Exatamente
um ano após deflagrar a Operação Caifás, o Ministério Público de Goiás (MPGO)
conseguiu uma contundente prova de enriquecimento ilícito de um grupo de
sacerdotes da Igreja Católica em Formosa, município do Entorno do Distrito
Federal.
O contrato
de compra e venda de uma casa lotérica, celebrado entre um dos seis clérigos
detidos na ação deflagrada por promotores e policiais civis de Goiás em 19 de
março de 2018. O negócio custou R$ 450 mil.
Na época da
operação, a Lotérica Popular da Sorte, localizada em Posse (GO), estava em nome
de dois homens apontados pela apuração como possíveis laranjas dos presbíteros.
No aniversário da Caifás, os investigadores conseguiram apreender o 1º
Instrumento de Compra e Venda, firmado em 10 de novembro de 2014, que traz o
padre Moacyr Santana como o comprador.
O
empreendimento teria sido adquirido pelo sacerdote com recursos desviados da
paróquia Divino Espírito Santo, de Planaltina de Goiás, ao custo de R$ 450 mil.
O templo religioso é uma das 33 unidades subordinadas à Diocese de Formosa, que
até abril de 2018 era comandada pelo bispo dom José Ronaldo Ribeiro, acusado
pelo MPGO de ser o líder da organização criminosa.
Segundo o
Ministério Público de Goiás, padre Moacyr era o braço direito de dom Ronaldo
nos esquemas fraudulentos. Detido pela Caifás, o bispo acabou renunciando ao
cargo após ser afastado por determinação do Papa Francisco.
Além dos
dois clérigos, foram parar na cadeia o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, os
padres Mário Vieira de Brito e Waldson José de Melo, e o juiz eclesiástico
Thiago Wenceslau de Barros. O grupo permaneceu encarcerado por um mês no
Presídio Estadual de Formosa, até ser beneficiado por um habeas corpus
concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). Estima-se que eles tenham
embolsado mais de R$ 2 milhões em dízimo dos fiéis.
Contrato
O contrato
que confirma a compra da lotérica pelo padre Moacyr, na visão do promotor que
chefia as investigações, é fundamental para atestar o desvio dos recursos da
Diocese de Formosa. “As provas colhidas são bastante robustas e demonstram que
os acusados praticaram os crimes que foram a eles atribuídos”, destaca Douglas
Chegury.
Ainda de
acordo com o promotor, apesar de a defesa tentar retardar o processo, as
investigações avançaram de forma proveitosa nos últimos 365 dias. “A defesa dos
acusados, sabedora da culpabilidade dos réus, têm tentado de forma desesperada
impedir que haja o julgamento do caso. Foram inúmeros atos de protelação e
recursos infundados. Apegam-se a formalidades insignificantes e piolham
nulidades inexistentes para delongar o andamento do caso, para levar à
prescrição e consequente impunidade”, diz.
O documento
apreendido detalha que a casa lotérica foi adquirida pelo padre Moacyr por R$
450 mil. Ele deu uma entrada de R$ 80 mil e se comprometeu a quitar o restante
em duas parcelas: de R$ 20 mil e R$ 350 mil.
Veja:
Operação Caifás
Dom José
Ronaldo está no centro das denúncias do MPGO contra a Diocese de Formosa. De
acordo com os investigadores, ele seria o mentor do esquema criminoso.
As
investigações começaram após o Ministério Público ter recebido denúncias de
fiéis que desconfiaram das irregularidades, supostamente iniciadas em 2015.
Entre as suspeitas, estava o fato de as despesas da casa episcopal de Formosa,
onde o bispo mora, terem passado de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que dom José
Ronaldo assumiu o posto.
Além disso,
segundo interceptações telefônicas, o grupo teria usado o dinheiro para comprar
bens, como fazenda de gado e veículos de luxo. A reportagem revelou, na época,
que a Diocese tinha 160 carros registrados – a maioria de luxo – mesmo tendo
apenas 33 paróquias sob sua jurisdição.
A defesa dos
envolvidos nega as irregularidades e declara a origem dos recursos como “fruto
de muito trabalho dos padres”. Além dos seis religiosos, dois empresários foram
para a cadeira acusados de atuarem como laranjas dos clérigos.
Fonte:
Metrópoles
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