Ronaldo Caiado deve acionar Bolsonaro e ministro de Minas e Energia para forçar que Enel venda distribuição
Executivos
do grupo Enel foram surpreendidos ontem com sugestão do governador de Goiás,
Ronaldo Caiado (DEM). Em reunião sobre a distribuição de energia no Estado,
realizada pela manhã no Palácio Pedro Ludovico, ele sugeriu que a multinacional
italiana venda a concessionária goiana para outra empresa privada. E ainda
afirmou que a portuguesa EDP, que atua em São Paulo e no Espírito Santo, teria
demonstrado interesse por assumir a antiga Celg, que foi privatizada no governo
de Marconi Perillo (PSDB).
A troca de
empresas é saída divulgada pelo governador para que o desempenho da
distribuição melhore. No entanto, é uma decisão que cabe à Enel, que já na
reunião manifestou que não tem interesse em vender o ativo. Mas o governo trata
a ideia como possibilidade viável para por fim ao embate que trava com a
distribuidora desde o início do mandato. Caso contrário, deve seguir com
pressão sobre a Enel Distribuição Goiás.
“É sempre a
mesma tese, de que estão investindo mais, que vão melhorar, que as coisas vão acontecer.
A população não confia mais naquilo que eles assinam e naquilo que eles dizem”,
afirmou em coletiva à imprensa ao citar piora dos indicadores de qualidade nos
meses de outubro e novembro, que é período chuvoso no Estado.
Sobre outra
empresa assumir a distribuidora, o governador defendeu que o processo é comum
no Brasil e para exemplificar citou que a própria Enel comprou a Eletropaulo em
2018. A italiana desembolsou R$ 5,5 bilhões pela concessionária paulista.
Segundo o secretário de Desenvolvimento e Inovação, Adriano Rocha Lima, a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) teria sinalizado que é um
movimento comum. A agência foi representada pelo diretor Rodrigo Limp na
reunião, em que estavam também o secretário e parlamentares.
EDP
O possível
interesse da EDP foi manifestado após aproximação do governo com representantes
do setor elétrico, de acordo com Adriano. “Eles já sabiam da notícia sobre o
desempenho da Enel, que não é novidade, e se manifestaram.” O interesse pelo
ativo foi tema de conversa, por telefone, entre o governador e o presidente da
empresa, que teria confirmado a intenção desde que a Enel se disponha a vender
e a Aneel não coloque obstáculos.
Procurada
pela reportagem, a EDP informou que “relativamente às notícias veiculadas sobre
a prestação de serviços de energia elétrica em Goiás, a companhia faz votos
para que esta se consolide”. Informou ainda que, no ano passado, investiu mais
de R$ 2,5 bilhões em distribuição e transmissão, que “constituem focos
prioritários de investimento no Brasil”.
“A Aneel já
se manifestou favorável. Agora é ver como vai ser. Talvez a Enel precise de
dias para processar o pedido de conciliação para dar posição oficial”, reforça
o secretário. Ele opina que a proposta vai evitar que continue o desgaste e
batalhas judiciais. Cita projeto de lei pela anulação da concessão que está na
Assembleia Legislativa, os trabalhos realizados pela Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) e multa aplicada pelo Procon Goiás. “É um caminho mais limpo”,
sugere sobre a venda.
Para tentar
viabilizar essa negociação sugerida, Caiado diz que terá audiência com o
ministro de Minas e Energia e irá até o presidente da República para “dar uma
celeridade para esse tipo de entendimento”.
Em reposta,
a Enel informou que “reafirma o seu compromisso com o Estado e com os clientes
goianos desde que assumiu a gestão da Celg em 2017, e continuará dedicando
todos os seus esforços para garantir a confiabilidade do serviço no Estado”.
Ressaltou ainda que investirá mais de R$ 1 bilhão na rede elétrica. E lembrou o
que afirmou no final de semana, que “encerrou o ano de 2019 cumprindo todas as
metas previstas no plano de ações e investimentos acordado em agosto com o
Ministério de Minas e Energia (MME), Aneel e o governo estadual”. E que os
resultados já alcançados atestam o comprometimento.
Fonte: O Popular
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