Em
Niquelândia, no Norte de Goiás, uma nova espécie de planta foi descoberta
durante a realização de um inventário da flora e da vegetação de uma reserva
particular. A planta, que ganhou o nome científico Erythroxylum niquelandense é
morfologicamente semelhante a outras do mesmo gênero que são popularmente
conhecidas como pimentinha-do-mato. Mais que uma nova descoberta, a planta
possui propriedades muito utilizadas em medicamentos para câncer e aids.
A espécie
estava localizada em duas áreas do Legado Verdes do Cerrado, uma área de 32 mil
hectares da Companhia Brasileira de Alumínio, que constitui uma Reserva
Particular de Desenvolvimento Sustentável (RPDS) e foi localizada pela primeira
vez em 2019. A pesquisa foi coordenada por Marcos José da Silva e Maria Iracema
Bezerra Loiola e publicada em janeiro de 2021 na revista científica Phytotaxa
Magnolia Press. A planta foi encontrada durante um inventário da flora e da vegetação
da reserva, com aproximadamente 80% da área composta por cerrado nativo.
Marcos José
da Silva, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Goiás (UFG) explica que o objetivo da pesquisa era listar todos os
tipos de vegetação existentes no local. Com isso, todas as espécies foram
coletadas e depois analisadas. “No total, o Brasil possui 133 espécies de
Erythroxylum e em todo o mundo são 230 conhecidas. A maioria é composta de
árvores, mas este é um arbusto.”
O pesquisador
afirma que sempre que um trabalho de catálogo é feito desta forma, encontram-se
novas espécies e pontua que o Cerrado goiano ainda pode ter muitas outras
novidades ainda não conhecidas. “Por seu aspecto, é um gênero fácil de ser
reconhecido. Tem folhas simples e frutos vermelhos. É um gênero de plantas
muito difundido nas Américas. A literatura, entretanto, ainda é muito pequena
para muitas espécies estudadas. Quando temos a definição de que é uma nova, ela
precisa ser batizada, publicada, para então passar a existir. Seguimos todas as
recomendações prévias. Ela é endêmica do Estado de Goiás e devem ser realizados
estudos químicos, sobretudo nas folhas, para descobrir em quais finalidades seu
uso poderá ser melhor aplicado”, acrescenta Marcos José da Silva.
Os
cientistas fizeram uma série de investigações em laboratório, com consulta à
literatura especializada, busca de informações sobre o grupo botânico ao qual a
planta pertence, além de análises em laboratório para precisar as
características vegetativas da nova espécie. Marcos José, da UFG, pontua que
ela está associada à floresta seca. “Essa descoberta mostra o quanto o Cerrado
como um todo ainda é pouco explorado”, diz.
Fonte: O Popular
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