As propinas
pagas a fiscais do Ministério da Agricultura para afrouxar a fiscalização em
frigoríficos abasteceram o PMDB e o PP, segundo a Polícia Federal, que deflagrou
a Operação "Carne Fraca" nesta sexta (17).
"Uma
parte dos valores era revertida para esses partidos", disse o delegado
Maurício Moscardi Grillo.
A PF não
sabe, porém, os motivos que levaram os fiscais a repartir parte dos valores que
recebiam-se por indicações políticas ou outras razões.
Também não
foram identificados quem eram os políticos beneficiados.
Um dos
citados na investigação foi o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio
(PMDB-PR), que na época era deputado federal. Ele aparece em grampo
interceptado pela operação conversando com o suposto líder do esquema
criminoso, chamando-o de "grande chefe". A PF, porém, não encontrou
indícios de ilegalidade na conduta do ministro, que não é investigado.
Os fiscais
recebiam os valores, muitas vezes, dentro de isopores, por transferências
bancárias em nome de terceiros ou até como picanhas e outras carnes nobres.
A reportagem
entrou em contato com os partidos, mas não obteve resposta.
Alguns dos
principais frigoríficos do país estão na mira da Operação Carne Fraca, da
Polícia Federal, como BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e JBS, dona das
marcas Seara e Big Frango. No total, cerca de 30 empresas estão na mira da
operação, incluindo fornecedoras dos grandes frigoríficos.
A Justiça
Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas.
O objetivo
da operação, que deverá cumprir 38 mandados de prisão, é desarticular uma
suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério
da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de
produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.
A investigação
revelou até mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, por
alguns frigoríficos, e a reembalagem de produtos vencidos.
Ainda,
segundo a investigação, os frigoríficos exerciam influência direta no
Ministério da Agricultura para escolher os servidores que iriam efetuar as
fiscalizações na empresa, por meio do pagamento de vantagens indevidas.
De acordo
com a Receita Federal, que também participa da investigação, os fiscais
valeram-se de distribuição de lucros e dividendos de empresas fantasmas, da
montagem de redes de fast food em nome de testas de ferro e da compra de
imóveis em nome de terceiros para esconder o aumento de patrimônio.
EMPRESAS INVESTIGADAS
1. Santa Ana
Comercio De Alimentos LTDA
2. Dalchem
Gestão Empresarial LTDA
3. Fênix
Fertilizantes LTDA,
4.
Multicarnes Representacoes Comerciais Ltda
5. Unifrango
Agroindustrial S/A, Mc Artacho Cia Ltda
6. Frigomax
- Frigorifico E Comercio De Carnes Ltda
7. Smartmeal
Comercio de Alimentos LTDA
8. Sub Royal
Comercio De Alimentos
9. Unidos
Comércio De Alimentos Ltda
10. Bio-Tee
Sul Am. Ind. De Prod. Quím. E Op. Ltda, Primor Beef
11. Jjz
Alimentos S.A
12. Peccin
Agro Industrial Ltda
13. Uru
Pfp-produtos Frigorificados Peccin Ltda
14.
Frigorífico Souza Ramos LTDA
15. Big
Frango Indústria E Com. De Alimentos Ltda
16.
Principio-Alimentos Ltda Me
17.
Frigorífico Rainha da Paz
18. Frango a
Gosto
19.
Frigorífico 3D
20.
Jaguafrangos Industria E Com. De Alimentos Ltda
21. Pavin
Fertil Industria E Transporte Ltda
22. Primocal
ind. E com. De fertilizantes ltda
23.
Fortesolo Servicos Integrados Ltda
24. Fratelli
E.H. Constantino
25. Sidnei
Donizeti Bottazzari ME
26.
Medeiros, Emerick & Advogados Associados
27. Seara
Alimentos LTDA
28. Dagranja
Agroindustrial LTDA
29.
Frigorífico Argus LTDA
30. BRF -
BRASIL FOODS
31. JBS S/A
32. Doggato
Clínica Veterinária LTDA ME
PRISÕES PREVENTIVAS DECRETADAS
13 fiscais
agropecuários, incluindo Daniel Gonçalves Filho, apontado como líder do
esquema, além de um ex-assessor parlamentar
Gil Bueno de
Magalhães, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná
Fabio Zanon
Simão, assessor parlamentar do Ministério da Agricultura
Roney
Nogueira Dos Santos, gerente de Relações Institucionais da BRF; André Luis
Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste
Flavio Evers
Cassou, funcionário da Seara
Idair
Antonio Piccin, Nair Klein Piccin e Normélio Peccin Filho, sócios do Peccin;
José Eduardo Nogalli Giannetti, funcionário do frigorífico
Nilson Alves
Ribeiro, sócio do Frigobeto Frigoríficos, e seu pai e sócio, Nilson Alves
Ribeiro
Paulo
Rogério Sposito - dono do frigorífico Larissa
PRISÕES TEMPORÁRIAS DECRETADAS
Alice Mitico
Nojiri Gonçalves, mulher do fiscal apontado como líder do esquema, e Rafael
Nojiri Gonçalves, filho do casal
6 fiscais
agropecuários, um funcionário da Codapar (Companhia de Desenvolvimento
Agropecuário do Paraná) e um funcionário do Ministério da Agricultura em
Londrina.
Fonte:
FolhaPress
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