Em
cumprimento a mandado expedido pela Justiça em Anicuns, o padre Iran Rodrigo
Souza de Oliveira foi preso nesta quarta-feira (16/8) em Caiapônia, na Operação
Sacrilégio.
A prisão foi
determinada pelo Judiciário em atendimento a requerimento feito pelo Ministério
Público de Goiás, que investiga acusações de abuso sexual contra o religioso
feitas por jovens residentes em Americano do Brasil, município que é distrito
judiciário de Anicuns. A prisão do religioso ocorreu em Caiapônia, por cuja
paróquia ele responde.
O padre
detido foi levado para Anicuns, onde prestaria depoimento ao MP ainda hoje. O
cumprimento da ordem judicial de prisão foi feito pelo promotor Danni Sales
Silva, que conduziu as investigações, com apoio do Centro de Inteligência (CI)
do MP e das Polícias Militar e Civil. Também foi cumprido mandado de busca e
apreensão na residência do suspeito, tendo sido apreendidos no local
computador, arquivos de mídia, pen drives e um celular.
A
investigação apura, inicialmente, a prática, pelo religioso, dos crimes de
violação sexual mediante fraude (artigo 215 do Código Penal) e o previsto no
artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (adquirir, possuir ou
armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente). A partir da deflagração da operação, a apuração deve avançar
ainda para verificar se teria havido também a prática de estupro de vulnerável
(quando a vítima é menor de 14 anos).
A apuração
que está sendo conduzida pelo MP foi instruída com o depoimento das jovens que
teriam sido abusadas pelo padre e também de amigos e familiares que conheciam
as histórias. Conforme os relatos, alguns dos abusos ocorreram dentro da casa
paroquial de Americano do Brasil, no período em que o religioso esteve naquela
paróquia.
Santificação
Os depoimentos
detalharam a estratégia que teria sido utilizada pelo padre para seduzir e
convencer as vítimas a aceitar a prática do abuso. De acordo com o relato de
uma delas, hoje com 17 anos, quando tinha 14 (em 2014), ela teria procurado o
religioso e se confessado com ele, em razão de ter perdido a virgindade e estar
arrependida. O suspeito, então, a teria questionado se, caso houvesse uma forma
de ela recuperar a virgindade, ela aceitaria fazer o procedimento.
Com o “sim”
da jovem, o religioso a teria orientado a ir em casa tomar banho e retornar
depois à casa paroquial. Ao voltar, destacou a garota nas declarações ao
promotor, o padre teria dito que faria um procedimento de “santificação” para
que ela voltasse a ser virgem. Em seguida, teria solicitado que ela tirasse
toda a roupa e a teria tocado em várias partes do corpo, seios, por exemplo, e
também a genitália. O toque na vagina, segundo afirmado à vítima, teria como
finalidade exatamente “santificar” o local para a recuperação da virgindade.
Esses contatos
íntimos, salienta o depoimento, teriam continuado em outras ocasiões, como em
um encontro religioso em Caldas Novas em 2015. Nessa ocasião, o padre teria
explicado à jovem que iria tocá-la para conferir se “havia voltado a ser
virgem”.
A jovem relatou
ainda ao MP que trocou várias mensagens por aplicativo de celular com o
religioso, nas quais ele a teria orientado a seguir um outro ritual de
santificação, após o qual deveria lhe enviar, pelo celular, fotos de seu corpo
nu, incluindo da vagina, visando comprovar a “santificação”. Essa troca de
mensagens foi objeto do registro em uma ata notarial em cartório, medida
aconselhada por uma amiga da garota, e também de uma medida judicial de
interceptação telemática, que comprovou as conversas.
Já com as
conversas sob monitoramento telemático, o suspeito, neste mês de agosto,
solicitou novamente por mensagem novas fotos da vítima, em várias posições,
incluindo a genitália. Com base nessas mensagens, a equipe do CI solicitou a
identificação do proprietário do número do celular, confirmando pertencer ao
padre. Esse fatos levararam ao requerimento da prisão preventiva e à
deflagração da operação.
Com uma
outra jovem ouvida pelo MP, os fatos, bem semelhantes, inclusive com o ritual
da santificação, teriam ocorrido quando ela tinha 21 anos, também em 2014.
Fonte: MPGO
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