Pular para o conteúdo principal

Jovem de Campos Belos-GO que conseguiu bolsa em uma das universidades mais inovadoras dos Estados Unidos, precisa de recursos para ajudar nas despesas


Em dezembro do ano passado, após receber a confirmação de que tinha sido selecionado para estudar na Universidade Minerva, nos Estados Unidos, Carlos Eduardo Alves de Moura, de 18 anos, tornou-se uma celebridade instantânea. Amigos postaram fotos com ele em redes sociais e jornalistas o entrevistaram.

Nascido e criado em Campos Belos, município do carente Nordeste goiano, o jovem chama a atenção por quebrar barreiras. Filho de uma auxiliar de serviços gerais desempregada e de um operador de máquinas pesadas, ele não se intimida diante do desconhecido. A vontade de ultrapassar os limites do mundo que domina é enorme.

Cadu, como amigos o chamam, conhece os percalços impostos a quem tem origem em classes menos desprovidas. Estudou em escolas públicas, a última delas o Instituto Federal Goiano (IF Goiano), em sua cidade. E foi ali, cursando Informática para Internet integrada ao ensino médio, que descobriu as possibilidades de alcançar outros horizontes. Em 2019, com o apoio de docentes do IF Goiano, Cadu buscou o programa Oportunidades Acadêmicas, da rede EducationUSA para participar de processos seletivos em centros de ensino superior nos EUA.

O EducationUSA é um programa vinculado ao Departamento de Estado dos EUA direcionado a estudantes qualificados, mas sem condições financeiras. “Fui pesquisando, buscando aquelas que ofereciam até 100% de bolsa”, conta. Concorrendo com 3.210 brasileiros, ficou entre os 20 melhores. O resultado final sai em abril. No final do ano passado se inscreveu na seleção da Universidade Minerva e, não só foi aprovado, como também conseguiu quase 100% da bolsa para estudar na instituição.

Carlos Eduardo já domina o Inglês. A paixão pelo idioma foi despertada no 8º ano do ensino fundamental quando acadêmicos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) estiveram na escola em que estudava para desenvolver um projeto alusivo à língua. “Fiquei fascinado. Parecia um código que não conseguia decifrar.” O dinheiro da bolsa que conseguiu ao entrar no IF Goiano reverteu para o estudo do inglês numa escola privada de Campos Belos, além de pesquisas na internet. Em 2020, foi convidado a dar aulas para ajudar nas despesas.

Agora, passada a surpresa e a empolgação chegou a hora de colocar o pé no chão para, efetivamente concretizar o sonho. “Inicialmente muita gente quis navegar na conquista dele, mas na hora de mexer o doce são poucos os que se oferecem”, afirma o diretor do câmpus do IF Goiano em Campos Belos, Fabiano Martins. A bolsa de Cadu é de US$ 31 mil dos quase US$ 33 mil que custa o curso na Minerva. O recurso é oferecido pela instituição para os quatro anos da graduação, incluindo a passagem aérea até os EUA, estadia e alimentação. Mas, como o curso é multicultural, que se estende a outros países, as demais passagens não estão inclusas, assim como o seguro de saúde exigido.

O estudante estima que ainda precisa de R$ 97 mil para estudar na Minerva. O cálculo foi baseado na cotação média do dólar na atualidade e vai custear a emissão do passaporte, o visto para entrar no país, as passagens aéreas, o seguro de saúde e os 4% restantes referentes à anuidade da instituição.

A comunidade universitária, capitaneada por um servidor que é presidente do Rotary Clube local, Francisco Torcate, está mobilizada. Uma campanha foi lançada junto aos rotarianos de Campos Belos, uma conta está aberta na plataforma virtual vakinha.com.br com o ID 1682613 e no início do mês outras ações foram debatidas para levantar recursos destinados a Cadu. “A ideia é criar ações mensais até maio para que o processo não caia em esquecimento”, diz Fabiano Martins.

Mãe diz que até perdeu o sono

“Quando recebi a notícia, chorei muito. Ainda não estou acreditando”, revela Cadu ao POPULAR. Ele atribui aos pais as conquistas porque sempre incentivaram o estudo dos filhos. O jovem é o segundo de uma prole de três de Francisca Alves de Oliveira. A irmã Thayliny, de 20, já está em Goiânia cursando Engenharia de Software na Universidade Federal de Goiás. O caçula, Davi, de 6, é filho do padrasto de Cadu, um motorista de caminhão que também sabe o valor da educação e ajuda a custear o sonho do enteado.

“No início fiquei assustada e não dormi direito alguns dias”, diz a mãe, que nasceu na roça e não teve oportunidade de estudar. “Eu sempre quis que meus filhos não ficassem como eu. Sei que ele vai para lugares diferentes e quando eu sentir saudade não estará perto, mas ver o sonho dele sendo realizado e ele feliz também me deixa feliz”, comenta Francisca. “Eu só peço a Deus que tudo dê certo.” Até hoje o lugar mais distante que o jovem visitou foi a capital de São Paulo.

