Por Dinomar
Miranda,
A cidade de
São Domingos, no nordeste de Goiás, vive uma crise política sem precedentes.
Dois
prefeitos cassados em menos de três anos. Denúncia de corrupção, malversação da
coisa pública, compra de votos, má gestão do erário e o que é pior, a população
sofre com os piores índices de desenvolvimento humanos do país, comparados a
países africanos.
Porque o
município amarga tantas notícias ruins e números tão desastrosos?
Obviamente,
as causas são inúmeras: estar situado na região mais pobre de Goiás, o Nordeste
Goiano; falta de atenção e investimento do governo estadual, principalmente nas
aéreas de educação e infraestrutura, como falta de estradas e boas escolas.
Todavia,
como especialista em comunicação, reputo como uma das principais causas da
nefasta situação do município a falta de informação, de comunicação, de
conhecimento.
Informação e
conhecimento é essencial a qualquer sociedade, em qualquer comunidade.
A sociedade
que não se conhece, não tem poder. Ao menos pode escolher seu destino, o
destino de seu povo.
E isso se
faz com comunicação, com informação, com conhecimento.
Quantos dos
nossos municípios não vivem a mesma situação de São Domingos, à mercê de um
coronelismo infindável, onde poucas pessoas ou poucas famílias tradicionais dão
as cartas e controlam o poder público local como se fosse patrimônio particular
ou o quintal da própria casa?
E como mudar
essa lógica de poder, de domínio, que beneficia uma minoria abastada, em
detrimento do sofrimento da grande maioria dos que formam a sociedade?
Para
argumentar, tomo como grande exemplo o julgamento do mensalão, no Supremo
Tribunal Federal (STF).
Ele, desde o
inicio, foi transmitido na íntegra pela TV Justiça, para todas as emissoras do
país e milhares de blogs e portais, para milhões de brasileiros, que
acompanharam voto a voto o desenrolar da lide.
Pergunto: se
a Ação Penal 470 não tivesse sido transmitida via televisão, o resultado teria
sido outro?
Respondo:
claro que sim.
Uma coisa é
um julgamento dentro de um gabinete, cercado por quatro paredes, sem pressões
sociais.
Outra coisa
é um julgamento sob os olhos de milhões de cidadãos vigilantes; mentes opinando
e repercutindo nas redes sociais partes
do processo, o escândalo em suas vísceras.
Duvido que
políticos como Jose Dirceu, o ex-todo poderoso ministro da Casa Civil; Jose Genuíno, ex-ministro da defesa; e João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos
Deputados, fossem condenados sem a transmissão da TV Justiça.
Porque falo
isso?
Porque
informação e conhecimento é poder.
Quando a
sociedade é bem informada, é bem instruída ou pelo menos tem as informações
para seu livre pensar, seu livre arbítrio, suas decisões são outras.
É aí que
reside o papel dos meios de informação, da internet, dos jornalistas, da
imprensa.
Por isso é
que digo que São Domingos precisa é de mais informação, de mais conhecimento de
si mesmo.
Quando a
população, quando a comunidade é informada, suas ações são diversamente outras.
Suas
escolhas são mais ponderadas, seu poder aumenta vertiginosamente, enquanto cai
por terra o poder dos coronéis.
Continuo a
pensar que só informação e só conhecimento é capaz de fazer a comunidade de São
Domingos pensar.
Obviamente,
a imprensa não atua sozinha.
Sem a
presença de um Estado forte, de instituições atuantes como o Ministério
Público, que tem feito muito bem o seu papel, a Justiça em suas diversas
matizes, a Polícia Federal, as polícias civis e militares, a imprensa seria
incapaz até mesmo de escrever uma linha sequer contra as injustiças.
Isso é fato.
O que seria
do Petrolão sem uma PF forte e um Ministério Público Federal atuante e
independente?
Claro que
não haveria investigação e a corrupção estaria ainda debaixo dos panos, dos
tapetes, como sempre esteve nos últimos 400 anos.
Mas de
qualquer forma, o papel da imprensa é
fundamental.
Informação e
conhecimento é um remédio eficaz e eficiente, já provado inúmeras vezes na
história da humanidade.
Fonte: Blog Dinomar Miranda
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