sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O ensino além do IDEB. Por Dalvan Gomes da Silva



Por Dalvan G. Silva

Aproxima-se o inicio do ano letivo e o objetivo da escola de desenvolver uma visão plural do mundo, cada vez mais singulariza nas questões do pragmatismo da sociedade contemporânea. A SEDUC/GO propagou a ideia de que só há aprendizado com o currículo pré-estabelecido.

 Os alunos não aprendem com os projetos extracurriculares (aulas no contraturno com currículo específico) em áreas como cultura e cidadania. Esse tipo de ideia configura como fundamentalismo curricular e espacial. Houve um período na educação que havia aula de EMC (Educação Moral e Cívica) e OSPB (Organização Social e Política do Brasil).

Mais tarde transferiram esses conteúdos para os projetos extracurriculares. E hoje os gestores da educação o transformaram em “bode expiatório” da aprendizagem. Com isso acabaram as noções de cidadania, civismo e solidariedade humana.

Os jovens não sabem, nunca viram, e não querem saber do GREMIO ESTUDANTIL que tem por finalidade entre tantas, a formação política do estudante. Não propiciamos essa “oportunidade de fazer política” aos alunos e queremos que os jovens assumam a política na cidade para melhorar a situação que está em curso. Na definição ampla a política é:

                     ...uma atividade orientada  para a tomada de decisões
 de um grupo para alcançar determinados objetivos.

Os técnicos da educação da Secretaria Estadual afirmam que fora da sala é tempo perdido, só pra “encher linguiça”. O pior é que o Conselho Estadual da Educação, Diretores, Pais, Professores, Escritores, Editores, Políticos, alunos e Secretários Municipais estão de acordo com esse engodo. Para eles essas atividades culturais não melhora o IDEB escolar. Enquanto isso a Educação Particular valorizam as atividades de  projetos.

Nos municípios estão seguindo este mesmo conceito. Em São Domingos, a Secretaria de Educação reza a cartilha do órgão estadual. Um exemplo disso é o que assistimos na Escola Municipal Pe. Geraldo  C. Ferracioli. Deliberadamente estão pretendendo extinguir os bons projetos de artes/música que funcionam há muito tempo naquela Unidade Escolar. 

O que percebo é exatamente o contrário, há necessidade de adoção de novos projetos na Escola Monte Sião por exemplo. Alegam que os objetivos dos projetos não atingem  todos os participantes. 

Então devemos acabar com todas as escolas uma vez que não atinge 100% dos que nela ingressam. Ou será que TODAS as crianças que iniciam sua vida escolar, concluem a faculdade?  Em uma turma de 50 alunos, se metade deles desenvolver as habilidades do que se propõe o projeto, podemos considerar bem investido os recursos.

O que norteia esse tipo de pensamento é o conceito neoliberal das mentes brilhantes estabelecidas no interior dos órgãos educacionais do Estado.

Pra essa gente, os recursos da Educação, Saúde e Previdência não é investimento, é gasto. É lógico que é investimento já que os recursos disponibilizados na formação dos jovens  posteriormente retornarão à sociedade através dos serviços prestados por pessoas qualificadas nos vários ramos de atividades.Com isso ganha o País, o Estado e o Município um cidadão de caráter aprimorado.

Esses pragmáticos não contextualiza o aprendizado. No sentido de valorizar o que se aprende fora do currículo com as atividades culturais desenvolvidas no ambiente escolar. Na filosofia de resultado não serve a assimilação de outras competências que não seja a estampada no currículo.  O ensino está sendo conduzido tão somente para sua aplicação prática no IDEB. E a aplicação para a VIDA da pessoa humana não conta?

Para o professor Antonio Dias de Figueiredo da Universidade de Coimbra Portugal, a escola de hoje, inspirou-se no cartesianismo, que privilegia tudo o que é racional, deixando de fora aquilo que é emocional. Esta visão racionalista do ensino desenvolve as competências racionais da criança e evita os aspectos emocionais, artísticos e as visões humanistas do mundo. E ele ainda conclui,
..."Se ao professor for dada a hipótese de agirem como pessoas inteligentes e não como "funcionários"... Um professor apaixonado consegue fazer milagres."

Os adultos da minha época me deram oportunidades de participar das atividades escolares fora da sala de aula. E posso dizer com certeza absoluta, muito do que aprendi foi nesse ambiente.

É um aprendizado de cidadania, de valores, de solidariedade humana, do aprimoramento do caráter. Esses aprendizados são imperceptíveis no momento, mas que aos poucos vai transformando a vida do jovem.

No entanto, as mentes pragmáticas dos gestores só reconhece aprendizado com aplicação imediata. O aprendizado em longo prazo não tem valor algum para o IDEB da escola e do “status quo” do seu governo. Muitos dos meus professores nem sabem que “aquela oportunidade” foi importante pra mim. Hoje eu digo a eles do fundo do meu coração o quanto eles me ensinaram.

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