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Em documentário, André D’Elia retrata Chapada dos Veadeiros e o risco de extinção do Cerrado



Em 2017, depois de ser atingido pelo maior incêndio de sua história, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros ganhou os noticiários. Desde muito antes o cineasta, e ativista, André D’Elia já acompanhava, mesmo de forma relativamente rasa, as transformações do local, mantendo os olhos atentos a degradação do Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul.

O engajamento do diretor nas causas ambientais acabou fazendo com que seu caminho se cruzasse com o da Fundação Mais Cerrado e que do encontro nascesse o projeto da realização de um documentário.

Agora, três anos depois, Ser Tão Velho Cerrado faz sua estreia nacional. O filme, cuja distribuição é fruto de um financiamento coletivo, é destaque da programação semanal do Cine Cultura, e pretende contar, em menos de duas horas, uma história de 40 milhões de anos.

Com um tom didático e bastante acessível ao público, a intenção do longa é conscientizar o espectador sobre a importância do bioma, que cobre todo a região da Chapada dos Veadeiros, além de dar voz a quem veste a camisa da luta em prol da preservação do meio ambiente.

Integrante do chamado Cinema Pedrada, estilo independente que aborda questões socioambientais buscando desencadear ações e mudanças, não é de hoje que André usa a câmera de maneira política. Em 2012, ele dirigiu Belo Monte, Anúncio de uma Guerra, documentário que registrou os danos ocorridos nos arredores do rio Xingu, onde fica localizada a usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira. Em 2015, veio A Lei da Água - Novo Código Florestal, filme que mostrava os impactos da lei sobre a floresta e, consequentemente, sobre a vida de cada cidadão.

Partes fundamentais

Os personagens principais de seu novo filme são os próprios moradores da Chapada dos Veadeiros que apontam as mudanças pelas quais a região vem passando nas últimas décadas. Os depoimentos abrem espaço para as falas de especialistas em uma espécie de costura do diálogo entre comunidade científica, agricultores familiares, grandes proprietários de terra e defensores do meio ambiente. “O filme tem muita urgência em chegar às pessoas. Elas precisam ver o desmatamento que segue a passos largos e ouvir o que as comunidades tradicionais têm a dizer”, defende André.

Ele defende a criação de um debate acerca de uma política agrária e agrícola mais condizente com as necessidades e com a vocação ecoturística do Brasil. Assim em uma espécie de visita guiada pela biodiversidade da Chapada, o que André apresenta é um filme-denúncia, tratando de questões como a importância hídrica do Cerrado, seu potencial farmacológico e alimentar, os aspectos culturais relacionados ao bioma e as discussões sobre o Plano de Manejo da APA do Pouso Alto, além de falar da existência de alternativas economicamente sustentáveis, como o ecoturismo.

Ser Tão Velho Cerrado, escolhido pelo público como melhor filme da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental 2018, tem a participação especial dos atores Juliano Cazarré e Reynaldo Gianecchini e do mestre espiritual Prem Baba. Em Goiânia, o filme estreia hoje, às 20 horas, no Cine Cultua. No sábado a exibição ocorre mais cedo, às 18h30, pois será seguida de um debate com a presença do cineasta André D’Elia. Compondo a mesa estão também o geólogo Laerte Ferreira, o biólogo Maurivan Vaz Ribeiro e a cordenadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da UFG, Elaine Silva.

Fonte: O Popular

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