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PM citado por suposta ajuda de coronel em esquema de corrupção em Alto Paraíso de Goiás se defende



O subtenente da Polícia Militar de Goiás Elias Alves de Souza procurou a reportagem do Correio para se defender das acusações de corrupção no estado. Ele é suspeito de ajudar o então major Carlos Eduardo Belelli a cobrar valores de donos de propriedades rurais para evitar invasões de terra por movimentos sociais.

Elias alegou nunca ter comandado o pelotão de São João d’Aliança (GO), subordinado à sede da 14º Companhia da PM em Alto Paraíso de Goiás, a 250km de Brasília.

Segundo o policial, a autoridade responsável por Alto Paraíso de Goiás também comanda São João d'Aliança. Por ser sargento à época, Elias argumentou que não tinha responsabilidade da chefia e estava subordinado a Carlos Eduardo Belelli, que hoje é tenente-coronel.

Belelli foi denunciado por dois homicídios qualificados e ocultação de cadáver em Santo Antônio do Descoberto (GO).

A denúncia de cobrança de dinheiro a fazendeiros é resultado de investigações do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP), do MPGO.

Entre 2015 e 2016, com a ajuda de Elias Alves de Souza, Belelli teria recebido valores em dinheiro de fazendeiros da região para articular e realizar patrulhamentos e segurança especial.

Em texto enviado por e-mail ao Correio, Elias disse que nunca houve cobrança por parte de nenhum policial para garantir segurança de fazendas.

“Particularmente, desafio a qualquer um que prove o contrário. Somente possuo uma conta bancária no Itaú, onde recebo meu salário. Abro mão do sigilo dela a qualquer um que interessar”, afirmou.

“Somente possuo uma linha telefônica e isso já faz mais de 13 anos, mantendo sempre o mesmo número. De igual maneira, abro mão de qualquer tipo de sigilo a quaisquer ligações”, completou.

O policial ainda ressaltou que mora de aluguel em um imóvel em São João d’Aliança há 18 anos. Disse que comprou, recentemente, um ágio de uma casa financiada e paga as prestações.

“O carro que ando é um VW Fox, ano 2003, financiado, e todos moradores de São João d’Aliança sabem disso”, detalhou.

Sobre as ações contra os movimentos sociais, Elias explicou que a Polícia Militar de Goiás agiu “dentro da legalidade”.

“A grande verdade é que a PM de Goiás na região agiu, sim, com firmeza e dentro da legalidade, contra os desocupados que diziam pertencerem a movimentos sociais e sobre uma bandeira denominada FNL e, depois MSL, tocavam o terror na região”, acusou no texto.

Ele também acusa o líder dos movimentos sociais, Hugo Daniel Maciel Zaidan, de ameaçar produtores rurais e extorquir dinheiro deles.

O policial alegou que, dentro dos acampamentos sob o comando de Hugo, foragidos da Justiça eram recapturados, veículos e motocicletas encontrados e armas apreendidas. “Infelizmente contra esse, nunca houve nenhuma ação conhecida do Ministério Público do Estado, no sentido de realizar buscas e/ou apreensões em seus acampamentos.

As ações policiais ocorreram em virtude da situação de flagrante delito, mas não orquestrada e com o devido apoio do MP”, escreveu.

Elias acusou o MPGO de agir com “parcialidade negativa em relação aos agentes públicos”.

O subtenente explicou que, à época, apresentava programa em uma rádio rural, onde criticava ações dos líderes e dos integrantes que, segundo ele, “patrocinava deliberadamente as ocupações de terras altamente produtivas”. “Tudo fez gerar empatia entre mim e os produtores rurais dos quais cultivo sólidas amizades há décadas. Por outro lado, o instigante ódio dos tais movimentos sociais”, disse.

No texto, mais de uma vez, o subtenente insiste que não recebeu dinheiro de nenhum fazendeiro para fazer a defesa da propriedade.

“E, por outro lado, já atendi e continuarei a atender muitos amigos que me solicitaram e ainda solicitam nosso apoio, seja nas noites, nos fins de semana, nos feriados prolongados. E quando estes, temendo pelas suas vidas e de suas famílias, me convidavam para estar com eles, juntamente com minha esposa e filhos, fui e continuarei indo”, escreveu.

“Atendo a todos indistintamente, seja pobre ou rico. Quem duvidar é só perguntar pelas ruas da cidade de São João d’Aliança.

Minha aprovação popular veio através do reconhecimento com um título de cidadania e também nas eleições municipais, onde obtive a 5ª colocação ao cargo de vereador”, afirmou no texto.

“Graças a Deus nunca me envolvi em ocorrência policial que tivesse o desprazer de ferir um semelhante. Nunca também respondi nenhum caso de corrupção ao longo dessas três décadas e quatro anos”, disse.

Elias ainda lamentou que policiais “caminham no fio da navalha” e, “qualquer escorregão, por menor que seja, jogam toda a carreira e história na corporação na lata do lixo”.

Ele encerrou o texto dizendo que “a busca da individualização das ações incita a adequada Justiça”. “Nem sempre quem, obrigatoriamente, assenta-se à mesa, come da mesma iguaria”, completou.

Fonte e texto: Correio Braziliense

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