Reestruturação da UEG reacende embate entre Caiado e Marconi. Campus de Campos Belos e Posse foram rebaixados e agora pertencem a Formosa/GO
O projeto de
reestruturação da Universidade Estadual de Goiás (UEG) reacendeu a troca de
farpas entre o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o ex-governador Marconi
Perillo.
O anúncio
com as mudanças ocorreu na sexta-feira (17), em entrevista coletiva do reitor
interino Rafael Borges, do secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedi),
Adriano da Rocha Lima e do governador Ronaldo Caiado.
Em suas
justificativas para a mudança, o governo alegou que a UEG era “instrumento de
terrorismo político” e acusou seu crescimento desordenado para atender pedidos
políticos de lideranças do interior no período dos governos do PSDB.
No sábado, o
ex-governador Marconi Perillo emitiu uma nota em resposta às mudanças e às
críticas.
Ele disse
que a universidade “está entregue à própria sorte”, que a comunidade acadêmica
“foi abandonada”; afirmou que cursos “são encerrados sem prévio aviso” e também
criticou demissão de professores e servidores “de forma aleatória e sem
qualquer estudo sobre o impacto de seus desligamentos sobre a vida acadêmica
dos estudantes”.
A
reestruturação demitiu 1.469 servidores e professores temporários com contratos
irregulares, 47% da equipe.
Antes da
divulgação da nota, o governador Caiado participou de entrevista em Abadiânia,
às 9 horas, onde lançou o programa Balcão do Cidadão, em parceria com os
Correios.
A entrevista
foi apenas sobre o programa. A nota de Marconi foi divulgada no início da
tarde. No evento em Nova Crixás, depois do almoço, o governador mudou o tom.
Caiado
afirmou que está acostumado a “desmamar bezerrões”, em referência a programas
do antigo governo, como o de incentivos fiscais, que para ele, eram destinados
aos maiores municípios goianos em detrimento dos mais carentes e à implantação
de unidades do Vapt Vupt apenas nos maiores municípios.
Ele também
voltou a se referir à situação fiscal do Estado, que teria sido “assaltado”
pela corrupção por mais de 20 anos seguidos.
No domingo
(19) o secretário Rocha Lima deu a resposta mais dura. Em um longo texto, ele
respondeu diretamente à nota do ex-governador, mas não se limitou a falar
apenas sobre a UEG.
O secretário
afirmou que o que chama de “nova universidade” nasce “sem o pecado da
corrupção” que seria “um dos alicerces da gestão do ex-governador Marconi
Perillo”.
Ele também
tocou em um assunto que tem sido recorrente nas falas do governador Caiado, a
venda da Celg D para a Enel. Rocha Lima disse que Goiás sabe que grande marca
dos governos de Marconi “foi a dilapidação dos patrimônios goianos” e
completou: “Infelizmente não chegamos ao governo a tempo de salvar a Celg e
expor toda a falcatrua na empresa.
Resultado?
Marconi conseguiu deixar Goiás com umas das piores distribuidoras de energia
elétrica.
A população
se revolta a cada dia que falta energia e se recorda do ‘engenheiro’ dessa
venda: Marconi. Ele tentou fazer o mesmo com a Saneago, mas já encaminhamos um
caminho virtuoso para a empresa. E agora fazemos o mesmo com a nova UEG.”
O último
embate entre Caiado e Marconi ocorreu em agosto de 2019 e levou o ex-governador
a propor seis ações na justiça em São Paulo, onde reside desde que perdeu as
eleições em 2018, com pedidos de indenização por dados morais.
As ações
ocorreram depois de entrevistas de Caiado em Cidade Ocidental, em 18 de agosto,
chamando Marconi de “canalha” e “chefe de quadrilha” e em Catalão, em 20 de
agosto. A UEG é considerada por Marconi um dos legados de seu governo.
A
reestruturação
A reforma na
UEG reduziu o número de câmpus de 41 para 8 e transformou os demais em unidades
universitárias. Criou os Institutos Acadêmicos de Educação e Licenciaturas, de
Ciências da Saúde e Biológicas, de Ciências Tecnológicas, de Ciências Sociais
Aplicadas e de Ciências Agrárias e Sustentabilidade para coordenar os cursos.
Também mudou
a formação do Conselho Superior Universitário (CSU), reduzindo sua composição
de 72 para 42 membros.
Os oito
câmpus foram divididos por região da seguinte forma:
Norte, com
sede em Uruaçu, para os municípios de São Miguel, Porangatu, Minaçu, Crixás e
Niquelândia; Cora Coralina, na cidade de Goiás, para Itapurança, Jussara e
Itaberaí;
Leste, em
São Luís de Montes Belos, com para a coordenação de Palmeiras de Goiás, Iporá e
Sanclerlândia;
Sudoeste, em
Quirinópolis, para comandar as unidades de Santa Helena, Edéia, Jataí e
Mineiros; Sudeste em Morrinhos para a coordenação de Caldas Novas, Ipameri,
Pires do Rio e Itumbiara;
Metropolitana,
em Aparecida de Goiânia, com a gestão de Goiânia, Trindade, Inhumas e Senador
Canedo e Câmpus Nordeste, em Formosa, para a comandar as unidades de Posse e
Campos Belos.
O oitavo
câmpus ficará na sede principal da UEG, em Anápolis, com a responsabilidade
pelas unidades de Pirenópolis, Jaraguá, Goianésia, Ceres, Silvânia e Luziânia.
No município
ficam a reitoria, as três pró-reitorias e os cinco institutos acadêmicos.
O reitor
Rafael Borges informou que a eleição para seu substituto ocorrerá em novembro,
quando acredita que a atual gestão terá concluído o processo de reestruturação.
Em
entrevista à Sagres 730 nesta segunda-feira (20) o secretário Adriano Rocha
Lima disse que agora a UEG vai passar por uma fase de transição, com mudanças
na parte pedagógica e reestruturação de seu perfil.
Fonte: Sagres
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