Mensagens interceptadas pela PF indicam que avião de preso em operação foi usado por José Eliton em campanha política
Mensagens de
aplicativo interceptadas pela Polícia Federal indicam que o ex-governador José
Eliton (PSDB) usava o avião de um dos presos na Operação Decantação 2 durante
campanha política.
Na decisão
que determinou a prisão de cinco investigados consta que essa a ação era
“doação eleitoral” da empresa Sanefer, que recebia, por meio da Companhia de
Saneamento de Goiás (Saneago), os supostos pagamentos indevidos da Secretaria
de Segurança Pública (SSP), na época que o político acumulava a chefia da pasta
e a vice-governadoria.
Nas
mensagens entre um contato, que seria o piloto da aeronave, e um dos sócios da
empresa, o empresário cita o então chefe de gabinete de Marconi Perillo (PSDB),
que também foi preso durante a operação. O documento diz ainda que foi usado
“terminal telefônico em nome da SSP para o agendamento” das viagens, o que,
segundo a decisão, “robustece os indícios da irregularidade” cometidas por José
Eliton.
O documento
também afirma que as transferências feitas para a empresa vinham
“majoritariamente” da SSP. O mesmo sócio da Sanefer “retornava parte dos
valores a José Eliton de outras formas, ainda não esclarecidas”.
Ainda
conforme a decisão, uma terceira forma de contrapartida eram doações eleitorais
para campanhas entre 2008 e 2014 do também ex-governador Marconi Perillo
(PSDB).
Investigações
A Operação
Decantação 2, que apura suspeitas de pagamento de propina ao ex-governador de
Goiás José Eliton, deixou cinco presos e cumpriu oito mandados de busca e
apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia e outras regiões da Região
Metropolitana.
José Eliton
foi alvo de mandados de busca, mas teve pedido de prisão negado. A ação da
Polícia Federal apreendeu R$ 2,3 milhões que seriam fruto de irregularidades.
As
investigações constaram que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas
em contratos com a Saneago, mesmo com "impedimentos fiscais e não sendo
especialistas na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento
de licitação".
Conforme a
PF, os envolvidos devem responder, na medida de suas participações, pelos
crimes de associação criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa,
fraudes em processos licitatórios e lavagem de dinheiro.
Outro lado
A Saneago
informou, em nota, que "a atual gestão da empresa tem priorizado a
implantação das melhores práticas de governança, para garantir a lisura em
todos os processos da companhia, como a criação da Superintendência de
Governança". A Saneago completou que "permanece prestando toda a
colaboração necessária às investigações".
Na nota
enviada pelo advogado de José Eliton, Tito Amaral, ele informou que, no momento
da operação, o cliente estava em Posse, no interior de Goiás, onde participaria
de uma audiência como advogado, mas retorna na tarde de quinta-feira para
Goiânia. Conforme o texto, a PF cumpriu mandado de "busca de documentos no
apartamento do ex-governador, quando foi apreendido apenas um computador de uso
pessoal".
Segundo Tito
Amaral, "convém enfatizar que os fatos investigados pela operação teriam
ocorrido entre 2014 e 2016, período que José Eliton exercia mandato de
vice-governador. Não existem fatos ou elementos nesta investigação que coloquem
em suspeita a lisura de José Eliton como vice-governador ou governador".
Já a
assessoria de Marconi Perillo informou que ele não é investigado na operação e,
por isto, não vai se manifestar.
Fonte: G1
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