sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mulher tem corpo queimado e está em estado grave. Julia Chaves, de São Domingos/GO, foi quem prestou socorro à vítima.


Foto: Júlia Chaves (Que ajudou no socorro da vítima)

Lidiane, 25 anos, usuária de Crack.

Hoje, em meio a uma discussão, seu companheiro jogou álcool e ateou fogo em seu corpo.

Lidiane, após se arrastar até a rua, conseguiu gritar por socorro...

Eu estava em casa e pude notar alguns gritos, de início, não identifiquei os gritos, segundos depois, eles tomaram forma e pude entender as palavras desconexas de pedidos de socorro, até que ouvi a frase “fui queimada viva”...

Por ter algum conhecimento e noções básicas de socorro, imediatamente eu peguei uma tesoura e sai na direção dos gritos.

No local, além dos curiosos, havia alguns policiais... mas nenhum se dirigia à vítima.

Comuniquei que era socorrista e que iria realizar alguns procedimentos... Conversei com Lidiane, pedindo que se acalmasse e que logo a ambulância iria chegar, que tudo ficaria bem e que eu ficaria com ela.

Pedi autorização, e lentamente comecei a cortar a calça e a blusa que ela vestia, percebi que as queimaduras eram graves e que havia atingindo todas as partes do seu corpo.

(Muitos gritos, pedaços de pele e cabelo a estavam no chão... nessas horas, as pessoas julgam , tiram fotos, filmam, alguns policiais fazem sua parte, impedindo tamanha falta de compaixão, outros policiais também filmam e tiram fotos... os minutos demoraram a passar...)
Finalmente a ambulância chegou ao local.

Como não tinha nenhum familiar ou amigo, eu me disponibilizei e acompanhei Lidiane dentro da ambulância.

No caminho do Hospital de Queimaduras, os socorristas tentaram sem muito êxito lhe aplicar remédios para sanar a dor, mas depois me disseram que em usuários de Crack, os remédios não apresentam o resultado esperado.

Lidiane recebeu os primeiros atendimentos e após a chegada de familiares, foi encaminhada a uma UPA equipada com Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A todo o tempo, além dos gritos que não saem da minha cabeça, eu também me lembro das frases que ela dizia: “ eu não merecia isso”, “não fiz nada para merecer isso!!”

Lidiane, não é a primeira e infelizmente não será a última vitima da violência domestica!

Violência não acaba com o silencio, as pessoas precisam aprender a denunciar antes que algo pior possa acontecer...

A Violência doméstica não escolhe apenas usuárias de Crack, ela acontece silenciosamente e em todos os níveis sociais com a conivência de muitos!!!

Hoje, eu pude ver de perto que a crueldade humana não tem limites e quanto mais clamarmos aos seres divinos por proteção, ainda será pouco.
Que Deus, em sua infinita bondade, possa cuidar de mais uma filha em sofrimento.

Goiânia, 02 de Outubro de 2014

Júlia Chaves.

Informações da polícia;

De acordo com a polícia, a vítima teve a maior parte do corpo queimada e seu estado é gravíssimo. Em informação preliminar, ela teria sido transferida ao Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO), que não confirmou registro da paciente.

O Pronto-Socorro de Queimaduras comunicou que a vítima passou pelo hospital, mas foi novamente transferida por falta de vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Segundo informações do comandante da 9º Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), capitão Allan Cardoso, a mulher parecia estar em situação de rua e há suspeita de que o agressor mantinha um relacionamento com ela.

Motivado por um desentendimento, o autor do crime utilizou uma garrafa de álcool para atear fogo à vítima.

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