Daniel Antônio e a mulher, Elizeth Bruno, foram atingidos com golpes na cabeça |
“Desavenças
administrativas culminaram em uma discussão de caráter pessoal que terminou
nessa tragédia. Ele disse que agiu sozinho.” A informação do advogado Douglas
Dalto Messora, que acompanhou o ex-secretário de Finanças de Matrinchã, Hélio
Alves Soyer, em seu depoimento à Polícia Civil na terça-feira não convenceu
parte dos moradores da cidade, abalada no dia 4 ao tomar conhecimento do brutal
assassinato do prefeito Daniel Antônio de Sousa e da primeira-dama Elizeth
Bruno de Barros.
O secretário
admitiu ao titular da Delegacia Especial de Investigações Criminais (Deic),
Kleber Toledo, à frente do inquérito que apura o duplo homicídio, que matou o
casal, mas sem a ajuda de ninguém.
Ontem de
manhã, a Polícia Civil chegou a convocar uma entrevista coletiva para falar
sobre o assunto, entretanto o delegado Kleber Toledo se limitou a dizer que “a
polícia tem o dever legal de manter o sigilo necessário das investigações, por
isso não vamos nos manifestar enquanto não tivermos um resultado cabal”.
A postura do
delegado, mesmo após ouvir a confissão de Hélio Soyer, indica que as
investigações prosseguem e podem estar vinculadas à disputa de poder em
Matrinchã. “Fiquei sabendo que havia uma divergência política mas, se for esse
o motivo, a polícia vai descobrir. Ele não comentou nada”, disse o advogado de
Hélio Soyer.
“A que ponto
chegou a política de Matrinchã!”, exclamou uma correligionária de Daniel
Antônio diante da residência do casal no dia em que os corpos foram
encontrados.
Segundo ela, na véspera, o prefeito estava
muito triste e confessou ter vontade de “abrir um buraco para entrar dentro”. A
outros amigos, ele disse estar “decepcionado”. Antes de voltarem para casa, em
um setor conhecido como Agrovila, ele e Elizeth sentaram para uma conversa com
os secretários de administração, Cleyb Bueno, e de Finanças, Hélio Soyer.
Oficialmente, a informação era de que o tema seria a Festa do Peão, mas esse
era o assunto preferido citado por Daniel Antônio e seus auxiliares quando
queriam despistar curiosos.
“Na saída da
casa do Cleyb, Daniel e Hélio tiveram um diálogo áspero e o prefeito o convidou
para continuar a conversa na casa dele. Lá, eles discutiram e quando Hélio
atingiu o Daniel com uma faca, a Elizeth entrou no meio”, detalhou o advogado
Douglas Messora.
Segundo o
criminalista, em momento algum do depoimento Hélio Soyer citou outros nomes que
poderiam estar envolvidos no duplo homicídio. “É possível uma única pessoa
fazer um ato desses”, disse o advogado.
Ainda na
varanda da casa, o prefeito e a primeira-dama foram atingidos com golpes na
cabeça e tiveram o pescoço cortado. Os dois corpos foram arrastados para o
interior da casa.
Perda de poder
O POPULAR
apurou que Hélio Soyer, escolhido secretário de Finanças desde o início do
mandato do prefeito assassinado de Matrinchã, estava descontente porque foi
perdendo poder dentro da prefeitura. Ele já tinha ocupado o mesmo cargo entre
os anos de 2005 e 2008, no segundo mandato do ex-prefeito Natalino Lucas. Na
eleição de 2012, ele apoiava a candidatura de Ercimar Marques de Almeida, mas
como ele desistiu do pleito a 15 dias da votação, seu grupo decidiu investir em
Daniel Antônio, que foi eleito depois de duas tentativas frustradas de
conseguir chegar ao cargo de prefeito.
Hélio Soyer,
que chegou a Matrinchã no início dos anos 80, nunca exerceu um cargo político
no município, mas era considerado um estrategista. Em Matrinchã, todos sabiam
que ele tinha chegado ao cargo de secretário pela composição política.
Fonte: O
Popular
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