Enquanto aguardava o resultado das aplicações nas universidades americanas, Cadu não estudou, embora tenha feito 960 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Como pretendia estudar fora do país, não poderia estar matriculado em nenhuma instituição de ensino superior no Brasil. Ainda falta saber o resultado final da seleção nas universidades Cornell, Colgate e Rochester, em Nova York; Gettysburg e Swarthmore Colleges, na Pensilvânia; Universidade de Richmond, na Virgínia, e Universidade Denison, em Ohio. Mas ele está convicto: “Quero mesmo é a Minerva.”

Universidade inovadora

A Minerva School chama a atenção de estudantes em todo o mundo pela proposta inovadora. Sua concepção prevê a formação de novos líderes por meio do investimento na comunicação, na análise crítica, no desempenho criativo e na imersão em experiências interculturais. Sua base é São Francisco, na Califórnia, ao lado do epicentro tecnológico mundial, o Vale do Silício. A primeira turma de 32 alunos, de 13 países, foi admitida em 2014 e se formou em 2019.

O projeto, uma iniciativa de 2011 do empreendedor Ben Nelson, recebeu um aporte de investimento de US$ 25 milhões do Benchmark Capital. Com ele estava Stephen Kosslyn, ex-diretor do Centro de Estudos Avançados em Ciências Comportamentais da Universidade de Stanford e com uma experiência de 30 anos na Universidade de Harvard, onde foi reitor de Ciências Sociais. Outros nomes de peso se uniram à ideia, como Larry Summers, ex-presidente da Universidade de Harvard; Patrick Harker, presidente da Universidade de Delaware; Bob Kerrey, ex-governador de Nebraska e senador; e Lee Shulman, professor emérito na Escola de Educação de Stanford.

O custo anual para o aluno fica em torno de US$ 30 mil, bem abaixo do que é cobrado numa universidade tradicional O estudante fica apenas um ano em São Francisco, depois se muda, a cada semestre, para um país diferente: Coreia do Sul, Índia, Alemanha, Argentina, Inglaterra e Taiwan.

Cerca de 80% dos alunos da Minerva são estrangeiros. A Ásia conta com aproximadamente 29% do total. Já a América Latina responde por 10%. No primeiro ano os universitários recebem aulas em quatro cursos básicos: análise teórica, análise empírica, sistemas complexos de análises e comunicação. Depois, até a graduação, o conteúdo é complementado com a imersão internacional.

A disputa por vagas é acirrada. Entre 2018 e 2020 o número de interessados passou de 24 mil, mas a taxa de admissão é de em torno de 1,8%.

Fonte e texto: O Popular

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

De São Domingos-GO: Um ano após enterrar a mãe sozinho, Zé Ricardo morre com 80% do corpo queimado

O homem que viralizou na internet após velar e enterrar a mãe sozinho, no ano passado, morreu neste domingo (12), no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, após ter 80% do corpo queimado. José Ricardo Fernandes Ribeiro, conhecido como Zé Ricardo, natural de São Domingos, no nordeste goiano, teria sido atacado na quitinete em que morava, no Conjunto Estrela do Sul, na última sexta-feira (10). Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Segundo o dono da quitinete em que José Ricardo morava, os vizinhos perceberam que havia fogo no local e acionaram o socorro. A vítima foi resgatada por equipes do Samu e Bombeiros, e transportada para o hospital de helicóptero. A autoria e a motivação do crime ainda são desconhecidas. José Ricardo vivia sozinho e seu único familiar é um filho de 19 anos que mora na cidade de São Domingos, e com o qual não mantinha contato, conforme infor

Preso trio suspeito de latrocínio em mambaí/GO. Os três são acusados de matar o professor Fabio Santos e o taxista Raimundo Francisco

Professor Fabio Santos  Trio de suspeitos O professor Fábio Santos que estava desaparecido desde o último sábado (05), foi encontrado morto na manhã desta terça-feira (08), em Mambaí, no nordeste goiano. Ainda havia esperanças de que o professor pudesse estar vivo, mas as esperanças acabaram nesta manhã. O corpo do professor estava enterrado no setor Novo Mambaí. De acordo com as informações, o professor Fabio Santos foi vitima de latrocínio. O trio de suspeitos de participar do crime, foram presos por volta das 05h00 desta terça-feira em Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano. João Pereira, de 19 anos, e os menores D.S. N.L e G.J., são os principais suspeitos também de ter torturado e matado o taxista Raimundo Francisco Dourado, de 53 anos, a pedradas, pauladas, ainda passaram o carro que eles estavam por cima da vítima, além de roubar vários pertences do mesmo e o carro, eles também são acusados de matar e enterrar no quintal da residência do mesmo, o prof

Morador de Campos Belos-GO morre em acidente com moto na GO-118

Um morador de Campos Belos, nordeste do estado, morreu ao cair de uma motocicleta, quando voltava de Brasília, na última sexta-feira (8). Ele trafegava pela rodovia GO-118, próximo à cidade de São João da Aliança, no nordeste do estado, quando caiu do veículo. Ronisson de Sousa Celestino tinha 28 anos e somente foi achado no sábado, por um homem que viu o corpo e a moto caídos nas margens da rodovia. De acordo com uma amiga da vítima, ele morava em Campos Belos, mas estava sempre no assentamento Marcos Lins, onde trabalhava com seu pai. Não se sabe ao certo o que ocorreu para ele ter perdido controle do veículo, de forma fatal. Só a perícia da Polícia Civil poderá desvendar a dinâmica do acidente e a morte dele.