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PM suspeito de homicídios em Goiás também é investigado por corrupção em Alto Paraíso/GO



O tenente-coronel da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO), Carlos Eduardo Belele, preso preventivamente por suspeita de dois homicídios e ocultação de cadáver, também foi denunciado por corrupção passiva no ano passado. O crime teria acontecido na época em que ele era major e comandante da 14ª Companhia Independente da PM (CIPM), na região de Alto Paraíso, Norte do Estado.

Entre 2015 e 2016, Belelli, como é conhecido, receberia valores em dinheiro de fazendeiros da região para articular e realizar patrulhamentos e segurança especial a estes, segundo as investigações do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP), do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Ele contaria com o auxílio do comandante do batalhão de São João d’Aliança, Elias Alves de Souza.

A dupla cobraria valores de donos de propriedades rurais para poder evitar possíveis invasões de terra por movimentos sociais. Na ocasião, a região vivia uma disputa agrária entre donos de fazendas e a Frente Nacional de Lutas, uma dissidência do Movimento Sem-Terra (MST).

Interceptações telefônicas autorizadas pelo judiciário revelariam o esquema. Em uma delas, o então major Belelli pede indicações de nomes de policiais que aceitem receber uma diária de 300 reais para proteger uma fazenda. Ele diz que tem uma lista de 25 nomes, mas quer chegar até 40. Eles seriam convocados em caso de boato de invasão de terra.

Homicídios

Interceptações também foram usadas na investigação dos homicídios de Darlei Carvalho da Silva, de 31 anos e Dallyla Fernanda Martins, de 21, ambos ocorridos em Santo Antônio do Descoberto. Belelli e outros quatro PMs foram denunciados e tiveram prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (16). Eles já estavam detidos temporariamente há um mês pelo mesmo caso. (Veja quadro).

Em uma ligação, um dos policiais investigados sugere que Belelli deve falar os nomes dos policiais que estiveram na cidade no dia do crime, porque testemunhas já teriam visto. “É um trenzinho que você começa a omitir, é onde começa a dar problema”, diz em trecho da gravação. Mais adiante, ele aponta que um dos policiais que estavam na ocorrência não queria ter o nome envolvido na investigação. “O passa mal está naquela situação, né? Querendo sair fora. Só que é o seguinte, todo mundo viu (os policiais na delegacia da cidade no dia do crime). Tem que falar o que aconteceu, ficar omitindo não adianta.”

Defesa

A advogada do policial ouvido na interceptação, Rosângela Magalhães, explica que um dos agentes que era investigado havia sido processado e inocentado em outra ocasião. Por causa disso, alguns colegas teria cogitado que ele deveria ser poupado em um novo inquérito, mas isso não chegou a ser feito. O advogado de Belelli, Ricardo Naves, disse que está atuando no caso dos homicídios, mas nega que o cliente tenha praticado corrupção em Alto Paraíso.

Parentes se sentem inseguros com circunstâncias

Familiares de Darlei Carvalho da Silva e Dallyla Fernandes Martins dizem temer represálias e afirmam se sentir agredidos com declarações do tenente-coronel Carlos Eduardo Belele, que disse em um vídeo nas redes sociais que a família de ambos era formada por bandidos. Belelli, como é conhecido, está preso por suspeita de ter assassinado o casal com a participação de outros quatro policiais.

Em depoimento para a Polícia Federal, um parente de Darlei conta que apesar da vítima já ter sido presa, a família é formada por pessoas de bem, honestas e trabalhadoras, e que se sentiu caluniada com as declarações do policial. Uma irmã de Darlei é policial militar em outro Estado.

No mesmo depoimento, o familiar de Darlei conta que se mudou de casa por medo, porque logo depois que ele desapareceu teria sofrido ameaças veladas. Um carro com dois homens teria feito manobras de “cavalo de pau” na frente de sua residência e um deles teria gritado: “Falou que vai matar e não mata, vai morrer”. O depoente diz que não conseguiu identificar as duas pessoas porque estava escuro e com medo.

Esse parente não morava na mesma cidade que Darlei, mas conversava com ele por mensagens no celular. Pelo aplicativo WhatsApp, Darlei teria dito que queria provar a inocência do irmão, Douglas Carvalho da Silva, morto em uma suposta troca de tiros com a PM. A ocorrência que vitimou Douglas também é investigada.

Documento mostra ameaça de policial

O tenente-coronel Carlos Eduardo Belele ameaçou promotores e policiais durante interrogatório na Superintendência da Polícia Federal de Brasília, na noite do dia 17 de dezembro de 2018, segundo documento com a descrição do interrogatório. Na ocasião, ele tinha sido preso temporariamente por dois homicídios e ocultação de cadáver. (Veja quadro).

De acordo com o documento, após ser interrogado, por volta das 23h45, o tenente-coronel teria dito, enquanto chorava, apontando o dedo para as autoridades presentes na sala, que iria “desgraçar” a vida deles. “Vocês vão ter o monstro que estão criando. Eu vou desgraçar a vida de cada um de vocês. Pode constar aí no termo se quiserem”, diz trecho da descrição, que foi assinada pelo próprio Belele.

As associações do Ministério Público e dos Magistrados do Estado de Goiás emitiram uma nota de repúdio nesta quarta-feira. Para as entidades, o policial emitiu “graves ameaças” contra membros do MP. “Trata-se de fato gravíssimo, uma vez que qualquer tentativa de intimidação de autoridades no estrito cumprimento de suas atribuições legais, mostra-se totalmente incompatível com a importância do cargo ocupado pelo acusado”, diz trecho da nota.

O advogado do tenente-coronel, Ricardo Naves, nega que tenha havido ameaça. Ele defende que no contexto do interrogatório, Belelli narrava a tentativa de suicídio do filho e sua preocupação com a vida dele. “Ele não tinha intenção de ameaçar ninguém. Vai ameaçar a PF? De jeito nenhum”. Naves também defende que o policial é inocente em relação às acusações de homicídio e ocultação de cadáver. Ele apresenta a versão de que as evidências do crime seriam uma armação. “Você acha que o Belelli, se quisesse matar clandestinamente, ia jogar o corpo no caminho da volta dele para Caldas Novas? É armação em cima dele”, diz.

A advogada de outros quatro policiais presos pelos crimes, Rosângela Magalhães, diz que seus clientes sempre estiveram disponíveis para prestar declarações, desde quando o processo estava em fase de inquérito na Polícia Civil e por isso não apresentam prejuízo ao andamento do caso se estiverem soltos. “É preciso que se faça uma análise individualizada da situação de cada um. Não se pode colocar todos no mesmo saco.”

A PM-GO informou que confia no trabalho do Ministério Público e Poder Judiciário e se manifestará após a conclusão dos trabalhos.

Fonte: O Popular


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