Em documento, Tenente-coronel que já atuou em Alto Paraíso de Goiás ameaça autoridades durante interrogatório na Polícia Federal
O
tenente-coronel da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO), que já atuou em
Alto Paraíso de Goiás, Carlos Eduardo Belele, ameaçou promotores e policiais
durante interrogatório na Superintendência da Polícia Federal de Brasília, na
noite do dia 17 de dezembro de 2018, segundo documento com a descrição do
depoimento. Na ocasião, ele tinha sido preso temporariamente por dois
homicídios e ocultação de cadáver.
Na última
terça-feira (15), Belelli, como é conhecido, e outros quatro policiais presos
pelos mesmos crimes, tiveram denúncia do Ministério Público aceita pela
Justiça. Todos estão presos há um mês.
De acordo
com o documento, após ser interrogado, por volta das 23h45, o tenente-coronel
teria dito enquanto chorava, apontando o dedo para as autoridades presentes na
sala, que iria “desgraçar” a vida deles. “Vocês vão ter o monstro que estão
criando. Eu vou desgraçar a vida de cada um de vocês. Pode constar aí no termo
se quiserem”, diz trecho da descrição, que foi assinada pelo próprio Belele.
A Associação
Goiana do Ministério Público (AGMP) e a Associação dos Magistrados do Estado de
Goiás (Asmego) emitiram uma nota de repúdio nesta quarta-feira (15) sobre o ato
do PM. Para as entidades, o policial emitiu “graves ameaças” contra membros do
MP. “Trata-se de fato gravíssimo, uma vez que qualquer tentativa de intimidação
de autoridades no estrito cumprimento de suas atribuições legais, mostra-se
totalmente incompatível com a importância do cargo ocupado pelo acusado”, diz
trecho da nota.
O advogado
do tenente-coronel, Ricardo Naves, nega que tenha havido ameaça. Ele defende
que no contexto do interrogatório, Belelli narrava a tentativa de suicídio do
filho e sua preocupação com a vida dele. “Ele não tinha intenção de ameaçar
ninguém. Vai ameaçar a PF? De jeito nenhum”. Naves também defende que o
policial é inocente em relação às acusações de homicídio e ocultação de
cadáver. Ele apresenta a versão de que as evidências do crime seriam uma
armação.
A advogada
dos outros quatro policiais presos, Rosângela Magalhães, deve entrar com
pedidos de habeas corpus ainda nesta semana. Ela defende que seus clientes
sempre estiveram disponíveis para prestar declarações, desde quando o processo
estava em fase de inquérito na Polícia Civil e por isso não apresentam prejuízo
ao andamento do caso se estiverem soltos. “Eles foram tratados como se fossem
uma extensão do outro. É preciso que se faça uma análise individualizada da
situação de cada um. Não se pode colocar todos no mesmo saco.”
A PM-GO
informou que confia no trabalho do Ministério Público e Poder Judiciário e se
manifestará após a conclusão dos trabalhos. “Informa ainda que está à inteira
disposição destes órgãos para colaborar naquilo que for solicitada”, diz trecho
da nota enviada à imprensa.
Ex-comandante
de Caldas Novas, época em que o crime ocorreu, Belelli continua preso junto aos
outros quatros policiais acusados dos mesmos crimes. A prisão temporária passou
a ser preventiva, ou seja, com prazo indeterminado. Eles são investigados na
Operação Circo da Morte pelo sequestro, morte e desaparecimento dos corpos de
Darlei Carvalho da Silva, de 31 anos e Dallyla Fernanda Martins, de 21, em
Santo Antônio do Descoberto, na noite do dia 15 de março de 2017. O corpo de
Darlei foi encontrado em uma estrada vicinal no dia seguinte. Dallyla continua
desaparecida.
Fonte: O
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