O golpe em Niquelândia/GO

O município goiano que no momento enfrenta o maior drama social relacionado ao desemprego é Niquelândia, atingido pela desativação das atividades de extração e beneficiamento de níquel, explorado pela empresa Votorantim. Há um histórico político-social referente a essa exploração.

O falecido ex-governador Mauro Borges, cuja administração ocorreu entre 1961 e 1964, criou algumas empresas estatais. Ele era de formação militar e integrava a corrente chamada nacionalista. Uma das principais empresas criadas por ele foi a Metago, que atuaria na área de exploração de minérios.

Mauro se empenhou muito para que a Metago conquistasse o controle da exploração de níquel no município goiano de Niquelândia, mas enfrentou a total resistência do grupo Votorantim. Realizou-se uma campanha com grande apoio popular, sob o chamativo “O níquel é nosso”; mas o grupo Tocantins, que já havia conquistado a concessão, levaria a melhor.

O grupo era comandado na época pelo senador José Ermírio de Moraes, que foi pedir apoio ao então presidente João Goulart. Conseguiu o apoio total.

E isto acabaria contribuindo muito para um rompimento, na prática, entre Mauro e Goulart. O Níquel na época tinha excelente cotação internacional e o grupo Votorantim iria desfrutar, por décadas, de extraordinário lucro com o produto.

O grupo Votorantim assegurou extraordinária faixa de lucros também com a fabricação de cimento no município de Cocalzinho. Quando a fábrica começou a funcionar, Cocalzinho ainda era distrito do município de Corumbá de Goiás.

A fábrica se beneficiava de gigantesca reserva de calcário. A Votorantim acabou paralisando a fábrica, que, mais recentemente, voltou a funcionar, pertencendo agora a um grupo francês.

A Votorantim é um grupo muito poderoso, com grande presença nos mercados nacional e internacional, com altos lucros também nos setores de celulose, suco de laranja, energia elétrica e reflorestamento. E não obstante todas essas vantagens frustrou Niquelândia - por extensão, toda a população de Goiás, paralisando a extração de níquel e o beneficiamento do mineral, causando o desemprego de milhares de trabalhadores, considerando os empregos diretos e indiretos.

Até 2011 o grupo tinha o comando de Antônio Ermírio de Moraes, que demonstrava ter bom nível de sensibilidade social. Com a morte dele, com certeza, a empresa não possui mais essa qualificação. É pena, pois foi um verdadeiro golpe em Niquelândia.

Fonte: O Popular