Nesta segunda-feira
(11), comemora-se o Dia Nacional do Cerrado. A conservação do bioma,
considerado o berço das águas, é estratégica para manutenção de rica
diversidade. Possui grandes reservas subterrâneas de água doce que abastecem importantes
bacias hidrográficas, geram energia e contribuem para a produção agrícola e o
bem estar das pessoas. Apesar disso, o Cerrado sofre com sérias ameaças.
Uma delas
refere-se ao animal símbolo do bioma: o lobo-guará. Ele está na lista das
espécies em risco de extinção. Os pesquisadores do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trabalham para melhorar a conservação do
animal, que sofre com o avanço da pecuária, com a plantação da cana, milho e
soja. E o trabalho do ICMBio, realizado com outros parceiros, tem produzido
resultados positivos.
Soltura
Em novembro,
os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos
Carnívoros (Cenap), em conjunto com o Instituto Pró-Carnívoros e a Universidade
de Franca (SP), vão soltar uma loba-guará na natureza nas imediações do Parque
Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais.
Depois de
solta, ela também será monitorada para se conhecer melhor sobre seus hábitos
durante o período de adaptação à nova vida. O analista ambiental Rogério Cunha
de Paula, do Cenap, conta que uma outra loba monitorada por coleira acabou de
ter filhotes, cujo desenvolvimento será acompanhado de longe pelos
pesquisadores
Hoje, a loba
está em um cativeiro em uma área natural aos pés da Serra da Canastra. Neste
espaço, o mamífero recebe comida e é acompanhado pelos pesquisadores. Além
disso, desperta a atenção de lobos-guará que rondam o espaço do cativeiro na
área natural.
O animal foi
resgatado ainda filhote depois que os pais desapareceram em meio a uma queimada
em um canavial no interior de São Paulo em agosto do ano passado. Os
pesquisadores querem replicar essa experiência de reabilitar filhotes em
cativeiros naturais para depois soltá-lo na natureza.
Programa
Os
pesquisadores do ICMBio, em parceria com outros órgãos, desenvolvem várias
ações para a conservação do lobo-guará. Em 2004, 10 instituições moldaram a
base para o Programa de Conservação do Lobo-Guará, conduzido pelo Cenap e
Instituto Pró-Carnívoros. Eles levantam informações sobre a estimativa populacional,
dispersão de jovens, saúde, genética, comportamentos e dieta.
Juntos,
executam ainda ações de educação ambiental e implementam estratégias práticas
de conservação como a construção de galinheiros para prevenir os ataques de
lobos e outros carnívoros à criação doméstica. O programa é considerado um
exemplo mundial de sucesso de conservação de uma espécie ameaçada pelos
impactos positivos na ciência e conservação.
Pelas ações
executadas com o lobo-guará, em 2012, o pesquisador Rogério Cunha de Paula foi
um dos 40 profissionais da conservação no mundo selecionados ao título de
“Herói da Vida Selvagem” em uma publicação norte-americana
(wildlifeheroes.org).
Unidades de conservação
Outra ação
importante na proteção do Cerrado são as unidades de conservação, como o Parque
Nacional de Brasília, no DF, e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em
Góias. No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, Veadeiros foi
ampliado de 65 mil hectares para 240 mil hectares, ou seja, quase quatro vezes
o seu tamanho atual, por decreto assinado pelo presidente da República. Isso
assegurou o título de Patrimônio Mundial dada pela Unesco ao parque goiano.
Além de Alto
Paraíso, Cavalcante e Colinas do Sul, que já eram abrangidos pelo parque, os
novos limites incluem parte dos municípios de Teresina de Goiás, Nova Roma e
São João da Aliança, formando com outras áreas protegidas da região – APA
estadual do Pouso Alto e 22 reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs)
– e mais o território quilombola Kalunga um vasto mosaico de unidades de
conservação.
O parque é
refúgio de espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas (só existem no local),
como o cervo-do-Pantanal, lobo-guará, pato-mergulhão e a onça-pintada, maior
mamífero carnívoro da América do Sul.
Comunicação
ICMBio
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