Dois tiros
sem nenhum autor. Dois mortos numa casa vigiada por quatro seguranças sem
nenhum culpado.
O
assassinato de Paulo César Cavalcante Farias e de Suzana Marcolino da Silva
completa duas décadas na próxima quinta-feira com a mesma pergunta sem
resposta: "Quem matou PC Farias?".
Faz 20 anos
que se busca uma solução para um crime que abalou a política brasileira nos
anos 90 e que, desde o júri em 2013, foi reconhecida como duplo homicídio.
Até hoje,
porém, não se sabe quem atirou no tesoureiro de campanha do ex-presidente
Fernando Collor (1990-92). Nem se houve mandante para o assassinato da peça
central do esquema de corrupção que levou ao primeiro impeachment do país, em
1992.
PC foi
encontrado morto na manhã de 23 de junho de 1996 pelos seguranças. Vestindo
pijama, estava na cama, ao lado da namorada, numa casa de praia em Guaxuma,
litoral norte de Maceió. Cada um levara um tiro no peito.
A primeira
hipótese dizia: Suzana, que comprara um revólver Rossi calibre.38, matou PC e
depois se suicidou. O motivo: ele estaria determinado a terminar o namoro.
"Quando
os corpos foram encontrados, de imediato as secretarias de Segurança e Justiça
declararam que foi crime passional", lembra George Sanguinetti, professor
de medicina legal, coronel reformado da PM e um dos primeiros a contestar o
suicídio.
Na
madrugada, pouco antes de morrer, Suzana deixou três recados na caixa postal do
celular de um dentista em São Paulo, com quem se consultara na véspera.
"Espero um dia rever você, nem que seja na eternidade", disse.
Os tiros não
foram ouvidos, segundo os seguranças, pois era época de festas juninas.
Um laudo do
legista Fortunato Badan Palhares confirmaria a tese de homicídio seguido de
suicídio. Havia só um porém: ele deixara de medir Suzana na exumação. Dera a
ela 1,67 m com base numa ficha, e a PC, 1,63 m.
Comentários
Postar um comentário