Por Dalvan
G. Silva
Aproxima-se
o inicio do ano letivo e o objetivo da escola de desenvolver uma visão plural
do mundo, cada vez mais singulariza nas questões do pragmatismo da sociedade
contemporânea. A SEDUC/GO propagou a ideia de que só há aprendizado com o
currículo pré-estabelecido.
Os alunos não aprendem com os projetos
extracurriculares (aulas no contraturno com currículo específico) em áreas como
cultura e cidadania. Esse tipo de ideia configura como fundamentalismo
curricular e espacial. Houve um período na educação que havia aula de EMC
(Educação Moral e Cívica) e OSPB (Organização Social e Política do Brasil).
Mais tarde
transferiram esses conteúdos para os projetos extracurriculares. E hoje os
gestores da educação o transformaram em “bode expiatório” da aprendizagem. Com
isso acabaram as noções de cidadania, civismo e solidariedade humana.
Os jovens
não sabem, nunca viram, e não querem saber do GREMIO ESTUDANTIL que tem por
finalidade entre tantas, a formação política do estudante. Não propiciamos essa
“oportunidade de fazer política” aos alunos e queremos que os jovens assumam a
política na cidade para melhorar a situação que está em curso. Na definição
ampla a política é:
...uma atividade
orientada para a tomada de decisões
de um grupo para alcançar determinados objetivos.
Os técnicos
da educação da Secretaria Estadual afirmam que fora da sala é tempo perdido, só
pra “encher linguiça”. O pior é que o Conselho Estadual da Educação, Diretores,
Pais, Professores, Escritores, Editores, Políticos, alunos e Secretários Municipais
estão de acordo com esse engodo. Para eles essas atividades culturais não
melhora o IDEB escolar. Enquanto isso a Educação Particular valorizam as
atividades de projetos.
Nos
municípios estão seguindo este mesmo conceito. Em São Domingos, a Secretaria de
Educação reza a cartilha do órgão estadual. Um exemplo disso é o que assistimos
na Escola Municipal Pe. Geraldo C.
Ferracioli. Deliberadamente estão pretendendo extinguir os bons projetos de
artes/música que funcionam há muito tempo naquela Unidade Escolar.
O que
percebo é exatamente o contrário, há necessidade de adoção de novos projetos na
Escola Monte Sião por exemplo. Alegam que os objetivos dos projetos não
atingem todos os participantes.
Então
devemos acabar com todas as escolas uma vez que não atinge 100% dos que nela
ingressam. Ou será que TODAS as crianças que iniciam sua vida escolar, concluem
a faculdade? Em uma turma de 50 alunos,
se metade deles desenvolver as habilidades do que se propõe o projeto, podemos
considerar bem investido os recursos.
O que
norteia esse tipo de pensamento é o conceito neoliberal das mentes brilhantes
estabelecidas no interior dos órgãos educacionais do Estado.
Pra essa
gente, os recursos da Educação, Saúde e Previdência não é investimento, é
gasto. É lógico que é investimento já que os recursos disponibilizados na
formação dos jovens posteriormente
retornarão à sociedade através dos serviços prestados por pessoas qualificadas
nos vários ramos de atividades.Com isso ganha o País, o Estado e o Município um
cidadão de caráter aprimorado.
Esses
pragmáticos não contextualiza o aprendizado. No sentido de valorizar o que se
aprende fora do currículo com as atividades culturais desenvolvidas no ambiente
escolar. Na filosofia de resultado não serve a assimilação de outras
competências que não seja a estampada no currículo. O ensino está sendo conduzido tão somente
para sua aplicação prática no IDEB. E a aplicação para a VIDA da pessoa humana
não conta?
Para o professor
Antonio Dias de Figueiredo da Universidade de Coimbra Portugal, a escola de
hoje, inspirou-se no cartesianismo, que privilegia tudo o que é racional,
deixando de fora aquilo que é emocional. Esta visão racionalista do ensino
desenvolve as competências racionais da criança e evita os aspectos emocionais,
artísticos e as visões humanistas do mundo. E ele ainda conclui,
..."Se ao
professor for dada a hipótese de agirem como pessoas inteligentes e não como
"funcionários"... Um professor apaixonado consegue fazer
milagres."
Os adultos
da minha época me deram oportunidades de participar das atividades escolares
fora da sala de aula. E posso dizer com certeza absoluta, muito do que aprendi
foi nesse ambiente.
É um
aprendizado de cidadania, de valores, de solidariedade humana, do aprimoramento
do caráter. Esses aprendizados são imperceptíveis no momento, mas que aos
poucos vai transformando a vida do jovem.
No entanto,
as mentes pragmáticas dos gestores só reconhece aprendizado com aplicação
imediata. O aprendizado em longo prazo não tem valor algum para o IDEB da
escola e do “status quo” do seu governo. Muitos dos meus professores nem sabem
que “aquela oportunidade” foi importante pra mim. Hoje eu digo a eles do fundo
do meu coração o quanto eles me ensinaram.
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