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Cavalcante/GO: Comunidades Kalunga recebem permissões de cultivo mecanizado



O Governo de Goiás entregou as permissões de cultivo mecanizado para as lavouras das comunidades Kalunga, em Cavalcante. As 47 autorizações foram assinadas pela secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis, e atendem uma demanda antiga das comunidades tradicionais da região.

Além da utilização de maquinário no cultivo, o documento regulamenta pequenas supressões vegetais para abertura de novas roças para diversificação de culturas.

O cultivo mecanizado foi um pedido feito pelos quilombolas ao governador Ronaldo Caiado durante visita, ao lado da secretária Andréa Vulcanis, aos tradicionais festejos da Romaria do Vão do Moleque, no dia 14 de setembro. Um encontro realizado no dia 08 de outubro serviu para debater com a população local a proposta de regulamentação do cultivo nas roças da região, esclarecer dúvidas e colher as assinaturas com os pedidos dos primeiros beneficiários.

Segundo a secretária Andréa Vulcanis, as autorizações são importantes para acabar com a incerteza vivida pelos Kalunga nos últimos anos. “Com a autorização, nós vamos colocar dentro da lei o que ainda não tinha normativa e acabar com a incerteza da comunidade, que chegou a ficar sem plantio por medo de represálias das autoridades”, afirma.

“É bom lembrar que não era proibido, nada impedia a utilização das máquinas nas áreas abertas, mas agora estamos formalizando esta autorização de uso, especialmente as que envolvem pequenas supressões de vegetação nativa”, destaca a secretária.

Os quilombolas alegavam que eram obrigados a utilizar a técnica tradicional de roças de toco, ou roças de coivara, predominantemente manual, e com uso do fogo. De acordo com informações do Ibama local, muitos quilombolas chegaram a ser multados e a comunidade denunciava ameaças de prisão e apreensão de maquinários em caso de uso de implementos agrícolas para preparo do solo.

Com as autorizações em mãos, a comunidade Kalunga pode dar início imediato aos plantios mecanizados em roças já abertas, recomendando-se que não sejam realizadas intervenções nas margens dos rios e córregos, nas nascentes, encostas íngremes, topos de morros, montes, montanhas, serras e veredas.

Nascida e criada na comunidade do Vão do Moleque, Teodora de Aquino comemorou a autorização. “Um trator facilita demais nosso trabalho. Hoje, trabalhamos só na enxada e para limpar a terra vai ser muito bom”, disse. A vizinha Joana Lima da Conceição também se mostrou satisfeita com a mudança. “Queremos a melhora para nós aqui no sertão. Essa mudança dá força aqui para a comunidade, nós precisamos muito”, afirmou.

Andrelina Soares de Souza exemplificou a dificuldade dos kalunga da região com o cultivo manual de antigamente. “Sou sozinha, não tenho marido e estava sem poder plantar minha roça. Agora, se Deus quiser isso vai mudar”, contou.

Comunicação Semad

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