Governador Ronaldo Caiado entrega PEC da Previdência à Assembleia Legislativa e garante: "Assumo 100% a responsabilidade"
Fotos Octacilio Queiroz |
Após uma
série de estudos e debates, o governador Ronaldo Caiado entregou nesta
segunda-feira (28/10) ao presidente da Assembleia Legislativa de Goiás,
Lissauer Vieira, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê uma
reforma da Previdência no âmbito do serviço público estadual e que abrange
também os municípios.
Convencido
de que trata-se de uma medida necessária e urgente para reduzir o déficit
orçamentário do Estado, que este ano fechará em R$ 2,9 bilhões, o governador
garantiu: "Assumo 100% a PEC que estou encaminhando à Alego. Se tem alguém
responsável para atender por ela, sou eu, governador. Não quero transferir a
nenhum deputado".
Diante de
parlamentares, prefeitos e secretários de Estado, que se reuniram no auditório
da Secretaria da Economia, Ronaldo Caiado teceu críticas ao fato de o texto
aprovado recentemente pelo Congresso Nacional não ter incluído estados e
municípios – por isso a iniciativa de criar uma própria PEC em Goiás. “Não
podemos procrastinar uma decisão”, reforçou, citando como exemplo que já houve
três vezes o aumento de alíquota e de arrecadação, mas, mesmo assim, o déficit
da Previdência cresceu em todos os momentos. “Vamos deixar de lado as posições
partidárias e vamos ter um ponto de concórdia, que é Goiás”, conclamou.
Caiado
adiantou que as regras da PEC da Previdência em Goiás, matéria restrita aos
servidores públicos, são idênticas à aprovada no âmbito federal. Como exemplo,
a idade para aposentadoria, que é de 65 anos para homens e de 62 para mulheres.
Também há previsão de estabelecer tempo mínimo de contribuição para garantir o
benefício. Agora, caberá aos parlamentares goianos a discussão da matéria em
plenário.
Trâmite
Depois de receber
o documento em mãos, o presidente da Alego, Lissauer Vieira, reforçou a defesa
que tem feito sobre a necessidade da reforma. “Temos a consciência de estar
fazendo o melhor para a população do Estado de Goiás e, principalmente, para os
aposentados e pensionistas. Estamos tentando evitar o caos de chegarmos no fim
de 7, 8 ou 10 anos e os aposentados e pensionistas não receberem”, salientou.
O
parlamentar disse ainda que o projeto será recebido com tranquilidade e que
todos os deputados terão prerrogativa de apresentar emendas, de discutir ou
fazer audiência pública. "Vamos fazer dentro da celeridade possível e
necessária, mas dentro de um debate. E esse debate vai ser muito tranquilo,
sendo que os parlamentares vão poder votar contra ou favorável, expressando as
suas opiniões”, garantiu.
Segundo
Lissauer, o primeiro passo do trâmite na Alego será o encaminhamento de uma
cópia do documento para cada gabinete. A PEC da Previdência dos servidores
públicos de Goiás deve ser lida em plenário nesta semana e precisa de pelo
menos dez sessões ordinárias para começar a tramitar, período para que
deputados ou a mesa diretora, se quiserem, fazer alguma audiência pública,
discutir ou debater com os servidores. "Não posso garantir o prazo, mas
vamos tentar, dentro da celeridade atual, colocar esse ano em discussão."
Atual cenário
No evento, a
secretária da Economia, Cristiane Schmidt, apresentou números sobre a saúde
financeira de Goiás, bem como os gastos com previdência. Em resumo, afirmou que
o Estado não cabe dentro das próprias despesas. Como exemplo, citou que de 2003
a 2019, o crescimento da receita foi de 297%, enquanto a despesa aumentou 328%.
Só a folha de pagamento cresceu 490% em 15 anos. “O governo está operando no
vermelho”, sublinhou.
Hoje, de
cada R$ 100 do caixa do Governo de Goiás referente à Receita Líquida do Tesouro
(RLT), R$ 86 vão para quitar os salários dos funcionários públicos ativos e
inativos. Se somar o que é pago em precatórios – dívidas antigas do Estado
negociadas com os servidores – chega a 99% de comprometimento dos recursos.
Mensalmente, o Estado destina R$ 1,3 bilhão só para folha de pagamento. Destes,
cerca de R$ 230 milhões por mês são do déficit. No cenário atual, se nada for
feito, o Estado continuará impossibilitado de realizar os investimento que 7
milhões de goianos esperam nas áreas de saúde, educação e segurança pública,
além de políticas sociais.
Após
apresentar os dados, Cristiane defendeu que mudar as regras da Previdência é
uma das reformas estruturais necessárias no Brasil. “O maior benefício está no
longo prazo, o que mostra a posição de estadista do nosso governador. Caiado
está tomando uma posição difícil, que é fazer uma reforma que não
necessariamente ele vai se beneficiar”, disse, referindo-se ao fato de que
somente as próximas gestões estaduais poderão sentir os reflexos positivos da
reforma. “A população vai ser a maior beneficiada, porque vai poder ver o
Estado podendo fazer investimentos.”
Presidente
da GoiásPrev, Gilvan Cândido reforçou que a intenção do governo estadual é
replicar as regras já aprovadas para servidores públicos federais. E que tais
medidas são o caminho para organizar o Estado. “Temos que ter a clareza da
necessidade de organizar o sistema previdenciário. Ao não organizar, teremos
uma situação muito delicada, de comprometimento do orçamento”, salientou.
Para o
representante da GoiasPrev, se nada for feito agora, os próximos governantes
terão que escolher entre realizar compromissos do Estado ou pagar benefícios
previdenciários. Em 10 anos, o déficit que hoje é R$ 2,9 bilhões pode saltar
para R$ 5,9 bilhões. Do contrário, caso haja uma reforma previdenciária, essa curva
caminha para um cenário melhor. Segundo a projeção, em 2029 a economia
acumulada pode chegar a R$ 8,1 bilhões.
Presidente
da Federação Goiana dos Municípios, Haroldo Naves elogiou o pulso firme de
Caiado, por apresentar a PEC, e reafirmou o apoio das 176 prefeituras que
contam com regime próprio de previdência social (RRPS) – e que farão parte da
reforma. “Essa é uma matéria importante para todos os municípios”, pontuou,
afirmando que em 20 anos, a economia dos municípios será de R$ 16.323 bilhões.
Além do
vice-governador Lincoln Tejota, também participaram da entrega da PEC os
deputados estaduais Bruno Peixoto, Cairo Salim, Humberto Aidar, Rafael Gouveia,
Álvaro Guimarães, Wilde Cambão e Rubens Marques; os secretários Anderson Máximo
(Casa Civil), Bruno D’Abadia (Administração), Fábio Cammarota (Governadoria),
Ernesto Roller (Governo), tenente-coronel Luiz Carlos de Alencar (Casa
Militar); os presidentes Silvio Fernandes (Ipasgo), e Adalberto Amorim
(Associação Goiana dos Municípios).
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