MP-GO participa de audiência pública com MPF sobre dano ambiental por mineradora no rio Bezerra em Arraias e Campos Belos/GO
O promotor
de Justiça Bernardo Monteiro Frayha, participou, na terça-feira, de audiência
pública realizada na Câmara Municipal de Arraias, no Tocantins, que tratou do
monitoramento das ações previstas em termo de ajustamento de conduta firmado
com o Ministério Público Federal, para adequação ambiental da empresa Itafós
Mineração Ltda., principalmente em relação aos impactos socioambientais
causados pela mineradora. As atividades da empresa impactam, em especial, as
águas do Rio Bezerra que divide os Estados de Goiás e Tocantins, e onde está
localizado o município de Campos Belos.
A audiência,
presidida pelo procurador da República Humberto Aguiar Júnior, teve como
integrantes da mesa diretiva o promotor de Campos Belos, Bernardo Frayha; o
presidente da Câmara Municipal de Arraias, Carlos César da Silva; o procurador
municipal de Arraias, Márcio Moreira; os secretários de Meio Ambiente das duas
cidades, José Souza e Mauro Melo, além de dirigentes da mineradora e da
Fundação Natureza do Tocantins (Naturatins),e Manoel Neves, representando a
comunidade.
O público,
conforme registrado pelos organizadores, foi bastante representativo, uma vez
que estiveram presentes moradores de Arraias e Campos Belos de diversas
profissões e atividades. Entre eles estavam médicos, ribeirinhos, pescadores,
quilombolas, professores e vereadores, todos preocupados com os impactos
causados pela empresa.
A empresa
Itafós, embora esteja sediada no município de Arraias, seus rejeitos são
encaminhados ao Rio Bezerra que, por sua vez, deságua no município de Campos
Belos. Na audiência o promotor esclareceu que tem recebido algumas denúncias de
ribeirinhos sobre situação do Rio Bezerra. Assim, mesmo a empresa e os órgãos
fiscalizadores serem de outro Estado, o promotor solicitou análise da água pela
Saneago e uma vistoria pelo 1º Batalhão da Polícia Militar Ambiental de Goiás.
Durante a audiência pública o promotor de Justiça informou aos presentes o
laudo referente à análise da amostra de água do Rio Bezerra e apontou
evidências de contaminação por rejeito de mineração, relatando que os
parâmetros de turbidez e coliforme total não obedecem ao determinado pelo
Conama nº 357/2005.
Deliberações
Para os
participantes, é imprescindível a mitigação dos danos, tendo sido deliberado
que a Naturatins, fundação ligada ao governo do Tocantins, deverá encaminhar,
até julho próximo, a análise conclusiva dos relatórios da Itafós, especialmente
sobre a qualidade da água do Rio Bezerra, no que se refere às condições de uso
nas atividades de agricultura e pecuária familiar das comunidades ribeirinhas.
Também será verificado na Agência Nacional de Águas (Ana) e na Secretaria de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins (Semarh) o andamento da
solicitação da mineradora sobre a constituição do comitê da bacia hidrográfica
que abrange o município de Arraias e, se já existente, sobre a
representatividade da população local.
A audiência
integra o conjunto de ações dentro do procedimento administrativo do MPF para
acompanhamento do termo de ajustamento de conduta firmado com o órgão, no ano
passado, no âmbito de uma ação movida pela instituição federal contra a
mineradora, em 2014.
Atuação do MP-GO
O promotor
de Justiça Bernardo Frayha relata ter recebido, no final de abril deste ano,
reclamação sobre a qualidade da água do Rio Bezerra, que se apresentava, há
mais de 15 dias, barrenta e cujo leito estava coberto por uma lama vermelha,
suspeitando-se que os danos teriam sido provocados por resíduos da barragem.
Imediatamente, o promotor determinou uma diligência no local, constatando-se
que as águas estavam muito sujas, mesmo não tendo chovido há vários dias na
região.
No dia
seguinte à denúncia, o promotor tomou declarações sobre o funcionamento da
barragem, sistema de tratamento e um histórico da empresa. Foi determinado,
nessa mesma data, a coleta de amostras de água no rio e na barragem da empresa,
que foram encaminhadas para a Saneago para análise.
Em conjunto
com o Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, também foram tomadas várias
providências pela promotoria local, entre elas a averiguação dos supostos danos
ambientais pelo Ibama, Polícia Militar Ambiental. Alguns resultados dos estudos
técnicos solicitados já foram encaminhados à Promotoria de Justiça, cujos dados
devem ser compartilhados com o MPF para subsidiar as ações fiscalizatórias do
órgão.
Fonte: MPGO
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