A Polícia
Civil do Distrito Federal prendeu, na última terça-feira (1º/1), em Alto
Paraíso (GO), três homens suspeitos de integrarem o suposto grupo terrorista
que reivindicou a confecção e o abandono de um artefato explosivo próximo ao
Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, na véspera de Natal (24).
O grupo
também fez ameaças de possível atentado na posse do presidente, Jair Bolsonaro
(PSL), conforme revelou o Metrópoles.
Um dos
presos teria tripla nacionalidade e viajaria para o exterior com frequência.
Todos foram
detidos após a Justiça expedir mandados de prisão temporária. Logo após as
detenções, o blog mantido pela chamada Sociedade Secreta Silvestre parou de ser
atualizado.
O fato fez
os investigadores acreditarem que o trio teria envolvimento com as ameaças. A
investigação teve participação de setores de inteligência da Polícia Federal e
da Agência Brasileira de Investigação (Abin).
Na segunda
(31/12), agentes da PCDF e da Polícia Federal já haviam cumprido sete mandados
de busca e apreensão no DF, em Goiás e em São Paulo. Em Brasília, foram
cumpridos dois mandados expedidos pela Justiça do DF. Em um dos endereços, os
investigadores encontraram um manual de como fazer bombas.
Ataque em
Brazlândia
O caso que
envolve o suposto grupo terrorista, revelado pelo Metrópoles, começou logo após
a madrugada do dia de Natal (25), quando uma pessoa que passava em frente ao
Santuário Menino Jesus, em Brazlândia, estranhou a presença de uma mochila
deixada ao lado da igreja e acionou a Polícia Militar.
A PM
verificou que se tratava de um artefato explosivo e o Grupo Antibombas do
Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi mobilizado.
Depois de
isolar as ruas próximas ao templo religioso, o material foi detonado, por volta
das 4h.
Segundo o
Bope, o artefato tinha considerável poder de destruição. O dispositivo era
formado por um cilindro de extintor de incêndio composto por pólvora e pregos,
além de um detonador movimentado por um relógio.
O suposto
grupo extremista reivindicou a autoria do atentado.
De acordo
com o funcionário da igreja Jaime Francisco, 58 anos, uma missa foi realizada
no templo no dia em que o artefato seria explodido. Conforme estimativa do
colaborador do santuário, cerca de 1 mil pessoas participaram da cerimônia
religiosa. No entanto, a ameaça aconteceu horas mais tarde.
“Já não
tinha mais ninguém aqui. Foi após a missa e o local estava fechado. Alguém viu
a mala na rua e acionou a polícia”, disse.
As investigações
conduzidas pela 18ª DP (Brazlândia) chegaram ao site Maldição Ancestral, onde o
suposto grupo terrorista Sociedade Secreta Silvestre fazia uma série de ameaças
que se estendiam ao presidente Jair Bolsonaro e a outros alvos, como a futura
ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e o presidente
da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal dom Sérgio da
Rocha.
Em trechos
de um texto publicado na internet, a suposta organização criminosa diz o
seguinte: “Se a facada não foi suficiente para matar Bolsonaro, talvez ele
venha a ter mais surpresas em algum outro momento, já que não somos os únicos a
querer a sua cabeça”.
Como as
ameaças envolviam autoridades federais, a PF, a Abin e órgãos ligados à
Presidência da República foram acionados.
Intermediário
Após revelar
a existência da suposta ameaça terrorista, a reportagem foi procurada na
sexta-feira (28) por um intermediário do grupo – ele explicou em que consiste a
organização e respondeu a 10 perguntas.
O homem, que
se identificou como “Pedro”, encaminhou o texto via e-mail por um navegador
impossível de ser rastreado, geralmente utilizado para trafegar na chamada deep
web, a parte sombria da internet composta por várias redes separadas que não
conversam entre si.
Para
garantir a veracidade das informações e confirmar que faz parte do suposto
grupo terrorista, o representante da organização mandou um arquivo de vídeo
mostrando detalhes da bomba deixada no Santuário Menino Jesus.
Pedro
afirmou que a Sociedade Secreta Silvestre é responsável, desde 2016, por pelo
menos seis ataques em território nacional. Entre eles, a explosão de uma panela
de pressão carregada com pólvora e pregos ocorrida em frente ao shopping
Conjunto Nacional, em 1º de agosto, na véspera das Olimpíadas do Rio de
Janeiro.
No documento
enviado, o homem ainda fez pouco caso das forças policiais: “Soubemos depois
que tentaram nos buscar, mas a competência foi baixa e seguimos impunes e
conspirando”.
No domingo
(30), o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio
Etchegoyen, confirmou que as ameaças de atentado contra o presidente eleito são
reais.
Durante o
último ensaio geral da cerimônia de posse, o militar ressaltou que a
preocupação das autoridades era com Bolsonaro e todas as pessoas que
acompanhariam a solenidade de posse na terça (1°).
Apesar da
preocupação e com um forte esquema de segurança, a cerimônia transcorreu sem
incidentes.
De acordo
com a Polícia Federal, as investigações sobre o suposto grupo terrorista
prosseguem em segredo de Justiça. São apurados os crimes de associação
criminosa, além de outros ilícitos que possam vir a ser identificados no
decorrer das diligências.
Fonte
Metrópoles
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