Nas cidades
de Arraias e Dianópolis, região sudeste do Tocantins, uma folia sobrevive ao
tempo e às gerações.
O entrudo e
o bloco dos enxutos são dois costumes curiosos do século XVI, onde os foliões
saem molhando uns aos outros enquanto desfilam pelas ruas das cidades ao som de
marchinhas.
As pessoas
que ficam na porta das casas acompanhando a festa também são molhadas. Todos
entram na festa.
A professora
Daniela Schneider é do Rio Grande do Sul e está em Arraias para trabalhar em uma
universidade do Tocantins. Chegou e já conheceu o Carnaval local levando um
banho no meio da rua. “Uma expressão que é do povo pode se manter e deve se
manter, e acho que é aí que está a força, né? É daí que vem a resistência”.
Na folia, o
grupo desce as ladeiras ao som das marchinhas e com baldes e recipientes nas
mãos. Crianças e adultos se abastecem de água nos quintais por onde passam.
E quem está
de fora, quando menos se espera, entra na brincadeira. “Saí de Brasília
arrumada. Chego aqui, entro no clima”, diz a funcionária pública Deuzelina
Rodrigues após ganhar um banho.
Arraias tem
276 anos e surgiu com a descoberta de ouro, que abasteceu a coroa portuguesa.
De Portugal também veio o entrudo, o costume de molhar e até sujar os outros
antes da quaresma.
No passado,
o entrudo se tornou polêmico e praticamente desapareceu no Brasil. Em Arraias,
sobrevive.
“Um juiz
tentou proibir aqui na nossa cidade, e falou que não ia ter o Carnaval. Aí todo
mundo marcou de sair o Carnaval da porta da casa dele. Ele foi o primeiro a ser
molhado. Pronto, o juiz está molhado, agora se quiser proibir, que proíba
depois”, brincou o professor de história Jonathas Alencar.
Fonte: G1
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