Governo terá gasto milionário para desapropriar propriedades particulares dentro do Parque Estadual de Terra Ronca
O governo do
estado calcula que irá gastar ao menos R$ 20,1 milhões com desapropriação de 34
imóveis particulares na área do Parque Estadual de Terra Ronca, conhecido por
sua grande variedade de cavernas, localizado nos municípios de São Domingos e
Guarani de Goiás, no nordeste goiano.
A cifra
milionária atualizada é apenas uma parte do que deverá ser pago em indenização
a donos de 130 imóveis que serão desapropriados na área da unidade de
conservação do estado. A região do parque também chama atenção de turistas
pelas suas dezenas de cânions, cachoeiras e percursos aquáticos em boia cross.
A estimativa
de valores e quantidade de imóveis particulares a serem desapropriados é de
levantamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Semad).
Bloqueio
judicial
O valor é
bem acima dos R$ 6 milhões do Tesouro Estadual, bloqueados judicialmente, para
a execução e implementação do Plano Estratégico de Gestão do Parque Estadual
Terra Ronca, que tem 57 mil hectares e foi criado em 1989. Segundo o MPGO e
MPF, pouco mais da metade da área (57,2%) está regularizada.
Na última
quarta-feira (19/5), os dois órgãos cobraram da Semad a prestação de contas do
montante bloqueado. Apontaram, ainda, desrespeito da pasta à decisão judicial
que mandou implementar o plano do parque, conforme estabelece a Lei Federal
9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC).
O plano
estratégico inclui uma série de ações, como a desapropriação dos imóveis
particulares e a execução de plano de manejo, que, segundo sentença judicial
sobre ação movida pelo MPF, deveria ter sido implementado até janeiro do ano
passado. A decisão esgotou as chances de recurso um ano antes.
A titular da
Semad, Andrea Vulcanis, reagiu às cobranças do Ministério Público. “Existe uma
falta de necessidade dessas recomendações, porque absolutamente tudo que está
sendo falado já está em andamento”, disse ela, em entrevista ao Metrópoles.
A pasta, no
entanto, pretende concluir a avaliação e atualização do levantamento fundiário
somente em dezembro deste ano por apontar complexidade nas negociações com
donos dos imóveis particulares, apesar de a recomendação do MPGO e MPF sugerir
prazo menor.
Imbróglio
à frente
Mesmo com o
atraso nas ações para proteção do parque e o flagrante de descumprimento da
ordem judicial, o estado deve prolongar o impasse pelo menos até o ano que vem.
O plano de
manejo do parque, projetado no ano de 2003, foi aprovado por instrução
normativa da Semad somente este ano e sua revisão encontra-se em fase inicial
de elaboração.
A aprovação
ocorreu porque o estado precisa cumprir exigências para conseguir financiamento
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para concessão
da área a alguma empresa privada interessada na gestão da unidade ambiental.
Na fase de
revisão, de acordo com a Semad, será elaborado o plano de manejo do parque e da
Área de Proteção Ambiental da Serra Geral de Goiás (APA Serra Geral), unidade
vizinha, com recurso de compensação ambiental. A comunidade local também
reclama por não ser ouvida pelo governo.
Promessa
de conclusão
A conclusão
dos dois planos, de acordo com a Semad, está prevista para setembro de 2021 e o
valor total previsto é de R$ 440 mil. Segundo a pasta, o plano de trabalho será
encaminhado ao MPGO ainda esta semana.
Também
cobrado pelo Ministério Público, o plano de manejo espeleológico do parque,
referente às cavernas, já vem sendo realizado por empresa contratada via
compensação ambiental e será entregue em agosto, de acordo com a secretaria.
Além disso, a pasta diz que tem realizado audiências públicas para ouvir a
população.
A
recomendação à Semad é assinada pelos promotores de Justiça Daniela Haun de
Araújo Serafim, Frederico Ramos Machado e Rodrigo Carvalho Marambaia e pela
procuradora da República Nádia Simas Souza.
Riqueza
natural
O Parque
Estadual de Terra Ronca tem 57 mil hectares e foi criado em 1989, pelo então
governador Henrique Santillo, para preservar a flora, a fauna, os mananciais e
um conjunto de cavernas naturais subterrâneas. Centenas delas já foram
identificadas na região, mas apenas cinco estão abertas à visitação.
As cavernas
abertas ao público são Terra Ronca 1 e 2, Angélica, São Bernardo e São Mateus.
A São Vicente, que é acessada somente por um rapel de 40 metros e em cujo
interior o Rio São Vicente forma 12 cachoeiras, deve ser aberta, em breve. Não
há data definida.
Com
patrimônio natural esculpido há milhões de anos, o parque tem Plano Emergencial
de Visitação definido em portaria publicada em 2012. O público só pode acessar
a área com a companhia de guias credenciados.
A entrada da
caverna Terra Ronca 1, a mais visitada, possui 96 metros de altura e 120 metros
de largura.
Fonte: Metrópoles
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