Os
trabalhadores dos Correios decidiram entrar em greve, segundo a Federação
Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares
(Fentect). A paralisação, iniciada às partir das 22h de quarta-feira (26)
segundo a entidade, é por tempo indeterminado, caso as negociações não avancem.
A greve é contra
a privatização, demissões e retiradas de direitos, além do fechamento de mais
de 200 agências no país, segundo a Fentect. De acordo com a federação, dos 36
sindicatos filiados à entidade, 33 aderiram. Somente três estados não
participam: Sergipe, Amapá e Roraima.
Os
funcionários das agências franqueadas, que são terceirizados, não participam da
greve. A empresa possui atualmente cerca de 6.500 agências próprias, além de
mais de 1 mil franqueadas.
Em
comunicado divulgado na tarde desta quinta-feira (27), os Correios disseram que
o atendimento à população não está sendo afetado. "Somente os serviços com
hora marcada (Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje) estão suspensos", informou
a estatal.
Segundo a
empresa, a paralisação concentra-se principalmente, na área operacional, sendo
que 86,31% do efetivo total no Brasil está presente e trabalhando.
O que dizem a federação e os Correios
"Além
do fim das agências próprias dos Correios, com fortalecimento das franqueadas,
o que esvazia os negócios da empresa para a iniciativa privada, a ECT implantou
a entrega alternada em vários locais do país. Assim, aprofunda a má qualidade
na entrega de correspondências, que deixa de ser diária, retirando, dessa
maneira, o direito do cliente de receber regularmente as encomendas", diz
a federação.
Em nota, os
Correios disseram que "uma paralisação dos empregados neste momento
delicado pelo qual passa a empresa é um ato de irresponsabilidade, uma vez que
a direção está e sempre esteve aberta ao diálogo com as representações dos trabalhadores.
No entanto, os Correios irão adotar todas as medidas necessárias para garantir
a continuidade de todos os serviços". A estatal enviará mais tarde posição
sobre a adesão em todo o país.
Crise nos Correios
Os Correios
enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a
lucratividade da estatal estão em pauta. O presidente dos Correios, Guilherme
Campos, afirmou que a estatal teve um prejuízo estimado de R$ 400 milhões no
primeiro trimestre, após ter tido prejuízo anual de cerca de R$ 2 bilhões em
2015 e em 2016. Ele disse ainda que a empresa não tem condições de arcar com
sua folha de pagamentos e que demissões de servidores concursados estão em
pauta.
A estatal
não tem contatações há vários anos - o último concurso foi realizado em 2011.
Em 2016, os
Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia
atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa. “A
economia com esses 5,5 mil é de R$ 700 milhões anuais e essa marca alcançada
com o PDI fica aquém da necessidade da empresa. Precisamos ter outras ações
para enxugamento da máquina da empresa”, afirmou Campos no dia 20 de abril.
Os Correios
planejam também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de uma série de
medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.
Segundo os Correios, o fechamento dessas agências acontecerá sobretudo nos
grandes centros urbanos.
Para Campos,
outro ponto fundamental para reestruturar o orçamento dos Correios é encontrar um
novo formato para o plano de saúde dos funcionários dos Correios, o Postal
Saúde. Segundo ele, esse custeio é o responsável pela maior parte do déficit
registrado nos últimos anos.
Pelo modelo,
a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários com 7%.
“Estamos negociando com os trabalhadores, com os sindicatos, buscando uma
alternativa. Nos moldes que está é impossível de ser mantido”, diz.
Fonte: G1
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