Quatro PMs são absolvidos em caso da Operação Sexto Mandamento. Eram suspeitos de participação em grupo de extermínio em Alvorada do Norte/GO e mais 4 municípios
Os quatro policiais
militares acusados de envolvimento na morte de Murilo Alves de Macedo, de 26
anos, em agosto de 2010, foram absolvidos na tarde desta terça-feira, dia 11,
em julgamento no Tribunal de Júri de Goiânia. O major Vitor Jorge Fernandes, de
35 anos, os 2º sargentos Cláudio Henrique Camargos, de 48, e Alex Sandro Souza
Santos, de 44, e o 1º sargento Ricardo Rodrigues Machado, de 38, foram
considerados inocentes do crime por decisão unânime.
A absolvição
foi requerida pelo próprio Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO),
mediante a tese da negativa de autoria. A defesa, por sua vez, sustentou que os
réus eram inocentes, pois teriam agido amparados pelas excludentes de ilicitude
da legítima defesa e do estrito cumprimento do dever legal, conforme reforçou o
advogado Thales Jayme à imprensa após o término do julgamento. “O que houve, na
verdade, foi um confronto entre eles e a vítima, que culminou no óbito dela”,
afirmou.
Durante a
sessão, presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes
Dolosos Contra a Vida, as testemunhas foram dispensadas pelo Ministério Público
do Estado de Goiás e apenas os réus foram interrogados.
Os policiais
foram presos durante a Operação Sexto Mandamento, deflagrada pela Polícia
Federal (PF) em 15 de fevereiro de 2011, e foram investigados por suspeita de
participação em grupo de extermínio. Após serem reintegrados à Polícia Militar,
todos estão na ativa, sendo três em cargos administrativos.
Processo
De acordo
com a denúncia, Murilo roubou o Honda Civic de um policial militar quando este
saía do estacionamento de uma clínica médica no Setor Bueno, em Goiânia. No
veículo, teria ficado uma pistola deste policial. Um dia depois do roubo, o
carro foi avistado na saída para Trindade por um policial de folga. Ele
contatou o Comando de Operações da Polícia Militar (Copom) e solicitou a
confirmação de que se tratava do automóvel roubado, solicitando reforço em
seguida.
Inicialmente
incluídos no processo, dois policiais militares foram desconectados e, por
isso, não foram julgados. São eles Fritz Figueiredo e Hamilton Costa Neves.
Segundo o entendimento do Ministério Público, não houve provas de participação
deles no caso.
Deflagrada
em 2011 pela Polícia Federal, a Operação Sexto Mandamento tinha como objetivo investigar
práticas de homicídios em que haveria simulação de confrontos. Entre as vítimas
estariam também pessoas que não teriam envolvimento com práticas criminosas.
Fatos foram apurados em Rio Verde, Goiânia, Formosa, Alvorada do Norte e
Acreúna. Julgamentos já foram realizados no interior do Estado e, na capital,
faltava o caso de Murilo. Os quatro policiais que foram julgados nesta
terça-feira (11) ficaram cerca de 9 meses presos. Deste período, quatro meses
foram de reclusão no Presídio Federal de Campo Grande.
Juiz do
caso, Jesseir explica que eles foram soltos em 2011 e compareceram a todos os
atos processuais. Na época do crime, Vitor Jorge Fernandes era tenente e os
demais eram cabos. De lá para cá, todos subiram de patente na corporação e
continuam em serviço.
Vitor Jorge
Fernandes era tenente da Rotam e atualmente trabalha na Inteligência da Polícia
Militar. Apesar de ter hoje a patente de Major, afirma que a denúncia o impediu
de continuar nas ruas e, desde então, atua apenas em funções administrativas.
“Matei em defesa da minha equipe e não procede que eu integre grupo de
extermínio. Como vou participar de um grupo com policiais que nem conheço?”,
questionou.
Alex Sandro,
tem 22 anos de PM. Também cabo em 2010, hoje é 2º sargento, mas diz que desenvolveu
síndrome do pânico e que a prisão afetou sua vida profissional, particular e
sua saúde. “Saí para trabalhar às 9h e voltei 9 meses depois. Ficamos a mesma
ala de Fernandinho Beira Mar. Não tenho nenhuma outra denúncia na minha
carreira, trabalho dentro da legalidade”, afirmou ao júri.
Fonte: O
Popular
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