Os
integrantes da quadrilha presa nesta segunda-feira (21) na operação
"Panoptes" pretendiam fraudar o concurso da Câmara Legislativa do
Distrito Federal, cujo edital foi publicado nesta manhã, segundo a Polícia Civil.
A informação
foi descoberta a partir da interceptação de conversas da quadrilha, que
planejava o esquema para dezembro – provável data de realização da prova.
De acordo
com as investigações, a suspeita é de que a quadrilha tenha recebido dinheiro
para "furar filas" em exames dos últimos anos. Dois alvos de prisão
preventiva foram presos em 2005 por fazer parte da "Máfia dos
Concursos", esquema criminoso semelhante.
De acordo
com o delegado Brunno Ornelas, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado
(Deco), ao menos uma centena de pessoas participou das fraudes como
contratantes do serviço, para "furar a fila". Segundo ele “quase
todos os concursos foram fraudados nos últimos dez anos”.
Só o começo
A polícia
confirmou que pelo menos os concursos da Terracap, da Secretaria de Saúde e dos
Bombeiros foram fraudados. As investigações ainda não chegaram ao número exato
de pessoas envolvidas e de exames fraudados no DF.
“Nos
assustamos com o tamanho de fraudes que aconteceram. Além de estudar muito, tem
que contar com a sorte. As bancas têm que tornar mais rígidos os procedimentos
de segurança. Hoje é muito fácil entrar com celular no local de prova”, disse
Ornelas.
Diante
disso, a Polícia Civil informou que a operação deve se desdobrar em outras
fases para investigar a fundo todas as bancas que aplicam provas de concurso
público na capital. A pena para fraude nestes casos é de três a oito anos de
prisão.
Os exames
alvo da quadrilha ou que estão marcados para ocorrer – como o da Câmara
Legislativa – não devem ser cancelados. No entanto, nos casos em que a fraude
for identificada, a polícia informou que vai convocar os servidores para depor
e que pode pedir a exoneração do cargo.
Estratégia
A quadrilha,
de acordo com a Polícia Civil, agia de quatro formas. Em uma delas, o candidato
usa um ponto eletrônico (espécie de fone de ouvido) para receber as instruções
sobre o gabarito. Em outra, o candidato deixava aparelhos celulares em pontos
do local de prova, como o banheiro, para consultar as respostas durante a
prova.
Os agentes
identificaram ainda o uso de identidades falsas para que uma pessoa se passasse
por outra. A polícia também investiga a participação de integrantes das bancas
examinadoras na organização criminosa.
De acordo
com o delegado responsável, o participante respondia poucas questões e
entregava o cartão resposta quase em branco. O funcionário se encarregava de
preencher as respostas corretas posteriormente.
Qualquer
pessoa podia contratar os serviços da organização, de acordo com as
investigações. Caso a vaga fosse em nível superior e o candidato não tivesse
graduação, a quadrilha também providenciava diplomas.
De acordo
com o delegado, o pagamento variava de R$ 5 a R$ 10 mil de entrada, antes da
prova. E depois 20 vezes o valor do salário do edital. Os candidatos, de acordo
com a polícia, faziam empréstimos consignados para fazer o pagamento ao grupo.
Os
candidatos eram, na maioria das vezes, abordados nas entradas de cursos
preparatórios e faculdades.
Fonte: G1
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