Mais detalhes sobre a apreensão de maquinas do PAC em São Domingos/GO. Outras cidades da região entram na mira.
O Ministério
Público Federal em Luziânia/Formosa (MPF), em parceria com o MPGO/Promotoria de
Justiça de São Domingos, conseguiu decisão favorável da Justiça Federal em
Formosa – na última segunda, 9 de fevereiro, em medida cautelar de busca e
apreensão, ajuizada no dia 19 de dezembro – que determinou a apreensão, por uso
indevido, de uma máquina retroescavadeira, uma motoniveladora e um caminhão
basculante, de propriedade do Município de São Domingos, distante 600
quilômetros de Goiânia, no nordeste de Goiás.
As máquinas foram apreendidas na manhã última
quarta, 11 de fevereiro, com o auxílio da Polícia.
O maquinário
foi doado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ao Município de São
Domingos/GO para ser utilizado apenas em obras de interesse social com o
objetivo de promover a agricultura familiar e a reforma agrária, em especial a
recuperação de estradas vicinais, como parte da execução do programa do Governo
Federal PAC-2.
No entanto,
investigações realizadas em conjunto pelo MPF em Luziânia/Formosa e o
Ministério Público do Estado de Goiás/Promotoria de Justiça de São Domingos
(MPGO), para apurar suspeitas de irregularidades administrativas cometidas pelo
Município de São Domingos, constataram que as máquinas estavam sendo utilizadas
em desacordo com a destinação prevista.
Em vez de
estarem recuperando as precárias estradas que dão acesso aos projetos de
assentamento da reforma agrária na região, apurou-se que o maquinário estava
sendo utilizado ilegalmente para abertura de estradas, cascalhamento,
construção de valas, construção de barragens, entre outras obras, em grandes
propriedades rurais de particulares.
Vale
esclarecer que os fatos vieram ao conhecimento do Ministério Público em
dezembro de 2014, durante audiência pública realizada no Assentamento Marcos
Corrêa Lins, situado na zona rural de São Domingos/GO, quando o procurador da
República Onésio Soares Amaral, acompanhado dos promotores de Justiça Douglas
Chegury, Paulo Brondi, Diego Braga e Úrsula Catarina, ouviram dezenas de
queixas dos assentados sobre deficiências na implementação de direitos, bem
como a respeito da situação calamitosa das estradas locais, que impediam,
inclusive, o transporte escolar dos estudantes.
As denúncias
também davam conta de que as máquinas do PAC-2 estavam atendendo apenas aos
grandes fazendeiros, enquanto os pedidos dos assentados haviam sido deixados em
segundo plano.
A visita ao
assentamento fez parte de uma série de atividades (verificação presencial do
andamento de obras federais em diversos municípios do nordeste goiano e
comparação com o cronograma de execução proposto, entre outras) do denominado
“Programa de Incentivo à Fiscalização dos Recursos Públicos pelo Cidadão: MP
brasileiro no combate à corrupção” que está sendo desenvolvido conjuntamente pelo
MPF em Luziânia/Formosa (procurador da República Onésio Amaral) em conjunto com
o MPGO/Promotorias de Justiça de Cavalcante (Úrsula Catarina), de São Domingos
e de Iaciara (Douglas Chegury), de Alto Paraíso de Goiás e de Campos Belos
(Paulo Brondi) e de Posse (Diego Braga), desde o segundo semestre de 2014.
O programa
deve incluir em uma segunda fase (primeiro semestre de 2015) as promotorias de
Justiça de Alvorada do Norte, de Flores de Goiás e de Formosa.
Em sua
decisão (click aqui), o juiz federal Eduardo Luiz Rocha Cubas, da Subseção de
Formosa, justificou o deferimento da medida liminar de apreensão em razão do
risco de perda do direito pela provável deterioração do maquinário sujeito à
irresponsável e irregular utilização.
O presidente
de uma das associações do Projeto de Assentamento Marcos Corrêa Lins, José
Oscarino, foi designado como fiel depositário das máquinas.
Para o
procurador da República Onésio Amaral, a decisão judicial “é importante porque
dá ressonância ao trabalho de combate à corrupção e aos desvios na aplicação
dos recursos públicos, tão clamado pela sociedade brasileira, razão pela qual o
MP brasileiro tem se articulado para dar uma resposta à altura”.
Fonte: MPF-GO
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