Guarani de Goiás, Mambaí, Nova Roma, Divinópolis, Cavalcante e São Domingos são afetados pelos cancelamentos de convênios da Funasa
A Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) cancelou R$ 56,10 milhões em convênios com
municípios goianos assinados entre 2012 e 2018. A revogação faz parte de R$
1,03 bilhão em cortes de contratos em todo o País, feitos via portaria
publicada na semana passada e cuja justificava principal é a insuficiência
orçamentária para execução dos objetos pactuados. No Estado, o setor mais
afetado é o de saneamento básico.
No País,
foram 849 contratos cancelados, entre 3.460 firmados e que somam R$ 2,81
bilhões, sendo a maioria envolvendo sistemas de abastecimento de água. Em
Goiás, 29 cidades serão impactadas pelos cortes de 30 convênios – à exceção de
Chapadão do Céu, cidade no extremo Sul goiano, todos os outros têm um convênio
cada –, sendo 10 relacionados à construção de sistema de coleta ou tratamento
de esgoto e oito a sistemas de abastecimento de água.
Outros seis
contratos são relacionados à educação em saúde ambiental, quatro aos programas
de melhoria Habitacional para o Controle da Doença de Chagas e Sanitária
Domiciliar. Há ainda uma pesquisa para propor melhorias aos sistemas de
abastecimento de água e uma obra de resíduos sólidos.
Os maiores
contratos em Goiás são das prefeituras de Jandaia, no Sul goiano, e Abadiânia,
cidade do Entorno de Brasília. Cada um dos municípios firmou convênio de R$ 7
milhões: o primeiro para implantação do sistema de esgoto sanitário e o segundo
para construção do sistema de sistema de abastecimento de água.
A prefeita
de Jandaia, Milena Moura (MDB), disse a prefeitura entrará com ação na Justiça
para evitar o cancelamento, por se tratar de uma questão de saúde pública, visto
que a cidade de aproximadamente 6 mil habitantes não possui rede de coleta e
tratamento de esgoto. “O recurso já está empenhado, só precisamos inserir o
processo licitatório e temos prazo de vigência até dezembro, então, vamos
entrar com ação.”
Para ela, o
governo não pode cancelar o convênio, uma vez que a prefeitura fez
investimentos para a realização da obra, além de que o projeto da obra foi
feito pela própria Funasa. “Desapropriamos uma área e já fizemos o pagamento.
Então, o município já gastou e vai perder muito com isso. A população vai
perder”, relata.
O projeto,
segundo explica a engenheira ambiental da prefeitura Marta Arce de Brito, é
para a construção da rede de coleta de esgoto e uma estação de tratamento
(ETE). “O município não possui sistema de coleta e tratamento de esgoto; é tudo
lançado no córrego”, ressalta.
Nordeste Goiano
Municípios
do nordeste goiano afetados pelos cancelamentos de convênios pela Funasa;
Guarani de Goiás, Mambaí, Nova Roma, Divinópolis, Cavalcante e São Domingos.
Insegurança
O consultor
orçamentário e especialista em convênios públicos Renatho Melo afirma que as
prefeituras têm razão em buscar a Justiça. “Obviamente vivemos um processo de
crise orçamentária, mas o governo federal não pode celebrar o convênio, dar um
cheque ao prefeito e depois sustá-lo. Não pode haver insegurança jurídica na
celebração dos convênios.”
Segundo ele,
o governo federal dá um “calote” nas prefeituras e aponta para a importância
dos projetos, sobretudo daqueles que envolvem saneamento básico – um terço dos
convênios rescindidos em Goiás são de sistemas de esgotamento sanitário.
“Falamos de saúde pública. Há cidades, como Brazabrantes, por exemplo, que estão
ao lado do Rio Meia Ponte e não têm sistema de esgoto. E o rio abastece a
região metropolitana.”
A cerca de
40 quilômetros de Goiânia, Brazabrantes tinha convênio de R$ 4 milhões para
construção do sistema de esgoto. A reportagem procurou a Funasa, mas não
recebeu resposta até o fechamento da edição.
Cancelamentos
Além de
Goiás, outros 11 Estados tiveram 30 ou mais convênios cancelados. Com 112
cancelamentos, a Bahia foi o Estado mais afetado, seguido de São Paulo (95) e
Minas Gerais (74). Juntas, as três unidades da Federação somam R$ 240,76
milhões em contratos revogados. No Centro-Oeste, Goiás teve mais convênios
cancelados. Em Mato Grosso, foram 23. No Mato Grosso do Sul, 18, enquanto no
Distrito Federal, apenas um.
Fonte: O
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