefeitura,
numa sala reservada para o juiz.
Essa união
dos poderes, judiciário e executivo, foi benéfica para a cidade de Posse. O
juiz passou a assessorar o prefeito na qualidade de seu mentor intelectual.
Serviço para o judiciário, quase nada, Na administração pública, tudo por
fazer.
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