Depois de
alguns anos observando a condução da nossa mais importante festa, coloco aqui
no Blog algumas considerações relevantes. Eu costumo estudar a cultura da nossa
região partindo da festa do padroeiro de cada cidade.
É possível diagnosticar o grau de valorização
da cultura local nesse ambiente festivo. Gosto muito da definição do escritor Ariano
Suassuna quando ele diz: um povo sem cultura própria é um povo
sem liberdade.
Pois bem,
Divinópolis precisa avançar na liberdade fazendo atualizações na cultura local.
Quando falo em cultura local refiro-me àquela que deu origem ao povoamento da
antiga fazenda Galheiros.
O povoamento da região teve origem em
1880, na fazenda Galheiros, de Inácia Ferreira Lima. Dando inicio à formação do
povoado, Agostinho de Castro e Silva construiu, com a ajuda dos demais
habitantes, uma capela dedicada a São João Batista, cujas festividades
religiosas ali realizadas favoreceram o intercâmbio social, surgindo
gradativamente, em torno do templo as várias moradias. Em 1885, antecedendo o
futuro do povoamento, o fundador doou uma área de terras a São João Batista para a formação definitiva do povoado que
recebeu o nome de São João de Galheiros, em homenagem ao padroeiro e à fazenda
que lhe deu origem. (Fonte: http://www.cidades.ibge.gov.br/historico)
Nesse
ambiente das Festas de São João Batista ao longo dos tempos é possível imaginar
os encontros, os casamentos, batizados, as danças, as rezas, a culinária, os
causos dos “cumpade” e das “cumade”, as prosas sobre emancipação política da
futura cidade, formando assim a cultura local.
Em última
análise, a cidade surgiu em torno da festividade de São João Batista. Então se
pergunta: Por que se investe tão pouco nessa festa? Por que a desvalorizam
tanto?
Em se
tratando de um evento cultural não podemos esperar retorno financeiro e sim retorno
em formação sócio cultural, mostrar às novas gerações que essa é a nossa
identidade de nascimento. Nenhuma sociedade resiste às influencias da cultura
de massa sem valorizar a cultura local. Pensem nisso senhores gestores
municipais ( especialmente as Secretarias de Turismo e da Cultura, a Câmara de
Vereadores, bem como a comunidade Católica).
Em nossa
região várias cidades perderam a configuração de suas festas de padroeiro para
as festas comerciais. Outras estão conseguindo manter a tradição fazendo
adaptações e com isso vem atraindo um grande número de turistas. A cultura
local é um elemento importante da indústria turística, desde que seja
valorizada, fomentada e não descaracterizada.
Então o que
fazer? Reunir os seguimentos sociais de Divinópolis interessados no assunto e
fazer um projeto amplo de melhorias e adaptações. Lembrando que a festa se
transformou em “duas”, uma da Igreja e outra dos ambulantes. No entanto, sem a
primeira não acontece a segunda. Convém trabalhar para ambas melhorarem e consequentemente
o turismo na cidade tende a crescer.
Como? As
Secretarias de Turismo e de Cultura se encarrega da promoção de um grande
Festival de Quadrilha. Deslocaria para Divinópolis muitos grupos de Dança e
adeptos dessa cultura nacional. As disputas formaria uma torcida apaixonada
pelas coreografias, o enredo, a evolução, o figurino, o conjunto de cada grupo
que se apresenta para os jurados.
A construção da Fogueira Oficial da Festa de
São João agregando vários elementos dessa cultura popular, e para animar a
festa, contratação de Bandas oriundas do folclore junino. Em pouco tempo se tornaria o maior São João
do Nordeste Goiano, sem dúvida alguma. Os recursos podem ser captados com a Lei
de Incentivo à Cultura, o que não seria nada impossível com uma emenda
parlamentar.
Os Festeiros do Padroeiro São João Batista se
encarrega de melhorar a Quermesse introduzindo os elementos da tradição da
religiosidade popular como a Folia. O evento litúrgico também tem muitas
possibilidades de melhorias como shows religiosos, missa campal, som e palco de
capacidade técnica à altura da festa e do público, entre outras.
Os recursos
podem vir do aluguel de Locação dos Pontos de Vendas dos Ambulantes que, em
pouco tempo aumentaria em quantidades superiores às atuais. Que se faça um
acordo estabelecendo a obrigatoriedade da aplicação desses recursos na melhoria
da própria festa.
Tudo isso
debatido e dialogado em um projeto da Câmara de Vereadores para o bem de
Divinópolis de Goiás, seu turismo e cultura.
Com a
capacidade que a cidade possui de promover o Campeonato de Futebol; a Festa do
Trabalhador; a Vaquejada e os Rodeios, não tenho dúvidas que terão todas as
condições de revigorar a Festa do Padroeiro São João Batista.
(Por Dalvan Gomes-
Professor de História. Colégio Estadual Germana Gomes )
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