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Estudantes de comunidades kalungas recebem tablets para qualificação profissional



O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) lança nesta sexta-feira, dia 17, em Monte Alegre de Goiás, o programa Qualificampo.

A iniciativa foi criada para garantir aos estudantes da zona rural melhor capacitação profissional por meio da modalidade EaD (educação a distância).

Representando o governador Marconi Perillo, a secretária Raquel Teixeira estará presente na solenidade, que será realizada às 12 horas na comunidade Kalungas 2, na Fazenda Riachão. Ela participará da aula inaugural do curso e ainda fará a entrega de 200 tablets aos alunos do curso técnico em Meio Ambiente das comunidades kalungas dos municípios de Monte Alegre de Goiás, Iaciara e Cavalcante.

Por conta da dificuldade de acesso à internet, a Seduce criou um atendimento diferenciado para os estudantes kalungas. “A saída foi utilizarmos os recursos da plataforma Moodle, um ambiente de suporte ao ensino e aprendizagem que nos permitiu disponibilizar todo o material didático de forma off-line”, explica João Batista Peres Júnior, chefe do Núcleo de Organização e Atendimento Educacional (Nuoaed), a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce).

Peres Júnior explica que os módulos poderão ser acessados tanto por tablets quanto por meio de smartphones. A atualização dos conteúdos será realizada a cada 15 dias, durante as aulas presenciais nos polos de apoio. O curso de Meio Ambiente tem carga horária de 1.200 horas e duração de 2 anos.

MedioTec

Peres Júnior informa também que dentro do programa Qualificampo, a Seduce vjá está oferecendo outros dois cursos técnicos profissionalizantes, com o objetivo de ampliar as chances dos alunos no mercado de trabalho após a conclusão do Ensino Médio.

As duas outras opções são Lazer e Infraestrutura Escolar. O de Lazer ofertou 420 vagas e conta com polos em São Miguel do Araguaia, Porangatu, Minaçu, Novo Gama e Goiânia. Já o de Infraestrutura Escolar, com 150 vagas, possui polos em Goiânia e Uruaçu.

Segundo o chefe do Nuoaed, os cursos estão sendo ofertados em parceria com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC) por meio do programa MedioTec, lançado recentemente pelo governo federal. “Ao todo, nesse primeiro momento, são 830 vagas e 15 polos de apoio”, diz Peres Júnior.

Ele destaca ainda que, em Goiás, o Qualificampo levará qualificação profissional também às populações ribeirinhas, povos indígenas, assentamentos, escolas agrícolas e famílias que trabalham com agricultura familiar.

Elaine Machado Silveira, coordenadora geral de EaD do Nuoaed, reforça que todos os alunos terão apoio dos coordenadores dos polos, moderadores presenciais e de um moderador a distância.

Comunidades Quilombolas em Goiás

Goiás é o maior quilombo em extensão territorial do Brasil, com cerca com 253 mil hectares de Cerrado. Os calungas (em português) ou Kalungas (em banto) são os maiores representantes, localizados ao Norte da Chapada dos Veadeiros.

Kalunga é o nome de uma árvore do Cerrado brasileiro com poderes de cura e também de um córrego no Vão do Paranã. Na língua banto, Kalunga significa lugar sagrado.

A área ocupada pelos Kalungas foi reconhecida pelo Governo de Goiás, desde 1991, como sítio histórico que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga, também reconhecido pela Unesco como maior área de quilombo do Brasil.

A região habitada por eles fica na microrregião Chapada dos Veadeiros, Nordeste do Estado, distante 600 km de Goiânia e 330 km de Brasília. Banhada pelos Rios Paranã e de Almas, repleta de cachoeiras. Assim é a região em que habitam as comunidades de quilombolas kalungas em Cavalcante de Goiás. A beleza natural é algo que impressiona aos visitantes.

Às margens do Rio Paranã, afluente do Tocantins, a comunidade dos Kalunga fica numa área de Cerrado,  dividida em cinco núcleos: Vão do Moleque, Ribeirão dos Bois, Vão das Almas, Contenda e Kalunga, cada um subdividido em várias localidades. Essa área é caracterizada por relevo acidentado, que dificulta o acesso a essas populações e das comunidades até os centros urbanos. Essa situação foi favorável para mantê-los isolados, preservando a identidade do grupo e o protegendo de ataques dos brancos.

História

Nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros, cerca de vinte comunidades remanescentes de quilombos mantiveram-se isoladas por quase trezentos anos. Esta população, estimada em 10 mil pessoas, conservou traços de sua cultura e uma forma muito especial de empregar e entoar as palavras.

Com identidade e cultura própria, as comunidades dos Quilombolas estão diretamente relacionadas à história da ocupação do território brasileiro.

Os quilombos surgiram a partir do início do ciclo da mineração no Brasil, quando a mão de obra dos escravos passou a ser utilizada nas minas de ouro, espalhadas pelo interior do País.

Com as dificuldades do trabalho na mineração e as péssimas condições de vida dos escravos, as fugas eram frequentes para o interior do Brasil, em lugares cada vez mais isolados (os chamados Vãos), dando origem aos Quilombolas.

Num tempo em que no Brasil não havia liberdade para negros, eles se embrenharam no sertão goiano vencendo dificuldades e descobrindo no vão das serras a chance de reconstruir suas vidas. Chamaram este lugar de Kalunga.

Comunicação Setorial da Seduce

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