O juiz
Sergio Moro disse, neste sábado (8), em um evento na Universidade Harvard, em
Boston, que o caixa dois de campanha é uma "trapaça, um atentado à
democracia" e é "pior" do que a corrupção praticada para
benefício próprio.
"Me
causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para
fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito
de campanha eleitoral", afirmou. "Para mim, a corrupção para fins de
financiamento de campanha é pior que o de enriquecimento ilícito."
Moro
exemplificou seu argumento dizendo que pegar uma propina e colocar em uma conta
na Suíça é crime, mas o dinheiro "não estará fazendo mal a mais ninguém
naquele momento".
"Agora
se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para
mim é terrível. Eu não estou me referindo a nenhuma campanha eleitoral
específica, estou falando em geral", disse, na Brazil Conference, evento
organizado por alunos brasileiros em Harvard.
A
jornalistas, depois de sua fala, Moro disse que a tipificação do crime de caixa
dois hoje é "imperfeita" e defendeu pena maior para esse crime.
"[É preciso] uma melhor descrição do crime [de caixa dois] e precisa de
uma elevação da pena, que não seja tanto quanto corrupção, mas precisa ser
maior do que a prevista hoje."
Ao chegar no
auditório lotado, no qual esteve menos de duas horas antes a ex-presidente
Dilma Rousseff, Moro foi aplaudido de pé por praticamente toda a plateia.
Durante a
exposição, o juiz criticou o Congresso por não avançar com o pacote de medidas
anticorrupção do Ministério Público. Ele ainda disse que desfigurar as
propostas é "muito grave".
"Democracia
é isso aí, apresentar propostas a nossos representantes eleitos. Não acho que
tem necessidade de aprovar integralmente [as dez medidas], mas o parlamento tem
de ter sensibilidade em relação aos anseios de uma sociedade que se indignou
com esses casos graves de corrupção", afirmou. "Se não aprovarem
essas, aprovem outras."
Fonte:
Folhapress
Comentários
Postar um comentário