Representatividade e sensibilização marcam lançamento da cartilha 'Saliência Comigo Não!' publicado pela promotora de Cavalcante-GO
O 18 de
Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes, foi celebrado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) neste ano
com uma live (transmissão ao vivo) sobre o tema e o lançamento da cartilha
Saliência Comigo Não!, realizado pelo canal no Youtube da instituição .
O ambiente
virtual teve mais de 800 visualizações e cerca de 160 participantes ao vivo,
com ampla interação, via chat, de membros da rede de proteção à criança e ao
adolescente de sete municípios da Região Nordeste que possuem comunidades
quilombolas.
Na abertura
do evento, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi,
destacou que é um tema de suma importância e gravidade, não somente para a
sociedade goiana, mas também brasileira. Ele ponderou que o ambiente de
discussão proporcionado pelo encontro virtual é propício para uma discussão
madura, que abrigue ideias e proposições sobre a forma de enfrentamento desse
grave problema.
Em sua fala,
a promotora de Justiça Úrsula Catarina Fernandes da Silva Pinto, da comarca de
Cavalcante e idealizadora da publicação, destacou que a ideia de elaboração da
cartilha surgiu da constatação de que os materiais educativos que abordavam a
temática não eram condizentes com a realidade da comunidade quilombola Kalunga.
“Queríamos um material com o qual as crianças pudessem se identificar, não
somente em relação ao tom da pele, mas também pelo linguajar e costumes, como o
banho de rio”, explicou.
Em especial,
ela agradeceu a ampla participação de professores, diretores de escola,
conselheiros tutelares, conselheiros de direitos e servidores dos Centros de
Referência de Assistência Social (Cras) e dos Centros de Referência
Especializado de Assistência Social (Creas) dos municípios de Cavalcante, Monte
Alegre, Teresina de Goiás, São João d’Aliança, Alto Paraíso, Campos Belos e Divinópolis.
“Não estamos aqui por acaso, ainda temos muito o que fazer em defesa das nossas
crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual”, afirmou. E acrescentou: “É o
trabalho conjunto que vai nos fazer alcançar uma sociedade menos injusta, com
menos impunidade, preconceito e racismo”.
A
subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Laura Maria
Ferreira Bueno, destacou a dedicação da promotora Úrsula em sua atuação, em
especial por vislumbrar a importância de um material que dialogasse verdadeiramente
com a comunidade local em suas especificidades. A cartilha foi elaborada com
apoio de integrantes do MP-GO da Área da Infância, Juventude e Educação do
Centro de Apoio Operacional, das Unidades Técnica-Pericial em Psicologia e
Pedagogia e da Assessoria de Comunicação Social.
Representatividade
A liderança
quilombola Lucilene Kalunga, que acompanhou a elaboração da cartilha, destacou
a importância da representatividade no material, dando como exemplo a
proximidade com a linguagem da comunidade, na qual, segundo ponderou, o termo
saliência é comumente usado. “Acredito que este material será uma referência
não somente em Goiás, mas em todo o Brasil, já que temos poucos materiais que
trabalham com o recorte étnico”, observou.
O psicólogo
Flávio Serafim Lima, que atua no Centro de Referência de Assistência Social
(Cras) de Cavalcante, o delegado do município, Lucas Sabbag, assim como o
procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO), Tiago
Ranieri de Oliveira, destacaram a importância deste instrumento educativo
elaborado pelo MP goiano. “Quanto mais próxima de quem se quer falar, melhor
será a comunicação”, observou o procurador Tiago Ranieri, que elogiou a
sensibilidade do MP-GO em destacar o lugar de fala da comunidade quilombola.
A
coordenadora da Área da Infância, Juventude e Educação do MP-GO, Cristiane
Marques de Souza, salientou que foi um trabalho desafiador, que envolveu
pesquisa, visitas e escuta à comunidade e estudos sobre o tema para alcançar o
objetivo do material educativo, que é a prevenção. “Para prevenir é preciso
conhecer e para conhecer é preciso ter interesse. Interesse que é alcançado
pela identificação, representatividade”, esclareceu.
A estudante
quilombola Safira Rodrigues encerrou a primeira parte do evento cantando uma
música de sua autoria, em celebração ao 18 de Maio.
Sensibilização
para o tema
A segunda
parte do evento foi direcionada à capacitação. As psicólogas do MP goiano Lícia
Nery Fonseca e Jaqueline Moreira Coelho abordaram a origem da data (18 de
maio), o conceito de abuso sexual, a questão da autoria, a necessidade do
acolhimento e escuta das crianças, o sofrimento psíquico provocado por esse
crime, além da importância dos suportes familiar e social no processo de
elaboração. “É preciso discutir e sensibilizar sobre certas datas. O maio laranja
é um mês todo dedicado ao enfrentamento da violência sexual contra crianças e
adolescentes”, recordou Jackeline Coelho.
Elas ainda
abordaram de forma mais detalhada alguns temas apresentados na cartilha. O
material, que será distribuído em formato impresso inicialmente aos alunos de
Cavalcante, também está disponível no site do MP e pode ser acessado neste Link.
Fonte: MPGO
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