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Preço da carne cai, mas diferença não chega ao consumidor em Goiás


A suspensão das exportações para a China, maior comprador da carne brasileira, provocou um aumento do estoque nos frigoríficos e uma queda de até 20% no preço da arroba do boi gordo no mercado. Os pecuaristas garantem que os novos valores praticados já começam a inviabilizar a produção por causa da forte alta nos custos. Por outro lado, o preço da carne caiu muito pouco nos açougues. Representantes da indústria e do comércio varejista garantem que a queda nos preços para o consumidor já começou, mesmo que de forma lenta, e que deve se acentuar nas próximas semanas.

De acordo com o Instituto para Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag), a cotação média da arroba em Goiás, que chegou a atingir quase R$ 305 no mês de agosto, na última semana caiu para R$ 252,94. “É uma situação muito preocupante para o produtor porque o custo de produção não para de subir, como os insumos para nutrição animal”, diz o presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu, Wagner Miranda. Segundo ele, o custo do confinamento já subiu mais de 50%, assim como o custo do investimento em máquinas e equipamentos para os pastos. “É uma conta que não fecha e inviabiliza a produção”, garante.

O problema começou após a suspensão das exportações de carne bovina para a China, após a ocorrência do chamado “mal da vaca louca” em dois frigoríficos brasileiros, no início de setembro, quando os frigoríficos interromperam a compra de animais. Para Wagner Miranda, o pior é que o preço da carne ainda não caiu para o consumidor.

Mas o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados do Estado (Sindicarne), Leandro Stival, afirma que os preços já começaram a cair na indústria para a venda no atacado. “Mas isso geralmente demora mais para chegar ao varejo, pois muita gente ainda trabalha com estoque de preço mais alto”, adverte. Porém, ele acredita que o movimento de baixa nos preços deve chegar logo ao consumidor, já que a carne à vácuo tem validade de 60 dias.

Leandro Stival prevê que o consumidor final seja beneficiado com uma queda de cerca de R$ 8 por quilo, em média, sobre o preço atual. Mas ele lembra que os valores são ditados pela oferta e demanda do mercado. “Já é possível encontrar contrafilé por R$ 30 em algumas promoções”, diz. A estimativa é que exista, atualmente, um estoque de 130 mil toneladas de carne parado nas indústrias e em containers nos portos. “Por isso, os frigoríficos reduziram a velocidade de abate e alguns até deram férias coletivas”, destaca o presidente do Sindicarne.

Como muitos produtores trabalham com a venda antecipada para os frigoríficos, as indústrias já têm muitos bois previstos na escala de abates até o fim do ano. Outro problema é que, em setembro, apostando numa resolução rápida para o impasse, exportadores brasileiros enviaram cargas de carne para a China, que chegaram agora e não estão sendo aceitas no País. Um produto que também não pode retornar para o mercado brasileiro porque tem prazo de validade. Para Leandro, a saída está numa melhor interlocução da diplomacia do Brasil com outros países, mas ainda não há sinais de uma solução.

No varejo

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado (Sindiaçougue), Sílvio Carlos Yassunaga, informa que a queda no preço chega de forma lenta. Mas, para ele, o melhor reflexo para o varejo foi a melhora na oferta do produto, o que deu maior poder de negociação. “Antes, ficávamos procurando o produto para comprar. Agora, os frigoríficos é que estão nos procurando”, destaca. Mas Sílvio diz que a queda no atacado ainda é pequena: de R$ 19 para R$ 18,60 por quilo. “Quando o preço estava subindo, não conseguimos repassar todos os aumentos que tivemos e, agora, também precisamos recompor um pouco nossas margens, que estavam muito defasadas”, justifica.

Ele alerta que o mercado está instável e os valores podem mudar a qualquer momento com a volta das exportações para a China. O presidente do Sindiaçougue garante que o objetivo é repassar toda redução possível para os preços, pois o setor acumula uma queda de 50% nas vendas e a Conab estima que houve uma redução de 64% no consumo de carne vermelha.

A empresária Simone Cardoso, da Casa de Carnes Dois Irmãos, afirma que ainda não percebeu esta queda dos preços junto a seu fornecedor. “Nossas vendas já caíram 50% desde o início desta escalada dos preços, pois nem todo mundo tem R$ 40 ou R$ 50 para pagar por um quilo de carne”, alerta a comerciante. Ela conta que quem comprava dois quilos de carne, hoje leva um quilo. Quem comprava um quilo, hoje só leva 500 gramas, e assim vai. “Reduzimos muito nossa margem para continuar vendendo e funcionando, mas está cada dia mais difícil trabalhar e muita gente já está deixando a atividade por causa dos custos altos”, informa.

Fonte: O Popular

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